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Crise na Ucrânia: conheça os aviões dos EUA que estão na Europa

RAF USAFE F-15E F-35B B-1B

Desde o início da crise russo-ucraniana no início de 2021, os Estados Unidos tem empregado uma série de aviões militares na região. Com a escalada das tensões, os EUA enviaram ainda mais aeronaves para reforçar as já presentes na Europa, sediadas permanentemente em bases aéreas no continente. 

Através de aplicativos de rastreamento, é possível acompanhar a trajetória de boa parte das aeronaves. As que mais aparecem em sites como o Flightradar24 são as de inteligência vigilância e reconhecimento (ISR), responsáveis por conduzir missões de observação e coletas de dados na tensa região. Washington também dispõe de caças e bombardeiros na Europa.

RQ-4 Block 40
O drone RQ-4 Global Hawk pode voar a mais de 18 mil metros por mais de 32 horas. Foto: Northrop Grumman.

F-15C/D Eagle 

O F-15 Eagle é uma aeronave veterana, mas uma das mais potentes no inventário da Força Aérea dos EUA. É o único caça do mundo a ter mais de 100 vitórias em combate aéreo sem nunca ter sido abatido por outra aeronave em combate real. 

O Eagle é um caça bimotor de longo alcance cuja missão é garantir a superioridade aérea. Por isso, é equipado apenas com mísseis ar-ar e seu canhão interno de 20mm. O modelo está presente na Europa desde a década de 1970, mas hoje apenas um esquadrão opera o Legacy Eagle no Velho Continente. 

O 493rd Fighter Squadron Grim Reapers é a última unidade de F-15C/D na Europa, e tem como sede a base aérea de RAF Lakenheath, no Reino Unido. Apesar de estar na terra da Rainha, Lakenheath abriga apenas unidades dos EUA, incluindo mais três esquadrões de caça. 

F-15C caças Polônia ucrânia
F-15C Eagle da 48ª Ala de Caças depois de pousar na Polônia com mísseis AIM-120 e AIM-9X reais. Foto: Forças Armadas da Polônia.

Com a crise na Ucrânia, 16 caças do esquadrão Grim Reapers foram enviados para a base aérea de Lask, na Polônia, onde se juntaram a outras aeronaves da OTAN. Os F-15C/D do Grim Reapers foram deslocados para o leste europeu completamente armados, carregando dois mísseis AIM-9X de curto alcance e seis mísseis AIM-120 AMRAAM de médio alcance. 

F-15E Strike Eagle 

Enquanto os Legacy Eagles são dedicados às missões de superioridade aérea, os F-15E Strike Eagle são caças-bombardeiros multimissão. O F-15E tem a mesma performance do F-15C, mas carrega até 10.4 toneladas de mísseis ar-ar, bombas guiadas, mísseis ar-solo e até ogivas nucleares, enquanto o modelo anterior emprega apenas os mísseis ar-ar. 

O F-15E é um dos principais caças da USAF e na Europa também tem como sede a base de Lakenheath, onde é operado pelos 492nd e 494th Fighter Squadron. Assim como o Grim Reapers, os esquadrões de F-15E também são subordinados à 48ª Ala de Caça, chamada de Ala da Liberdade. 

Além das unidades já presentes na Europa, a USAF deslocou 15 caças F-15E do 336th Fighter Squadron dos EUA para o Reino Unido, em janeiro. Destes, seis aviões foram deslocados para a base aérea de Ämari, na Estônia, para reforçar o Policiamento Aéreo Aprimorado (EAP) da OTAN. 

B-52H Stratofortress

Apesar de não ser permanentemente baseado na Europa, a presença do B-52 no continente é comum. Contudo, chama mais atenção quando a Rússia está ao ponto de invadir a Ucrânia. 

No dia 10/02, quatro bombardeiros B-52H chegaram à base britânica de RAF Fairford para uma missão da Força-Tarefa de Bombardeiros (BTF). Os aviões pertencem à 5ª Ala de Bombardeiros da Base Aérea de Minot, na Dakota do Norte (EUA), e cruzaram o oceano atlântico com apoio de aviões tanque KC-135 e KC-46.

Gripen B-52 Suécia EUA BTF
Dois caças JAS-39C Gripen escoltando um B-52H dos EUA. Foto: Força Aérea Sueca.

Apesar da movimentação das aeronaves acontecer em um dos picos da tensão causada por Moscou, as Forças Aéreas dos EUA na Europa e África (USAFE) afirmam que o deslocamento dos B-52 pela BTF 22-2 já estava programado havia bastante tempo. 

Desde que chegaram, os B-52 realizaram pelo menos duas missões com quase 24 horas de duração, saindo de Fairford e indo até o Oriente Médio. Em voos mais curtos, os B-52 se integraram com as forças aéreas de outras nações, com uma das aeronaves pousando na República Tcheca. 

RQ-4 Global Hawk

Uma das aeronaves que mais tem chamado atenção de quem observa o movimento de aviões pelos aplicativos de rastreamento é um drone americano. Isso porque este modelo em específico passa mais de 30 horas no ar. 

Sob os callsigns FORTE10, 12 e 14, os RQ-4 Global Hawk da USAF passam mais de um dia inteiro vigiando a movimentação e as comunicações das tropas russas na fronteira da Ucrânia. 

RQ-4 USAF UCRÂNIA
RQ-4B Global Hawk da USAF. Foto: Alan Radecki/Northrop Grumman.

A aeronave não-tripulada decola da base da OTAN de Sigonella, na Sicília, e segue em direção ao leste europeu, onde fica voando por horas seguidas, enquanto é acompanhada por curiosos, entusiastas e canais de OSINT (Open Source Intelilgence).

A base italiana também abriga os drones RQ-4D Phoenix da OTAN. Acredita-se que estes também podem estar cumprindo missões de reconhecimento na Ucrânia, contudo, não aparecem em nenhum aplicativo de rastreamento. Saiba mais sobre o RQ-4 e suas capacidades clicando aqui.

RC-135 Rivet Joint e Combat Sent 

Outra aeronave veterana, mas de grande importância para os Estados Unidos. Os RC-135V/W Rivet Joint e RC-135U Combat Sent são baseados na plataforma C-135 Stratolifter, versão militar do Boeing Dash 80 que deu origem ao 707 comercial. 

Apesar da idade, os RC-135 da USAF (e o RC-135W da RAF) carregam avançados sensores para cumprir missões de Inteligência de Sinais (SIGINT). O RC-135V/W Rivet Joint oferece suporte aos comandos de teatro e de nível nacional com capacidade de coleta, análise e distribuição de dados de inteligência quase em tempo real.

Jatos de reconhecimento de sinais RC-135V/W Rivet Joint e RC-135U Combat Sent. Foto: USAF/Airwolfhound.

Já o RC-135U Combat Sent colhe e fornece informações estratégicas de reconhecimento eletrônico ao presidente, secretário de defesa, líderes do Departamento de Defesa e comandantes de teatro. Localizando e identificando sinais de radares terrestres, navais e aéreos militares estrangeiros, o Combat Sent coleta e examina minuciosamente cada sistema, fornecendo análise estratégica para os combatentes.

As aeronaves estadunidenses decolam da Grécia. Os RC-135 já operavam com uma certa frequência sobre o Mar Negro, inclusive sendo interceptadas por caças russos. Contudo, a ameaça de invasão da Ucrânia pela Rússia trouxe um aumento dos voos destes aviões.

F-16C/D Fighting Falcon

O F-16 é o caça mais usado no mundo e o modelo mais presente na Europa, tanto pelas forças dos EUA quanto das nações operadoras no continente. A USAFE tem caças F-16C/D em duas bases europeias: Aviano, na Itália, e Spangdahlem no oeste da Alemanha. 

As aeronaves de Aviano são operadas pelos 510th e 555th Fighter Squadron, ambos subordinados à 31ª Ala de Caça. Durante os recentes picos de tensão, dois caças do 555th decolaram para uma patrulha sobre a Romênia, armados com mísseis AMRAAM e Sidewinder. Os caças multimissão receberam apoio de reabastecimento em voo de um KC-10 Extender. 

F-16C decolando de Spangdahlem com seis AIM-120. Foto: USAF.

Já os caças baseados em Spangdahlem são operados pelo 480th Fighter Squadron, subordinado à 52ª Ala de Caça. Cerca de oito F-16C/D deste esquadrão foram enviados para a base aérea de Fetesti, também na Romênia.

Segundo a USAFE, os aviões foram enviados “para melhorar a postura de defesa coletiva da OTAN e apoiar a missão de policiamento aéreo da OTAN, juntando-se aos caças italianos já implantados na Romênia.” Os F-16 de Spangdahlem estão operando ao lado de caças Typhoon da Força Aérea Italiana. 

F-35 Lightning II

O F-35 também está na Europa pela USAF e USAFE, além dos países que operam o modelo. O F-35A será permanentemente sediado em Lakenheath, onde será operado pelo 495th Fighter Squadron, que já recebeu seus primeiros caças no final de 2021. 

F-35 Hill AFB Alemanha.
Um dos F-35 da 388ª Ala de Caça antes de partir para a Alemanha na terça-feira (15). Foto: USAF.

Com a escalada de tensões, a USAF enviou mais 12 caças stealth do 34th Fighter Squadron, com sede na base aérea de Hill, em Utah. Os aviões decolaram na noite do dia 15 e pousaram na Europa no dia seguinte.

As aeronaves estão desdobradas em Spangdahlem para “reforçar a prontidão, melhorar a postura de defesa coletiva da OTAN e aumentar ainda mais as capacidades de integração aérea com nações aliadas e parceiras”. A implantação dos caças – os mais avançados dos EUA na Europa – foi coordenada junto ao governo alemão.

Porta-aviões USS Harry S. Truman (CVN-75)

O porta-aviões nuclear Harry Truman está operando no Mar Mediterrâneo sob comando da OTAN, onde realizou operações de integração com os porta-aviões Cavour da Marinha Italiana e Charles de Gaulle da Marinha Francesa

A embarcação da Classe Nimitz pode receber 90 aeronaves e está carregando caças F/A-18E/F Super Hornet, jatos de ataque eletrônico EA-18G Growler, aeronaves de alerta antecipado E-2D Advanced Hawkeye, helicópteros de transporte e guerra antissubmarino MH-60R/S Seahawk e aviões de transporte C-2A Greyhounds. O grupo completo forma a Carrier Air Wing One (CVW-1). 

F/A-18E Super Hornet sobrevoa ao lado do USS Harry Truman com mísseis AIM-120 AMRAAM e AIM-9X Sidewinder. Foto: US Navy.

Cerca de quatro Super Hornets pousaram em Aviano e depois foram até a base aérea de Fetesti, onde permanecem para reforçar a EAP da OTAN na região, junto dos Typhoons italianos e F-16 da USAFE. 

P-8 Poseidon

Baseado no Boeing 737, o P-8A Poseidon é um jato de patrulha marítima e guerra antissubmarino, mas possui sensores que lhe permitem executar missões de reconhecimento e inteligência, o que é feito com frequência em regiões de interesse.

Os P-8 da Marinha dos EUA operam principalmente a partir de Sigonella (que também recebe uma estação aeronaval da Marinha) e tem realizado uma série de voos no Mediterrâneo, acompanhando o movimento da frota russa e prestando suporte aos aliados da OTAN. Também foram realizados alguns voos pelo Mar Negro.

Boeing P-8A US Navy
Foto: Boeing,

No dia 16/02, o Pentágono reclamou que pelo menos três P-8 foram interceptados por caças russos de forma insegura no Mediterrâneo. Embora as interceptações e encontros entre aeronaves russas e ocidentais ocorram com regularidade (principalmente no Mar Báltico), não é comum que sejam realizadas de maneira insegura. A maioria das interações é considerada padrão e profissional pelos EUA. Voos dessa maneira só aumentam a sensibilidade da situação tensa na Europa. 

“Embora ninguém tenha se ferido, interações como essas podem resultar em erros de cálculo e erros que levam a resultados mais perigosos”, disse o Capitão da Marinha dos EUA, Mike Kafka, porta-voz do Departamento de Defesa, em comunicado. A Rússia não se pronunciou sobre os eventos. 

E-8 JSTARS 

Mais uma plataforma estratégica da USAF presente na Europa, o E-8C Joint Surveillance Target Attack Radar System (chamado apenas de JSTARS ou Joint STARS) é um posto de comando voador. A aeronave é baseada no antigo 707 e atua como um centro comando, controle e gerenciamento de batalha.

E-8C JSTARS. Foto: USAF.

Pelo menos um E-8C foi desdobrado na base aérea de Ramstein, na Alemanha. A partir de lá, o jato da USAF tem realizado uma série de voos na Ucrânia e no Mar Negro, cruzando dados obtidos por outras plataformas de ISR e repassando para os centros de comando. 

Com o radar de varredura eletrônica ativa (AESA) AN/APY-7 da Northrop Grumman, o E-8 realiza missões de vigilância aérea do terreno, capaz de cobrir uma área superior a 250 Km. O radar de visão lateral possui uma antena móvel de 7.3 metros de comprimento e pode operar nos modos de radar de abertura sintética (SAR), indicador de alvo móvel no solo (GMTI) e classificação de alvo do indicador de alvo fixo (FTI). 

Vigilância constante na Ucrânia

Até o momento, as aeronaves mais presentes e atuantes na Ucrânia e arredores são as de ISR. Com seus poderosos sensores e antenas, estes aviões voam por horas coletando e processando dados, imagens e sinais que serão repassados pela cadeia de comando.

Dessa forma, a OTAN e os EUA mantém a vigilância nas tropas da Rússia estacionadas na fronteira da Ucrânia e em Belarus. Com as recentes ações de Vladimir Putin, é provável que os batalhões entrem no território da Ucrânia após o reconhecimento da independência de Luhansk e Donetsk, duas regiões separatistas pró-Rússia dentro do território da Ucrânio. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Artigos, Militar, Notícias

Tags: Estados Unidos, Europa, Rússia, Ucrânia, usaexport