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Austrália dá adeus ao F/A-18 Hornet, após 36 anos de serviço

Ucrânia está de olho em caças F/A-18 Hornet aposentados pela Austrália.

Na segunda-feira (29), a Força Aérea Real Australiana (RAAF) deu adeus aos seus F/A-18 Hornet. Chamados de Classic Hornets pelos australianos, os F/A-18A/B serão completamente substituídos pelo F-35A Lightning II de 5ª geração, complementado pelo F/A-18F Super Hornet.

A RAAF realizou uma cerimônia de despedida dos caças na Base Aérea de Williamtown, no estado de New South Wales.

A solenidade contou com a presença do Ministro da Defesa Peter Dutton, o Comandante da Força Aérea, Marechal do Ar Mel Hupfeld, além de outras autoridades, militares e parceiros da indústria que apoiaram os 36 anos de serviço dos F/A-18 na Austrália.

As sete aeronaves que participaram da cerimônia decolaram da Base Aérea de Tindall, onde eram operadas pelo No.75 Squadron Seek and Strike. Este será o último esquadrão a receber os F-35A, completando a transição para o novo caça stealth. 

“À medida que o tempo do Classic Hornet chega ao fim após quase 408.000 horas de voo no total, é hora de fazer a transição para a letalidade avançada, capacidade de sobrevivência e suporte do F-35A Lightning II”, disse o Marechal Hupfeld na cerimônia. 

Segundo o The War Zone, Hupfeld tem uma conexão especial com o Classic Hornet, tendo sido um piloto de F/A-18A/B e também tendo ensinado táticas para pilotos recém-formados no modelo como Instrutor de Combate de Caça.

Em outubro de 1981, a Austrália selecionou o F/A-18 como substituto dos seus Dassault Mirage IIIO, em serviço desde a década de 1960. Vencendo o F-16, 57 caças F/A-18A e 18 F/A-18B de dois assentos foram adquiridos por US$ 2,788 bilhões. As primeiras aeronaves entraram em serviço em 1985. 

Assim, a Austrália também se tornava um dos primeiros clientes de exportação do caça bimotor da McDonnell Douglas, originalmente desenvolvido pela Northrop. Apenas dois Hornet foram produzidos nos EUA, as aeronaves restantes foram montadas localmente pela Government Aircraft Factory (GAF) em Avalon, ao sul de Melbourne.

Caça do No.75 Squadron ostenta pintura inspirada em pássaro local. Foto: Sergeant Ben Dempster/RAAF.

Entre 1985 e 1990, os F/A-18 foram recebidos por quatro esquadrões: No. 3, 75 e 77, de linha de frente, e o No. 2 (OCU), unidade de conversão operacional que formava os novos pilotos de Hornet na RAAF. 

Com exceção do No. 75 Squadron, com sede em Tindal, a frota de Hornets da RAAF foi concentrada em Williamtown, ao norte de Sydney.

Quando entraram em serviço, os Hornets eram equipados com mísseis AIM-9 e AIM-7 e o radar APG-66. Contudo, os caças foram atualizados através do projeto multi-fase Hornet Upgrade Program (HUG). Os jatos foram sucessivamente melhorados com novos recursos para atender às ameaças emergentes na região da Ásia-Pacífico.

F/A-18A Hornet RAAF AIM-7
Fox 1! F/A-18A Hornet australiano disparando um míssil ar-ar AIM-7 Sparrow. A aeronave também carrega um par de mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder e antinavio AGM-84 Harpoon. Foto: US Navy.

A partir de 1999, através dos HUG, os Classic Hornets receberam melhorias no radar, integração com o míssil de curto alcance ASRAAM, capacete JHMCS com display integrado, lançador de contramedidas Saab BOL, enlace de dados tático Link 16, pod de contramedidas eletrônicas Elta EL/L-8222, alerta de iluminação radar (RWR) AN/ALR-67 e o pod de designação Litening. 

Fora do HUG, os Hornets também receberam as bombas guiadas por GPS JDAM e o míssil de cruzeiro AGM-158 JASSM. Apesar de seu longo período operacional, foi apenas relativamente tarde em sua carreira que o Classic Hornet entrou em combate.

Como parte da contribuição de Canberra para a campanha no Afeganistão, lançada após os ataques terroristas de 11 de setembro, os jatos foram enviados para a ilha de Diego Garcia, no Oceano Índico, entre novembro de 2001 e maio de 2002.

F/A-18 Hornet RAAF Red Flag 2012
Três F/A-18A Hornet da RAAF sobrevoando o Deserto de Nevada durante a Red Flag 12-3, em março de 2012. Foto: Senior Airman Brett Clashman/USAF.

Os jatos australianos assumiram as funções de defesa da base, que serviu como um hub para bombardeiros da Força Aérea dos EUA engajados no Afeganistão.

A primeira vez que os F/A-18 da RAAF estiveram em combate foi no Iraque, como parte da invasão liderada pelos Estados Unidos. Inicialmente, 14 caças do No. 75 Squadron foram desdobrados no Oriente Médio em fevereiro de 2003 sob a Operação Falconer, os jatos sendo comandados pelo Air Marshal Hupfeld.

Depois de conduzir patrulhas defensivas (defensive counter-air) e apoio aéreo aproximado, os Classic Hornets voaram suas últimas missões deste desdobramento em abril de 2003. “Este foi o primeiro posicionamento operacional de combate de caças australianos desde a Guerra da Coréia, e nossos aviadores e aeronaves tiveram um desempenho acima das expectativas”, lembrou Hupfeld.

Em 2014 os Hornets Australianos voltaram ao Oriente Médio. Já atualizados pelo Programa HUG, os caças voaram 1937 missões, 14,780 horas de voo e lançaram cerca de 1600 munições contra o Daesh até 2018, no desdobramento chamado de Operação Okra.

Todavia, nesta época a RAAF já estava operando o mais novo e capaz F/A-18F Super Hornet, que eventualmente assumiu a operação. Embora o Super Hornet tenha sido adquirido principalmente como um paliativo entre a retirada do F-111 e a introdução do F-35A, o Super Hornet permanecerá em serviço por muito tempo.

Ainda assim, o sucessor direto dos F/A-18A/B é o F-35A. Ao todo, Canberra adquiriu 72 unidades do caça steath, das quais 44 já estão em serviço. A primeira aeronave chegou ao país em 2018, enquanto que as três mais recentes foram entregues no dia 18 deste mês. 

“Embora eu esteja triste por ver esta aeronave incrível encerrar seu papel como uma sentinela dos céus australianos, é um momento emocionante para a Força Aérea ao entrarmos em nosso segundo século com o F-35A entregando poder aéreo de combate como parte de um força conjunta em rede, para assegurar a capacidade do ADF de deter ou derrotar ameaças aos interesses da Austrália” refletiu o Vice-Marechal da Aeronáutica Joe Iervasi, sobre o período operacional do jato. 

Em 2018, o Canadá adquiriu 25 caças F/A-18A/B da RAAF para dar suporte à sua própria frota de Hornets, lá designados CF-188. Estes devem permanecer em serviço até 2030, quando Ottawa planeja escolher um novo caça. 

Outro lote de 46 caças foi comprado pela empresa norte-americana Air USA. Estes serão usados para prestar serviços aggressor/adversary, onde os jatos representam o inimigo em treinamentos de combate aéreo. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias

Tags: aposentadoria, Austrália, F/A-18 Hornet, usaexport