A Airbus está em um sério caso de corrupção que pode afetar seriamente o futuro da empresa na Europa, levando até mesmo a intervenção das autoridades britânicas e francesas.
O caso de investigação de corrupção da Airbus começou com a compra de caças Eurofighter pela Áustria, em fevereiro desse ano o Governo Austríaco iniciou processos legais contra a Airbus Defende & Space por supostas fraudes relacionadas à aquisição dos Typhoons, o valor da aquisição dos Eurofighters foi de cerca de € 2 bilhões (US$ 2,28 bilhões), quando o governo austríaco fechou o contrato dos Eurofighters em 2003.
O Ministério da Defesa da Áustria alegou que os custos dos caças não foram totalmente esclarecidos, e não se sabe até onde os custos com o “caro” caça europeu irá chegar. O Ministério da Defesa ainda levanta outros números que mostram ainda que manter os Typhoons por mais 30 anos iria gerar um custo estimado em cerca de € 4,4 bilhões e € 5,1 bilhões (US$ 5 bilhões a US$ 5,8 bilhões).
Para a Procuradoria de Viena, a EADS (que hoje é a Airbus Group) pagou subornos para favorecer a escolha do caça Eurofighter na competição. A Justiça da Áustria chegou a pedir a prisão do diretor executivo da Airbus, Tom Enders.
Recentemente o Governo Austríaco declarou que vai processar a Airbus, e espera ser ressarcido em um valor total de 1,1 bilhões de Euros.
Com essas acusações a Alemanha também começou investigações para aferir possíveis irregularidades sobre as negociações passadas com a Airbus Defence and Space.
O jornal Mediapart, da França, informou também que a Airbus está sendo investigada pelo pagamento de mais de 100 subornos, sem citar um número direto de contratos firmados, visto que as investigações ainda estão ocorrendo.
De acordo com o veículo citado, a Airbus tinha um fundo de reserva financeira não declarado pela EADS (antigo nome do Airbus Group) somente para o pagamento de subornos, estes eram aplicados tanto em contratos do setor de Aeronaves Civis como no setor de Defesa, que negociava diretamente com vários governos.
Na Alemanha a Airbus está em suspeita de ter três empresas no nome de laranjas. Em Londres uma empresa com nome de Vector Aerospace, com somente três funcionários e um valor de US$ 114 milhões na conta.
Os investigadores descobriram o possível pagamento de mais de 100 subornos. “A dimensão do caso ainda não é clara, mas é de certeza vasta”, lê-se no artigo. Determinar tudo o que terá acontecido e o que está nos negócios enlameados será um processo difícil.
O suborno era negociado também através de uma operação chamada de “offset”, que abrange compensações industriais para o país que fechasse negócio com a EADS. Mas tal dinheiro não era aplicado diretamente na indústria do país, e se tratava apenas de uma manobra de contrato para o pagamento de subornos a quem escolhesse os aviões da Airbus, e aos envolvidos.
A Airbus chegou até mesmo a contratar um escritório de advocacia nos EUA, o Clifford Chance, com finalidade de colocar 60 advogados para fazer uma auditoria de contratos na sede da empresa em Paris. O ex-diretor diz que esse é um movimento burro que permitirá os EUA ver os dados financeiros de uma gigante Europeia, e até mesmo o custo de produção dos aviões.
A França e Reino Unido também estão investigando os contratos da Airbus, para verificar se houve “comissões ocultas” para compras de aviões comerciais e militares, bem como no setor espacial da empresa.
Carta do Presidente
O presidente-executivo da Airbus, Tom Enders, advertiu toda a sua equipe sobre “turbulentos e confusos” em meio às investigações anticorrupção da França e do Reino Unido, e pediu que apoiassem a diretoria do grupo aeroespacial e o conselho.
Em carta a 130 mil funcionários nesta sexta-feira, Enders defendeu a decisão de reportar anomalias ao Reino Unido, que gerou investigações, e disse que ele e o conselheiro geral John Harrison têm o apoio do conselho para levar o processo adiante.
As investigações podem levar a “multas significativas” contra o grupo, disse ele, segundo texto da carta obtida pela Reuters.
As ações da Airbus chegaram a desvalorizar 3%, retirando 2,2 bilhões de dólares ao valor de mercado da empresa, um movimento que os analistas atribuem às declarações do CEO da empresa europeia.
Implicações para o futuro
Além de ser afetada com multas que podem custar bilhões de euros, a Airbus ainda pode sofrer sanções na participação de concorrência direta com outros aviões militares, retirando a possibilidade da empresa de vender aeronaves nesse setor, bem como tirando milhões de euros de seu caixa.
O setor de defesa é importante para a Airbus, em 2016 a receita total dessa divisão foi de US$ 13 bilhões, sendo que ao todo a Airbus faturou US$ 78,6 bilhões.
A Airbus também pode “respingar” esse seu problema no governo alemão, que detém 11,1% da empresa, e o francês, que também tem participação de 11,1%.
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