ANAC rebate criticas e diz que foi pega de surpresa com paralisação das operações da Itapemirim

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Foto: Gabriel Benevides/Aeroflap

A ‘novela’ sobre a suspensão de voos da Itapemirim ganha novos capítulos, dessa vez a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) resolveu falar em entrevista sobre toda a situação que envolve a companhia aérea.

Na última semana, a Itapemirim suspendeu todas as suas operações deixando mais de 133 mil passageiros foram e serão afetados com a paralisação que se iniciou dia 17 de dezembro. A companhia realizou uma estimativa desde o dia da suspensão até o dia 17 de fevereiro, quando segundo a mesma, pretende retomar suas operações.

Diante do cenário inesperado, a ANAC foi surpreendida com a ação da Itapemirim de suspender todas as suas operações, tendo inclusive iniciado o dia com suas operações normais. Em meio as festas de fim de ano, milhares de passageiros esperam pela reacomodação e reembolso integral das passagens.

Um cenário de caos e desespero tomou conta dos Aeroportos no país, onde milhares de passageiros precisaram até passar noites nos terminais sem ter recebido acomodação em hotéis por parte da empresa. O presidente da ANAC, Juliano Noman concedeu uma entrevista ao Estadão e rebateu todas as criticas direcionadas ao órgão.

“Nós fomos pegos de surpresa. Não esperávamos que a companhia fosse parar”. Disse o Presidente. 

Juliano disse que a agência estava acompanhando diariamente todas as operações da ITA, assim como todas as outras empresas aéreas que operam no Brasil. Segundo o executivo, a empresa estava melhorando a ocupação de suas aeronaves que nos primeiros meses não apresentou bons números. 

A agência não exige que as companhias aéreas apresentem dados financeiros para buscar e receber a Outorga de Concessão e o Certificado de Operador Aéreo (COA). Porém, para empresas que possuem mais de 1% de participação no mercado doméstico de aviação, é necessário apresentar balanço trimestral das finanças. 

Segundo dados da ANAC, em outubro a companhia obteve 57,9% de ocupação com 98.056 passageiros transportados. Em novembro, a ocupação subiu para 74,1% com 100.049 passageiros transportados. Esse número também foi possível devido ao lançamento de rotas para destinos no Nordeste. 

Juliano disse ainda que a ITA enviou uma notificação ao final da tarde de sexta-feira (17) que não teria condições de realizar seus voos após às 18 horas pois não havia funcionários da empresa terceirizada para realizar os atendimentos. Os funcionários da Orbital foram orientados a ir para casa devido a falta de pagamentos por parte da Itapemirim à empresa.

“A autorização é um processo vinculado. O que isso quer dizer? Todo mundo tem de passar pelas mesmas etapas de comprovação de capacidade operacional, técnica e de segurança, entre outras coisas, dentro de regras de padrão internacional. Aí se consegue o certificado. Do contrário, não tem investimento. Ninguém vai trazer avião, treinar piloto, contratar comissário, montar site, implementar sistemas de manutenção se, na hora de receber o certificado, chegar alguém e disser ‘peraí, essa empresa não merece, essa sim, essa talvez”. Disse Juliano em entrevista ao Estadão.

Diante das críticas direcionadas à ANAC, Juliano rebateu as criticas e detalhou todo o processo feito para que a Itapemirim recebesse o ‘sinal verde’ para iniciar suas vendas e consequentemente suas operações. 

“A empresa que veio aqui na ANAC pedir o certificado é de transporte aéreo. É um CNPJ diferente da empresa rodoviária, que está em recuperação judicial. Antes de conceder a outorga, encaminhamos ofício ao juiz e ao administrador do processo de recuperação judicial, e também ao Ministério Público. A resposta que recebemos do Ministério Público foi de que a ITA não estava inclusa na recuperação judicial. O juiz e o administrador não responderam.”

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Perguntado sobre a possibilidade de retorno da empresa, o presidente da agência reforçou que a Itapemirim pode conseguir seu retorno mas não depende apenas de si para voltar a voar. Mesmo com ajustes em sua operação, a empresa precisa ser recertificada para operar no Brasil e principalmente comprovar à ANAC que tem condições de manter níveis adequados de segurança aliados a sua capacidade operacional. 

Os planos iniciais da Itapemirim visavam encerrar o ano com mais de 10 aeronaves, entretanto suspendeu suas operações com apenas 6 aeronaves operacionais para atender  13 cidades em uma constante mudança de malha. Todas as aeronaves eram do modelo A320 da Airbus, a companhia recebeu um A319 no último mês porém não entrou em operação. 

Em uma tentativa de dar mais fluxo ao caixa da empresa, que já enfrentava problemas, a ITA disponibilizou quatro aeronaves para realizar voos fretados para Montevidéu. Na ocasião, a final da Taça Libertadores entre dois times brasileiros fez com que milhares de torcedores buscassem voos para acompanhar a final do torneio.

A Itapemirim deixou apenas uma aeronave em operação no Brasil, cancelou diversos voos deixando passageiros à espera do retorno das aeronaves para a malha da empresa. Os voos charters não ajudaram a aérea como esperado, que anunciou através de seu presidente Sidnei Piva que as operações da ITA até então, não eram suficientes para gerar lucro.

Itapemirim

Parte da frota da Itapemirim no Aeroporto Internacional de Carrasco (MVD) – Foto: Autor desconhecido

As reclamações que vieram a se tornar frequentes sobre atraso no pagamento de salários e benefícios, se intensificou nas últimas semanas de novembro e as primeiras do mês de dezembro. 

Em meio aos problemas com os passageiros que precisam ser reacomodados e outros processos que a Itapemirim está enfrentando, a companhia aérea que não participa do processo de recuperação judicial do Grupo Itapemirim, diz que está realizando uma reestruturação interna visando retomar suas operações no dia 17 de fevereiro.

 

Fonte da entrevista: Estadão

 

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