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Caças F-35 farão o “papel do inimigo” no Exercício Red Flag pela primeira vez

Pela primeira vez, caças stealth F-35A Lightning II serão usados como aeronaves aggressor – ou seja, farão o papel o inimigo – no Exercício Red Flag, realizado múltiplas vezes ao ano na Base Aérea de Nellis, no estado americano de Nevada. 

Durante a Red Flag 21-3, que termina na sexta-feira (06), as aeronaves do chamado “Lado Azul” (aliado) enfrentarão o F-35 atuando no “Lado Vermelho” (inimigo), aumentando ainda mais o realismo e a dificuldade do exercício que é referência no mundo dos jogos de guerra. Na Red Flag, diversos cenários podem ser criados, todos com a intenção de tornar a vida dos pilotos da Força Azul a mas difícil possível. Não se trata de ganhar o combate, mas sim aprender com os erros e acertos e repassar os conhecimentos. 

O poder da Nação Aggressor de Nellis

O Coronel Scott Mills, comandante do 57º Grupo de Operações e piloto aggressor de F-35, disse que a Red Flag se originou como um exercício de combate ar-ar de jogadores azuis contra jogadores vermelhos, mas avançou em todos os domínios.

“Tenho aggressors ar-ar, aggressor, superfície-ar, tenho aggressors de espaço e informação”, disse o Oficial. “O agressor é aquele que está aqui para treinar o azul, proporcionando um adversário realista e robusto contra o qual ele, sendo azul, deve lutar ativamente. Eles precisam usar todos os recursos que possuem e todos os recursos de integração que podem compilar para alcançar o que pretendem naquele dia.”

O Cel Scott Mills, comandante do 57th OG, no cockpit de um F-35A atuando como aggressor na Red Flag 21-3. Foto: Airman 1st Class Zachary Rufus/USAF.

“Sabendo o que sei sobre as capacidades e integração do lado azul, meu trabalho é separar isso, puxar as costuras”, continuou ele. “A Nação Aggressor aqui é uma das melhores do mundo em encontrar esses nichos, encontrar essas lacunas e costuras e punir absolutamente os erros que o lado azul comete.”

Pilotos aggressor de F-35 se juntam à luta

O Tenente-Coronel Chris Finkenstadt, comandante do 64º Aggressor Squadron, disse que os F-35s estão sendo introduzidos nesta edição da Red Flag para expandir as capacidades de ameaça dos F-16 aggressor. Finkenstadt disse que isso muda o cenário para que represente com mais precisão os caças inimigos avançados. a USAF explica que apesar de já ter sido usado como inimigo em edições anteriores da simulação, essa é a primeira vez que os caças furtivos serão voados por pilotos aggressor. 

“O que os agressores são capazes de apresentar a eles é um problema mais desafiador para o ataque aéreo do lado azul”, disse ele. “Os agressores conhecem um pouco melhor a replicação da ameaça. Estudaram o adversário e a maneira como o adversário realmente reagiria a uma situação específica. Com base em nosso foco em competição de grande potência, precisamos ter certeza de que esses caras estão prontos, e fazemos isso apresentando a melhor atmosfera possível.”

Foto: Airman 1st Class Andrew D. Sarver/USAF.

Segundo o Coronel Mills, a adição do F-35 aos componentes aéreos do jogo de guerra vai mostrar o que a força azul pode fazer contra ameaças stealth, semelhantes às que os adversários estão desenvolvendo, como o Su-57 da Rússia e o J-20 chinês. 

“No final das contas, meu trabalho não é facilitar o dia para o lado azul. Meu trabalho é dar ao azul o dia mais difícil que eu puder. E a maneira de fazer isso é trazer o F-35 para a luta. E o F-35 tornará o dia excepcionalmente difícil para o azul atingir seus objetivos. Eles precisarão usar cada pedaço de capacidade e integração que eles têm para atingir seu objetivo”, disse o Coronel Mills.

O lado vermelho vai vencer… inicialmente

Durante as surtidas iniciais, há muitas vitórias pelo lado aggressor. Os pilotos azuis sobem se preparando para um combate de uma a duas horas, mas por causa de um erro tático, o lado vermelho aproveita esse erro e os manda de volta à base rapidamente. O Coronel Mills afirma que sensação de ouvir a chamada do seu nome dizendo que morreu é derrotadora. 

Como um ex-piloto azul que perdeu para os aggresors anteriormente,  ele disse que o debrief após cada missão é inestimável, porque é quando os pilotos voltam a atacar seu planejamento de missão. Eles observam como reagiram, qual era a ameaça, o que não viram e o que não fizeram. 

Um F-22A Raptor da Base Conjunta de Langley-Eustis taxiando em frente aos caças F-35A estacionados em Nellis durante o Red Flag 21-3. Foto: Tech. Sgt. Robert Hicks/USAF.

“Nos primeiros dois dias, o nariz do lado azul fica bastante ensanguentado. E então, no final da primeira semana, você começa a ver que as lições aprendidas estão sendo repassadas e eles estão começando a descobrir um pouco as coisas”, diz o Tenente-Coronel Finkenstadt. “Então, no primeiro ou segundo dia da segunda semana, eles podem ter o nariz sangrando de novo, porque tendemos a dificultar um pouco. Geralmente, leva alguns dias para começar a descobrir os diferentes planos de jogo e como eles querem agrupar suas forças para resolver seus problemas.”

Caças F-16C Fighting Falcon do 64th AS sobrevoando a Área de Treino e Testes de Nevada. Foto: Airman Bailee A. Darbasie/USAF.

O lado azul aprende e se adapta

“Lembro-me como se fosse ontem. Foi um dia em que percebi que uma coisa é treinar sozinho como um ativo e ver as limitações de suas próprias capacidades. Mas no final do dia, quando você nos coloca todos juntos em um campo de jogo e vê o que podemos fazer contra uma força incrivelmente robusta e agressiva, quando trabalhamos juntos, é uma visão incrível”, disse Mills, relembrando sua primeira vitória quando era piloto da Força Azul. Agora, como piloto aggressor, ele disse que é uma sensação ótima ouvir as lições aprendidas e ver o crescimento.

“Vemos paredes caindo entre as comunidades. Vemos chaminés desaparecerem. Vemos equipes que nunca trabalharam juntas antes, não apenas trabalhando juntas, mas integrando verdadeiramente suas capacidades para alcançar um resultado final. E eu vou te dizer quando o lado azul faz isso, é excepcionalmente difícil para o lado vermelho separar esse plano de jogo”, disse ele.

Um F-35A saindo para mais uma surtida na Red Flag 21-3. Foto: Airman 1st Class Zachary Rufus/USAF.

“No final das contas, a verdade é que nenhum de nós, nenhuma capacidade é excelente ou o melhor do mundo. Nossa capacidade excepcional vem do fato de que trabalhamos bem juntos por meio de exercícios como este”, acrescentou Mills. “Operamos através de nossos parceiros conjuntos e de coalizão para formar uma força azul verdadeiramente imparável.”

Mais de 100 aeronaves, incluindo 40 caças de 5ª Geração, participam da Red Flag 21-3. São 15 unidades de 17 estados diferentes, com esquadrões da USAF, Marinha e Fuzileiros. A 1ª Ala de Caça, da Base Conjunta de Langley-Eustis, Virginia, assumiu a liderança da Força Azul durante o exercício. Além do F-22 e do F-35, o treinamento contará com participação de aeronaves EA-18G Growler, F-16 Fighting Falcon, B-52 Stratofortress, KC-46 Pegasus e outras. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias