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Azul e LATAM: Mercado se anima com possibilidade de compra, mas acordo é muito complicado

Azul

As ações da Azul Linhas Aéreas (AZUL4) abriram em alta nesta quarta-feira (09) cotadas a R$ 49,24, após um movimento de consolidação da GOL no mercado de aviação.

Na ocasião a GOL informou ao mercado, na noite desta última terça-feira (08) sobre a compra da MAP por R$ 127,8 milhões no total. Com isso, a companhia laranja ganhará mais 26 slots no Aeroporto de Congonhas, que poderiam ser aproveitados pela Azul Linhas Aéreas, caso esta tivesse realizado uma proposta para adquirir a MAP da VoePass.

Os 26 slots diários correspondiam anteriormente ao espaço da Passaredo e MAP para operação no Aeroporto de Congonhas.

Com a movimentação, a GOL ganha ainda mais vantagem no 2º aeroporto mais movimentado do Brasil (dados de 2019). Já a Azul, mantém os seus 41 slots de operação em Congonhas, enquanto a GOL pode superar os 200 slots no pós-crise.

As ações da Azul (B3:AZUL4) estão sendo negociadas com leve queda de 1%, a R$ 48,21 no momento de fechamento desta matéria (12:10 GMT -3).

 

Ações em alta na semana 

Azul

Nos últimos dias as ações da Azul tiveram uma alta na Bolsa de Valores devido ao fator da especulação sobre uma possível fusão com a LATAM Brasil. O negócio que pode movimentar bilhões de reais pode ser realizado em agosto, de acordo com informações do Bradesco BBI.

Ao mesmo tempo a Azul ganha uma ampla participação no Aeroporto de Congonhas. Atualmente a 3ª em número de slots de operação, com a aquisição da LATAM a Azul pode dar um salto para a 1ª colocação em número de voos em Congonhas.

Além disso, a Azul integra na sua frota uma ampla malha de voos da LATAM, e com certeza vai se fixar na liderança do mercado doméstico na retomada, e mesmo quando a capacidade de voos estiver quase equivalente ao mesmo período antes da pandemia.

A análise do Bradesco BBI aponta que as operações domésticas da LATAM valham US$ 822 milhões, ou R$ 4,159 bilhões na cotação atual do dólar.

A especulação sobre uma possível aquisição da LATAM Brasil pela Azul está ocorrendo há duas semanas, quando o acordo de codeshare foi cancelado de forma unilateral. Em uma nota emitida, sobre o comportamento da LATAM Brasil, o presidente da Azul, John Rodgerson, disse que a sua companhia estava buscando opções de consolidar o mercado de aviação.

A movimentação da GOL também é uma resposta ao movimento de tentar consolidar o mercado, realizado pela Azul. Sem os slots da MAP no mercado, a Azul tem um movimento a menos de consolidação para ser realizado.

O BTG disse que as ações da Azul (AZUL4) tem tendência de alta no longo e médio prazo. O mesmo foi afirmado pelo Bradesco BBI em seu comunicado ao mercado. As ações da Azul já sobem 13,12% no mês e 23,77% no ano.

 

Negociação depende da aprovação de credores e do governo

A negociação de venda da LATAM Brasil para a Azul depende de aprovação ampla dos credores no plano de recuperação judicial do Grupo LATAM. Com a empresa sendo regida pelas regras do Chapter 11, os acionistas podem decidir somente por poucos detalhes sobre o destino da aérea.

Um outro problema, a ser enfrentado pela LATAM, é que um dos principais credores da aérea, a Oaktree Capital Management e o Knighthead Capital detém títulos ou ações da Azul. Essas duas empresas podem realizar uma pressão para a venda bilionária da LATAM Brasil para a Azul.

Azul LATAM

Mas este processo bilionário de compra pode enfrentar vários entraves, tanto judiciais como de regulação do setor, como informou o Bradesco BBI.

Para algum plano de venda da LATAM Brasil ser votado, algo que só acontecerá em agosto (no dia 23), os credores precisam inserir no Plano de Recuperação Judicial do Grupo LATAM a proposta de venda da filial brasileira neste mês. 

Se aprovado em agosto, a Azul poderá fazer uma oferta, que será aceita, ou não, em outra votação entre os credores. O processo ainda pode enfrentar oposição por parte do Conselho Administrativo da Azul, dos acionistas ou dos credores do Grupo LATAM.

Neste meio tempo, até agosto, os acionistas da LATAM ainda podem sobrepor uma proposta mais vantajosa, que permita a saída da companhia da RJ e a quitação das dívidas, sem necessariamente realizar uma venda da filial brasileira.

Se a Azul conseguir todas as aprovações, a empresa ainda precisa submeter ao CADE, e ANAC do Brasil, um projeto de fusão entre as duas empresas.

O pagamento pela compra pode ser realizado à vista (improvável nos moldes atuais pela liquidez da Azul), parcelado, ou em ações. Neste último ponto a Azul pode realizar um aumento de capital, para permitir a entrada de novos “sócios”, fundindo com a LATAM Brasil sem desembolsar muito dinheiro.

Neste ponto do CADE a Azul pode precisar abrir mão de parte das operações da LATAM Brasil em Congonhas e Guarulhos, para evitar uma possível concentração no mercado doméstico de aviação.

Além da Azul precisar desembolsar bilhões de reais nesta “possível compra”, e sair com uma dívida maior, todo o processo pode levar vários meses até a sua conclusão. O movimento de consolidação, como descreveu anteriormente a Azul, ainda não está ocorrendo, mas é possível de ser realizado.

O presidente do Grupo LATAM, Roberto Alvo, e o CEO da LATAM Brasil, Jerome Cadier, negam qualquer possibilidade de venda. Veja abaixo.

“Categoricamente e com toda ênfase, nem nossa empresa no Brasil nem nenhum dos ativos que a Latam possui estão à venda”, disse Roberto Alvo, que comanda o Grupo LATAM, em uma entrevista para a EFE.

“Não há nenhuma intenção de separar a operação Brasil do grupo. A força da Latam está na complementaridade das operações (nos diferentes países). Separar não faz sentido econômico para o grupo”, disse Jerome Cadier ao Estadão no último dia 25 de maio.

 

Presidente da GOL acredita em movimentos “racionais” de consolidação

Em uma declaração oficial lançada na notícia da GOL sobre a compra da MAP, o presidente da companhia, Paulo Kakinoff, acredita que o mercado precisa de “movimentos racionais de consolidação”.

“Acreditamos que a aquisição da MAP seja, nesse momento, a única oportunidade viável de consolidação racional no mercado de aviação brasileiro. Daqui para frente, continuaremos focados na estratégia de crescimento orgânico, estimulando a demanda para expansão de nossa malha”, disse Paulo Kakinoff.

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Paulo Kakinoff, CEO da GOL. Foto – GOL/Divulgação

Com esta afirmação, Kakinoff não coloca a GOL no radar de aquisições bilionárias, como no caso de um provável acordo de compra da LATAM pela Azul. A empresa quer trabalhar com racionalidade, sem aumentar seu endividamento.

A única opção “de baixo custo” para consolidar o mercado já foi realizada pela GOL, que é a compra da MAP com todos os slots em Congonhas da VoePass. Como a GOL não deseja se concentrar em um mercado totalmente regional, e já tem slots suficientes em Congonhas, não é provável uma outra movimentação da Laranja em termos de compras e vendas.

De qualquer forma, o acordo da GOL com a MAP é mais fácil de ser aprovado, apesar do foco claro em Congonhas, em comparação com o com o possível acordo entre LATAM e Azul.

 

LATAM Brasil acelera retorno aos voos

Cumprindo a promessa de liderar novamente o mercado de aviação na América Latina, e evitar ser “engolida” por outros players, a LATAM declarou em maio que acelerará a retomada dos seus voos, em um movimento agressivo contra as concorrentes.

Em nota enviada hoje (09) à imprensa, a LATAM Brasil afirmou que em junho planeja operar com 62% da sua capacidade, comparada com junho de 2019, antes da pandemia. Em maio a companhia operou com 49,8% da sua capacidade.

A recuada da GOL e LATAM após a alta temporada de verão possibilitou a liderança do mercado doméstico por alguns meses para a Azul. 

 

 

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Pedro Viana

Autor: Pedro Viana

Engenharia Aerospacial - Editor de foto e vídeo - Fotógrafo - Aeroflap

Categorias: Companhias Aéreas, Notícias

Tags: Análise, azul, compra, Fusão, LATAM, usaexport