Como o bilhete da Basic Economy dos Estados Unidos pode sair mais caro

Aeroporto de Atlanta - Hartsfield Jackson

Muitas pessoas pensam que a Europa é o paraíso das Low Cost, mas os Estados Unidos estão na frente dessa “categoria”. Por lá até as companhias mais tradicionais tiveram que se render ao serviço Low Cost e diminuir bastante o preço das suas passagens, caso contrário a companhia seria engolida pelas concorrentes.

E isso resultou em várias categorias em voos nacionais, comumente as aeronaves são equipadas com duas classes, os mais endinheirados pagam mais para voar em uma executiva, no Brasil a GOL faz isso com o serviço GOL +, disponível somente na ponte aérea. Mas lá nos Estados Unidos isso já está desembocando em uma nova classe econômica, a Basic Economy.

Entender a Basic Economy é simples, já explicamos isso aqui na Aeroflap inclusive. Na economy americana o passageiro tem direito à alguns serviços, como o transporte de uma bagagem de mão, um espaço padrão econômica, sequenciamento de embarque e marcação de assentos.

Já na Basic Economy você não tem direito a nada, você não pode levar bagagem de mão, o espaço é ainda mais reduzido internamente, você é o último a embarcar no avião, também não pode marcar assento (adeus janelinha) e alterar sua passagem. Algumas companhias como a United Airlines ainda agem com bondade, ela permite que o passageiro tenha alimentos, bebidas, entretenimento e Wi-Fi, como os outros.

Tradicionalmente os bilhetes da Basic Economy são de 15 a 30 dólares mais baratos em comparação com os bilhetes da Economy, mas sem dispor dos mesmos serviços. É uma maneira que as companhias americanas encontraram para competir com as tradicionais Low Cost, como a Southwest, Frontier e Spirit Airlines.

 

Desvantagem no mercado turístico

Mas de acordo com uma publicação da Bloomberg a Basic Economy pode sair mais cara para vários níveis de passageiros. No mercado turístico o bilhete da Basic Economy parece vantajoso, porém nos Estados Unidos é algo bastante comum as pessoas viajarem somente com malas de mão, na Europa esse mesmo efeito acontece.

Sem a mala de mão o passageiro precisa pagar uma taxa extra para despachar a mala, que pode resultar em um valor maior do que o planejado.

 

Desvantagem no mercado corporativo

No mercado corporativo os passageiros têm três categorias tarifárias disponíveis em alguns voos, nós pesquisamos um voo de Chicago para Seattle (WA) através da United para registrar essa diferença tarifária, com ida no dia 10/08 e volta no dia 11/08. O voo tem duração de 4h30 e a diferença entre os tipos de passagens é bem baixa.

Pesquisamos o mesmo voo no mesmo dia e período na Southwest, na Frontier e na American Airlines. A primeira comercializa o trecho por US$260 com milhas e duas bagagens gratuitas, a segunda faz esse mesmo trecho por US$ 166 dólares, porém totalmente em Basic Economy, a American Airlines comercializa o trecho por US$529, valor que também permite a alteração do voo e cancelamento, sendo comparável ao da Economy Flexible da United, neste trecho a American Airlines não aplica a Basic, nem a Delta.

A clara desvantagem deste tipo de passagem para o mercado corporativo é a falta de flexibilidade e marcação de assentos, você não pode escolher o assento que acha mais confortável ou proporciona uma saída mais rápida da aeronave, ainda mais quando a mesma é um Boeing 757 totalmente quase totalmente configurado para a classe econômica.

Além disso você não ganha nada de reembolso em caso de cancelamento da viagem antes do check-in, bem como não acumula milhas para o programa MileagePlus da United. Geralmente passageiros do setor corporativo viajam muitas vezes em um ano, e com isso acumulam muitas milhas, que depois viram uma passagem totalmente gratuita (tirando as taxas de embarque).

Se você costuma carregar uma mala de mão com notebook quando viaja a trabalho essa tarifa também é uma desvantagem. Você é obrigado a despachar sua mala de mão, gerando mais um custo no bilhete, que pode facilmente ultrapassar os 20 dólares de economia neste caso.

O ponto que queremos chegar está bem exemplificado na imagem abaixo, selecionamos uma taxa na econômica e outra na Basic Economy, na Economy conseguimos acessar os possíveis upgrades do voo (1ª imagem), como o espaço Economy Plus, conhecido aqui no Brasil como o GOL + e o Espaço Azul, bem como o serviço de despacho de bagagem. Ainda há a possibilidade de frequentar lounges, acumular mais pontos e flexibilizar a data do voo, permitindo alterações.

 

Caso você compareça no embarque com uma mala de mão mas não tenha comprado o serviço anteriormente, o valor de US$ 25 precisará ser pago para despachar o item, antecipadamente o despacho da bagagem sai por 23 dólares. Antes de prosseguir com a compra você ainda é avisado que não pode realizar nenhuma alteração no horário do voo para o mesmo dia selecionado, mesmo que queira pagar por isso, como na Economy padrão.

Nos EUA esse cenário se reflete nas agências de viagens corporativas, que prestam serviço para outras empresas, a maioria delas simplesmente não disponibilizam a Basic Economy para compra.

 

American Airlines

Foto – Boeing Media

A American Airlines Group Inc. disse que cerca de metade dos clientes consideram trocar a tarifa Economy por uma mais básica, na American nem todos os trechos estão com esse serviço implementado, a frota da companhia é a maior do mundo no número de aeronaves.

O serviço de Basic Economy da American Airlines é bem similar ao implementado pela United, incluindo a falta da bagagem de mão e a proibição de escolha do assento antes do check-in. O comprador precisa pagar US$ 25 a mais caso queira despachar sua mala de mão.

 

Delta

Foto – Delta Airlines

A Delta foi uma das pioneiras nesse tipo de serviço, os estudos para implementar a Basic Economy foram lançados em 2012, mas já em 2014 o serviço estava sendo colocado no mercado. Porém a Delta evitou um problema de popularidade com os clientes e preferiu manter esse serviço fora de rotas para cidades importantes, como Chicago, Nova York, Denver, Los Angeles e San Francisco.

O planejamento é expandir esse serviço para todos os voos, quando os passageiros se acostumarem com o fato que não tem direito à realmente nada.  “A segmentação do cliente, para mim, é uma das características do que é diferente da indústria desta vez”, disse Paul Jacobson, diretor financeiro da Delta Airlines citando também a criação de uma premium economy nas aeronaves da companhia.

 

Jetblue 

A Jetblue se recusou a implementar esse tipo de serviço, afirmando que os passageiros da companhia não estão dispostos a sacrificar o conforto por um pequeno desconto.

 

Southwest

A Southwest seguiu o mesmo caminho da Jetblue e disse que não planeja reduzir ainda mais seus serviços para concorrer com companhias aéreas Ultra Low Cost e que não oferecem nenhuma vantagem clara para os passageiros.

O CEO da Southwest também acrescentou dizendo que a implementação de mais uma categoria de serviço poderia bagunçar a escolha do passageiro e diminuir o valor da marca.

 

United Airlines

Foto - Boeing

Foto – Boeing

A United Airlines começou a aplicar a política de baixa tarifa para seus voos domésticos no mês passado. Entre os cortes da United está a limitação para bagagem de mão, o cliente terá direito a um espaço menor dentro da aeronave, além de não poder escolher assento na aeronave e embarcar por último. Os serviços como alimentos, bebidas, entretenimento e Wi-Fi serão mantidos pela United, para concorrer forte com as companhias Low Cost que não oferecem esses serviços para os passageiros.

A United disse que 60 por cento a 70 por cento de seus compradores escolhem a economia padrão em relação ao básico. Vale a pena notar que a tarifa básica de United tem restrições mais onerosas do que as aplicadas pela American e Delta.

 

*Pesquisa realizada às 11h do dia 24 de julho de 2017.

 

Via – Bloomberg

Texto – Aeroflap

 

 

 

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