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Black Hawk: saiba mais sobre o helicóptero usado pela FAB nas enchentes no RS

Helicóptero H-60L Black Hawk é usado pela Força Aérea Brasileira nas enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. Foto: Sgt. Müller Marin/FAB.

Dentre as diversas aeronaves empregadas pelas forças armadas e de segurança pública no socorro ao Rio Grande do Sul, um modelo tem se destacado como o único capaz de voar à noite. Já bastante conhecido na mídia, o UH-60 Black Hawk está em uso com a Força Aérea Brasileira (FAB) e desde terça-feira (30,) mais de 240 pessoas foram resgatadas das enchentes no RS pelos helicópteros da FAB. 

Fabricado nos Estados Unidos pela Sikorsky (hoje parte da Lockheed Martin), o Black Hawk veio para substituir outro importante helicóptero, o UH-1 Huey/Iroquois, amplamente usado na Guerra do Vietnã e que também serviu à FAB. 

O modelo entrou em serviço a partir de 1979 com o Exército dos Estados Unidos. Hoje, o Black Hawk figura entre os mais importantes helicópteros em serviço não só nos EUA, mas também em mais de 35 países. Embora seja principalmente uma aeronave utilitária (por isso a letra U na sua designação), o UH-60 é um modelo multifunção, capaz de desempenhar uma série de atividades como inserção e extração de tropas, suporte aéreo, guerra antissubmarino, combate a incêndio, busca e salvamento e tantas outras missões, algumas dependendo de variantes especiais. 

S-70 Firehawk é o Black Hawk para atividades de combate a incêndios. Conheça mais sobre esse modelo. Foto: Sikorsky/Divulgação.

Em janeiro de 2023, quase 50 anos após o início da sua produção, a Sikorsky celebrou a entrega do 5000º Black Hawk, reforçando o helicóptero como um produto de grande sucesso na aviação de defesa e segurança pública. 

Black Hawk no Brasil

Embora esteja sendo empregado pela FAB no apoio aéreo nas enchentes que castigam o Rio Grande do Sul, a história dos Black Hawk no Brasil não começa na Aeronáutica, mas sim com o Comando de Aviação do Exército Brasileiro (CAvEx). 

Para desempenhar as atividades da Missão de Observadores Militares Equador-Peru (MOMEP), implantada pela Organização das Nações Unidas após o conflito entre os dois países, o CAvEx comprou quatro S-70 Black Hawk (versão de exportação do UH-60), localmente designados HM-2.

HM-2 Black Hawk do Exército Brasileiro. Foto: EB/Divulgação.

Após o término das missões, os helicópteros foram incorporados ao 4º Batalhão de Aviação do Exército, organização militar com sede em Manaus (AM). Com quase 30 anos de operação, os HM-2 serão substituídos por novos Black Hawk em processo de aquisição pelo Exército.

Em 2005, o Comando da Aeronáutica anunciou a compra dos seis primeiros UH-60L Black Hawk, designados H-60L pela instituição e implantados no Esquadrão Harpia, unidade que também tem Manaus como sede. Foi somente em 2011 que o famoso helicóptero norte-americano pousou no Rio Grande do Sul, no Esquadrão Pantera da base de Santa Maria. Um segundo lote de 12 aeronaves, adquirido em 2009, elevou a frota para as 18 aeronaves atualmente em serviço. O modelo também equipa o Esquadrão Pelicano, especializado em missões de busca e salvamento. 

Na imagem, um H-60L Black Hawk da Força Aérea Brasileira nos portões abertos da Base Aérea de Canoas. Foto: Gabriel Centeno – Aeroflap

Três anos depois, a Aviação Naval da Marinha do Brasil ‘se uniu ao clube’, adquirindo quatro helicópteros S-70B Seahawk, variante para uso em guerra antissubmarino. O contrato inicial foi complementado em 2011 e 2013, elevando a frota para oito aeronaves. Designados MH-16, os Seahawk são utilizados pelo 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (HS-1), o Esquadrão Guerreiro.

Enchentes no RS

No dia 28/04 começaram as chuvas que levaram às enchentes que assolam principalmente o interior do Rio Grande do Sul e que, nesta sexta-feira (03), começaram a causar maiores transtornos na área central e norte da capital Porto Alegre. Até o momento são 37 mortos e 74 desaparecidos.

Ainda na terça-feira (30), o governador Eduardo Leite foi a público, através das redes sociais, apelar por apoio aéreo urgente ao estado gaúcho. No mesmo dia, um par de H-60 Black Hawk do Esquadrão Pantera foi desdobrado na Operação Taquari II. Segundo dados da Aeronáutica, até 12h de 03/05, os helicópteros resgataram 244 pessoas, seis pets e realizaram seis evacuações aeromédicas, acumulando cerca de 36 horas de voo. 

O RS tem recebido grande apoio de outros estados, do governo federal e até mesmo do Uruguai, que se prontificou a deslocar um helicóptero Bell 212 para auxiliar no resgate aos ilhados. Aeronaves de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro somam esforços com máquinas do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, atuando também no transporte de mantimentos e inserção de equipes de busca e resgate no terreno. 

No entanto, até a chegada de outros meios aéreos, o Black Hawk da FAB é o único capaz de realizar voos noturnos em meio às enchentes. Conforme explica a Força Aérea Brasileira, “quando as condições meteorológicas são favoráveis, no período da noite, as aeronaves também realizam voos noturnos, o que é possível devido à capacidade da FAB de operar com a utilização de óculos de visão noturna (NVG).”

“Mesmo em condições limítrofes, nossos helicópteros conseguem decolar para o resgate com a utilização de equipamento de visão noturna. Isso aumenta as chances de resgate no menor tempo, pois sabemos que há vidas dependendo disso”, explica o Comandante do Esquadrão Pantera, Tenente-Coronel Aviador Kleison Roni Reolon. 

Espera-se que com a implantação de helicópteros do Exército e Marinha, mais resgates possam ser feitos no período noturno. 

Nota do editor: a equipe do Portal Aeroflap agradece o serviço e deseja sorte e cuidado às equipes de salvamento, gaúchas, de outros estados e da União, empenhadas na missão.

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Black Hawk, enchentes, fab, Rio Grande do Sul

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