Acidente com Boeing 737 MAX da Lion Air completa um ano

O acidente com o Boeing 737 MAX da Lion Air, de matrícula PK-LQP, que foi um marco em questão de segurança no setor de aviação, completa um ano nesta terça-feira (29/10).

O ocorrido com o voo JT-610 deixou todos os 189 passageiros e tripulantes mortos, e ligou um alerta para o perigosíssimo erro no sistema MCAS do 737 MAX, que futuramente, com outro acidente, resultou na paralisação dos voos com 370 aeronaves deste modelo.

Durante os últimos minutos do voo, a aeronave solicitou ao controle de tráfego aéreo um retorno para Jakarta, declarando problemas a bordo. A companhia informou que o avião teve um problema técnico, inclusive no voo anterior, quando estava oferecendo dados de altitude e velocidade não confiáveis, dessa forma o pouso foi realizado pelo comandante da aeronave para maior segurança.

A Lion Air informou em comunicado, na época, que o piloto e o co-piloto eram experientes, com mais de 11 mil horas de voo entre eles.

Foto – Divulgação

Além do erro do MCAS, a Lion Air conduziu a instalação de um sensor de ângulo de ataque que não passou por testes, o mesmo informou dados errados ao computador do MCAS, e o software que “rodava” no computador agiu de forma errônea.

O sensor informado é uma peça crítica para evitar o início das condições de estol, ou que os pilotos coloquem o avião em um “mergulho” rápido. Lembramos que uma aeronave pode perder a sua sustentação de diversas formas, como a baixa velocidade, alta velocidade e também por ângulo de ataque ou inclinação lateral.

A situação de mergulho rápido pode acontecer se o sensor começar a informar um ângulo de ataque errado, levando a uma reação do sistema de compensação automática de altitude, conhecido também como “Trim Elevator”. Uma diretriz também será emitida para os pilotos, recomendando desacoplar o “Trim” se qualquer tipo de erro for notado a bordo.

O MCAS foi projetado para confiar em um único sensor AOA, tornando-o vulnerável à entradas incorretas desse sensor. De acordo com o relatório, isso foi agravado pela falta de testes e calibragem do novo sensor que foi instalado, algo que também levou à incidentes com o MCAS em outros voos com a mesma aeronave antes do acidente.

 

Mais detalhes

O gráfico abaixo mostra como a tripulação ficou dando comandos através do manche durante 11 minutos, tentando corrigir o comportamento do autocompensador do trim, um componente que é responsável normalmente por manter um voo nivelado, ou níveis de subida e descida constantes.

O relatório ainda apontou que uma falha no sensor do ângulo de ataque localizado no profundor esquerdo, o componente registrou um ângulo de ataque 20º maior do que o mesmo modelo de sensor instalado no lado direito, isso fez com que o autocompensador do trim comandasse o nariz da aeronave para baixo durante 10 segundos (o padrão do sistema), ao detectar um ângulo de ataque superior ao normal. Minutos antes do acidente isso foi suficiente para o computador inclinar o nariz do avião rumo ao solo, perdendo altitude e colidindo no mar com velocidade.

Em termos de manutenção, a aeronave realizou durante o pernoite uma limpeza nos tubo de pitot do lado esquerdo, para tentar solucionar um problema relatado pelo comandante do voo anterior de falha na indicação de velocidade e altitude. Além disso a equipe de manutenção realizou uma limpeza dos conectores elétricos do computador do ‘elevator’, na finalidade de corrigir um suposto mal contato que fazia o avião ter reações anormais.

Os mecânicos testaram os componentes para identificar algum resquício de falha, mas o resultado do reparo em solo foi positivo.

A gravação de voz do controle de tráfego aéreo indica que um dos pilotos do voo estava tentando obter dados de velocidade e altitude, minutos depois ele solicitou que o controle de tráfego aéreo avisasse os pilotos caso a aeronave estivesse abaixo de 3000 pés.

 

Retorno do Boeing 737 MAX

O acidente da Lion Air não resultou em uma paralisação imediata das aeronaves 737 MAX, porém, o fato acelerou um trabalho da Boeing para atualizar o software de voo. Um outro acidente, que ocorreu 5 meses depois com uma aeronave da Ethiopian Airlines, também do modelo 737 MAX, causou uma paralisação geral das aeronaves 737 MAX em operação, e congelou as entregas da Boeing desde então.

Foto – American Airlines/Handout via REUTERS

Sem os aviões na frota, diversas companhias procuraram soluções, ou chegaram até mesmo a cancelar voos, pela falta de aviões na frota.

A American Airlines, United e Southwest já acumulam um prejuízo de US$ 1 bilhão relativo ao Boeing 737 MAX, devido aos meses que a aeronave ficou impossibilitada de sair do solo.

Ainda não há uma data firme para o retorno do 737 MAX aos voos comerciais, a Boeing espera colocar a aeronave em serviço até o fim de 2019, mas a FAA que certifica o software não declara uma data de retorno ou aprovação do software de voo.

 

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