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Análise: Mercado de aviação brasileiro pode ser significativamente menor após a crise

A CAPA – Center For Aviation, postou recentemente uma análise do mercado brasileiro, e como ele deve se recuperar após a crise, que está afetando todas as companhias aéreas no mundo.

Especialmente no Brasil, as companhias aéreas não pararam totalmente, mas enquanto as norte-americanas já negociaram um primeiro empréstimo com o governo, aqui no Brasil as conversas ainda estão em andamento. Por sorte, as companhias aéreas trabalham com um bom caixa aqui na região, e conseguem reembolsar as passagens no futuro, aumentando ainda mais o caixa.

A maior companhia aérea doméstica do Brasil, a GOL, acredita que o maior mercado de aviação da América Latina pode ser potencialmente menor por algum tempo após o término da pandemia, e que a crise forçará algumas companhias aéreas do mercado a se comportar de maneira mais racional com o crescimento da capacidade.

Por enquanto, a GOL está operando um cronograma de voos com base em um acordo com a ANAC, para atender o país continental com 8% dos voos existentes anteriormente. Mas a companhia já retirou de uso mais de 100 aeronaves. A companhia aérea também acredita que sua expansão internacional planejada será adiada por algum tempo.

A concorrente da GOL, a Azul, que também já retirou de uso mais de 100 aeronaves, espera retomar perto de um cronograma operacional normal em julho de 2020, mas à medida que a crise se arrasta, esse dado pode ser alterado de acordo com a realidade do momento.

Gráfico comparando a oferta de assentos no mercado doméstico nos últimos anos. No tracejado em verde, a perspectiva de retomada para 2020. Infográfico – OAG e CAPA

A GOL e sua rival Azul reduziram sua capacidade em 90%, e dados da CAPA e da OAG mostram que, para a semana de 20 de abril de 2020, as ASKs (oferta) domésticas no Brasil cairão 89% comparando com o mesmo período de 2019, antes de subir novamente no início de maio de 2020 (estimativa).

O CEO da GOL, Paulo Kakinoff, afirmou recentemente que a companhia aérea espera manter esse cronograma reduzido até o início de maio. 

Frota da GOL no momento conta com apenas 10 aviões operacionais.

Recentemente, a concorrente doméstica da GOL, a Azul reduziu sua capacidade em 90% de 25 de março a 30 de abril, e opera 70 voos sem escalas por dia, para 25 cidades. A Azul afirmou que espera retomar perto de um cronograma operacional mais completo até julho.

O banco de dados da frota da CAPA mostra que a Azul estacionou 124 aeronaves e possui apenas 30 em serviço, algumas cumprindo serviço de transporte de carga.

Vale ressaltar que a Azul é a empresa que mantém mais operações domésticas neste período, até pela flexibilidade da frota.

Frota operacional da Azul neste momento.

Os executivos da Azul observaram que a empresa acredita que a crise do COVID-19 será um “problema de dois a três meses”, mas também reconheceu que a crise pode durar mais tempo.

No entanto, Azul também disse: “Estamos realmente começando a ver os governos meio que mudando um pouco e percebemos que você não pode ter um desligamento completo por muito tempo, porque isso seria desastroso para a economia”.

A GOL reduziu essencialmente sua rede para 10% do que era antes da crise, e Kakinoff explica que “automaticamente, também reduzimos nossos custos variáveis ​​para o mesmo nível”. A companhia aérea também tomou medidas para reduzir seus custos fixos, incluindo uma redução de 50% em sua folha de pagamento e o diferimento dos pagamentos de leasing das aeronaves.

“A boa notícia da rede essencial é que estamos perto de ganhar dinheiro com relação a essa operação essencial da rede”, disse Kakinoff. “Então, reduzimos nosso custo ao nível de nossas receitas. Isso significa que, ao operar esta rede essencial, não estamos queimando dinheiro.”

Com a rede essencial foi estabelecida entre as companhias às pressas, as companhias ainda estão entendendo melhor o funcionamento, e ajustando as operações para conseguir lucrar com esses voos, mesmo que o valor seja mínimo.

737-800 da GOL

Em um ponto em 2019, a GOL expressou alguma preocupação com o crescimento da capacidade doméstica, mas, ao final do ano, a companhia aérea concluiu que o crescimento doméstico do Brasil em 2020 seria racional.

Obviamente, a crise do COVID-19 acabou com as projeções anteriores de crescimento da indústria, e não há certeza de quando – ou se – a demanda atingirá seus níveis pré-crise.

A GOL não acredita que o COVID-19 pandemia vai desencadear qualquer consolidação no Brasil de mercado, mas o CEO da empresa, Paulo Kakinoff, afirmou que um possível resultado positivo da crise é que poderia haver “lições aprendidas por algumas empresas no mercado… visto que agora você pode ver o quão tóxica pode ser uma abordagem de excesso de capacidade.”

A LATAM Airlines Brasil é a segunda maior companhia aérea doméstica do país, atrás da GOL, e para abril de 2020 a LATAM continua operando em 39 destinos no país, com frequências reduzidas. No geral, o Grupo LATAM Airlines está reduzindo as suas operações em 95% em abril de 2020.

A GOL também está ajustando suas expectativas para expansão internacional. A certa altura, a companhia aérea planejava aumentar seus voos internacionais em 25%. Mas obviamente esses planos mudarão, como afirmado anteriormente, continua a haver incerteza sobre quando os padrões de demanda justificarão a adição de novas rotas internacionais.

Mesmo que as companhias aéreas do Brasil voltem ao mesmo quadro de voos que tinham antes da crise, provavelmente precisarão estimular a demanda com tarifas muito mais baixas, porque os brasileiros monitorarão seus gastos devido a um ambiente econômico instável, de contração do país, e após a crise gerar um número recorde de desempregos.

A atitude das companhias, em pensar na contração da frota e redução das operações para os próximos meses, comparando com os dados pré-crise, é só um reflexo daquilo que está ocorrendo em todo o planeta no setor de aviação, visto que a demanda só deve ser recuperada em 2022 ou 2023, para voos internacionais.

No mercado de voos domésticos do Brasil, o maior da América Latina, a demanda anterior deverá ser recuperada até o final de 2021, nas previsões mais otimistas, ou em meados de 2022.

Logicamente, uma companhia aérea não pode desembolsar dinheiro para pagar por 30% da frota inativa, e cortes devem ocorrer nos próximos meses, para poupar dinheiro após as empresas queimarem caixa para manter as operações em março e abril.

 

Com informações da CAPA.

Texto por Aeroflap.

 

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