Encomendas é basicamente o que move a criação de aeronaves comerciais e também as empresas responsáveis pela construção delas. E a China fez uma grande proposta para a Boeing, a fabricante norte-americana receberá encomendas das companhias aéreas chinesas caso abra uma fábrica de montagem final por lá.
O centro de montagem final da Boeing na China está rodeado por vários por vários aspectos, inclusive com uma posição contrária do Presidente Donald Trump. Mas caso a Boeing decida que essas encomendas valem o esforço de criar um novo centro de montagem, a empresa se associaria com a Comac para montar um centro de fabricação na China.
Confuso, não?
Atualmente a Airbus tem um centro de montagem final na China, onde tem parceria com a Aviation Industry Corporation (AVIC) e fica na Zona Industrial de Tianjin (de onde vem o nome Airbus Tianjin). Curiosamente a China exige que empresas estrangeiras se associem com empresas nacionais, as quais são administradas pelo governo chinês. Quando a Embraer tinha produção na China a parceria também era com a AVIC.
A Airbus planeja iniciar em breve a montagem final do A330 em Tianjin, enquanto isso produz o A320 desde 2009 na mesma planta de fabricação chinesa.
Coincidência ou não, a Comac, uma fabricante chinesa de aeronaves, está em fase de testes com a aeronave C919, que é concorrente do A320neo e do 737 MAX. O C919 tem em sua maioria encomendas de companhias aéreas da China, e todas elas somam mais de 566 aeronaves encomendadas, entre compras fixas e opções.
O centro de montagem final da Boeing seria em Zhejiang e produziria o Boeing 737 para as companhias aéreas da China, inicialmente.
A Boeing não tem dúvidas que um centro de montagem final na China seja capaz de aumentar a influência no governo chinês sobre as novas encomendas das companhias aéreas. No total várias companhias esperam encomendar ou receber aeronaves da Boeing nos próximos anos, e essas novas encomenda, no país mais populoso do mundo, pode fornecer um reforço para a carteira de pedidos da Boeing.
Uma das companhias que espera encomendar aeronaves da Boeing é a Loong Air, que está interessada no 737 MAX. A Boeing também pode estar oferecendo o 787-9 para a Loong Air, para fazer frente ao A330-900neo.
Um porta-voz da Boeing se recusou a comentar se as ordens de Loong estavam em negociação. A Loong, pouco conhecida fora da China, pode se tornar a quinta maior companhia aérea do país em três anos, disse uma das fontes ouvidas pela Aviation Week. Ela pode ultrapassar até mesmo a Shenzhen Airlines, que atualmente tem 173 aeronaves. A Loong tem apenas 19.
A Loong Air está localizada na mesma província em que a Boeing planeja montar um Centro de Fabricação, e esse fator pode também aumentar o apoio econômico da província para a Boeing se instalar na Zona Industrial. Enquanto isso a Loong espera fazer um grande centro de manutenção de aeronaves próximo da Boeing, capaz até mesmo de atender outras companhias que usam aeronaves da Boeing.
Enquanto isso a Loong usa aeronaves da Airbus e poderia até mesmo comprar uma boa quantia de aeronaves A330 usadas para impulsionar seu crescimento. Caso a companhia encomende o Dreamliner, essas aeronaves A330 usadas seriam substituídas pelos 787-9.
Mas os acordos da Boeing vão além da Loong Air, em janeiro uma companhia aérea de Hangzhou demonstrou interesse em alugar 20 aeronaves da família A320 e ou 737. No início de março uma empresa de Leasing da China encomendou 30 aviões 737 MAX 8. No final de 2015 a China Southern encomendou 80 aeronaves Boeing 737 NG/MAX.
O mercado chinês é de grande importância para a Boeing, no início de 2017 ela estimou que a mercado asiático teria mais de 15 mil novas aeronaves em 20 anos, só a China precisaria de 111 mil novos pilotos e 119 mil novos técnicos em manutenção para manter a frota do país. Caso a Boeing venda todas essas 15 mil aeronaves em 20 anos ela arrecadaria US$ 2,35 trilhões.
A concorrência com a Airbus, que já tem um centro de montagem na China e, portanto, agrada ao governo chinês, é um grande risco para a Boeing. As manobras necessárias foram descritas e estão sendo implementadas pela Boeing aos poucos, no mesmo passo que a empresa norte-americana tenta ganhar mais confiança no mercado asiático e lidar com a negativa de Donald Trump sobre a Boeing criar uma fábrica na China.
Via – Aviation Week
Texto – Aeroflap
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