O novo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, deve conversar com o presidente dos EUA Joe Biden sobre a compra de 30 caças F-35. As aeronaves deverão substituir os jatos de ataque Panavia Tornado, responsáveis por empregar as bombas nucleares B61 no acordo de compartilhamento nuclear da OTAN.
Segundo fontes da Reuters, a Alemanha está cada vez mais inclinada à comprar os jatos stealth dos EUA. Uma delas diz que uma possível compra do F-35 estava “de volta à mesa”, mas nenhuma decisão era esperada tão cedo.
“Houve esforços recentes para informar a Alemanha sobre como avançar com uma potencial compra do F-35”, disse uma terceira fonte envolvida no esforço à Reuters. Outra, ligada à Defesa Alemã, disse que Scholz deve levantar a questão dos caças durante uma viagem a Washington na próxima semana.
Desde 2017 a Força Aérea Alemã (Luftwaffe) estuda um modelo de aeronave para substituir o jato supersônico de ataque Panavia Tornado. Desenvolvido na década de 1970 junto à Itália e Reino Unido, o Tornado é hoje a aeronave designada para usar as 20 bombas B61 dos Estados Unidos que estão armazenadas na Alemanha.
Apesar da performance, o Tornado é uma aeronave veterana. A RAF aposentou suas unidades em 2018 e o modelo já está no final de sua carreira. Segundo o Aerotime, um relatório do Ministério da Defesa alemão de abril de 2018 estabeleceu que a fiação, o software e o sistema de comunicação da aeronave não tinham proteção eletrônica suficiente contra a interferência do inimigo.
Além disso, o computador de mira do Tornado não possui um sistema IFF (Identificação, amigo ou inimigo) que permite ao piloto dissociar os inimigos das aeronaves dos aliados. Assim, a data de aposentadoria do Tornado foi transferida de 2035 para 2025, o mais tardar 2030.
O debate sobre as aquisições fez com que o então comandante da Luftwaffe, Karl Müllner, fosse demitido em 2018. Müllner era abertamente favorável ao F-35. Em 2019, a Alemanha descartou o F-35 em favor da aquisição de 30 caças F/A-18E/F Super Hornet e 15 jatos de guerra eletrônica EA-18G Growler.
Contudo, a compra dos jatos da Boeing esbarrou nas eleições da Alemanha. Como o compartilhamento nuclear era um ponto de grande discussão entre os candidatos, as negociações foram pausadas.
Em novembro de 2021, Michael Hostetter, vice-presidente da Boeing Defense, Space & Security Germany, afirmou que a fabricante esperava uma solicitação de compra da Alemanha para janeiro, o que não ocorreu.
Nesse ínterim, o F/A-18 foi removido pela National Nuclear Security Administration da lista de aeronaves a serem certificadas para transportar a bomba B61. O Departamento de Defesa dos EUA afirmou que “não há uma exigência para o F/A-18F ser certificado para transportar a B61-12”.
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Por outro lado, o F-35 já concluiu os voos de testes com a bomba nuclear, e aguarda a certificação final para poder empregar a B61 operacionalmente. A Alemanha também decidiu se manter no acordo de dissuasão nuclear da OTAN. Dessa forma, o F-35 deve voltar às mesas de negociação entre Washington e Berlim, ao passo que o EA-18G ainda pode acabar disputando com a versão de guerra eletrônica do Eurofighter Typhoon, proposta pela Airbus.
O Typhoon ECR SEAD receberia modificações na forma de sensores, pods e armamentos para cumprir as missões de escolta eletrônica, interferência e supressão de defesas aéreas inimigas. Atualmente, esse papel é cumprido pela Tornado ECR.
Apesar do Growler ser uma aeronave pronta e já empregada em combate pela Marinha dos EUA, o Typhoon ECR poderia ser uma opção melhor já que a maior parte da frota de caças da Luftwaffe é composta pelos Typhoon. Além do mais, a Alemanha participou do desenvolvimento do modelo.
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