Em entrevista presidente da LATAM Brasil alerta: ‘A crise é enorme’

A crise na aviação chegou as transportadoras nas Américas, a LATAM Airlines, um dos maiores grupos de aviação da América Latina passa também por mudanças para se adequar a crise causada pelo novo coronavírus.

Com isso o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, deu uma entrevista alertando os grandes riscos da crise enfrentada pela empresa e quais são as medidas que serão tomadas pela empresa.

Segundo o executivo, a demanda deve ficar retraída por até seis meses e a ajuda do governo não pode ser tímida. “Não adianta um movimento pequeno. A crise é enorme.”

A companhia anunciou um corte de 70% de suas operações, o presidente explicou:

“Esse número é uma conjunção de dois fatores. Algumas rotas são impossíveis de se voar, porque fronteiras de países foram fechadas. Tem também o impacto da queda de demanda. O que é interessante é que, no dia 12, anunciamos um corte de 30% nos voos internacionais. Agora, esse número é de 90%. O principal fator é a velocidade com que as coisas estão acontecendo.”

Perguntado sobre quanto tempo uma empresa do porte da Latam pode resistir a essa crise ele alerta: ” Depende das ações do governo. Se não vier nenhuma mudança, esses 90% de voos cancelados podem virar 100% rapidamente. Aí pode acontecer de não ter mais nem voo doméstico nem internacional. É um cenário possível, que queremos evitar.

“O que podemos divulgar é o que temos feito com os Ministérios da Infraestrutura e da Economia. A gente compartilha com eles essa tendência de queda de vendas muito forte, cancelamentos e países fechando fronteiras. Na semana passada, teve um mal entendido sobre esse assunto. Não estamos tentando resolver problemas estruturais do setor nem pedindo renúncia fiscal ao governo. As empresas aéreas querem ajuda no curto prazo, porque a demanda vai voltar em algum momento.” Completou.

Jerome colocou também alguns pontos que o governo poderia ajudar as empresas e disse estar sendo ouvido: “Três coisas estão na pauta. Primeiro, ajuda para o caixa das empresas no curto prazo. Segundo, postergação de recolhimento de impostos, para ainda dentro de 2020. Empurrar para frente alguns recolhimentos de PIS/Cofins não afetaria as contas do governo em 2020, mas ajudaria as companhias. O terceiro são medidas relacionadas aos consumidores, que estão pedindo seu dinheiro de volta. A gente está tentando garantir que tenhamos maneiras mais inteligentes, neste período de crise, de pensar na devolução, seja transformado em crédito ou devolvendo o dinheiro mais para frente, quando a crise tiver sido digerida.”

“Temos sido escutados, porque o governo entende o impacto no negócio. O que eles precisam entender, como governo, é que tipo de medida é possível e por quanto tempo. A gente não participa dessas discussões. Esperamos que entre hoje (ontem) e amanhã (hoje), saia o conjunto de medidas e que ele seja suficiente. Não adianta um movimento pequeno. A crise é enorme. Nos Estados Unidos, as empresas estão pedindo US$ 50 bilhões. Na Inglaterra, 11 bilhões de libras. Esse é o tamanho da ajuda que as empresas precisam para continuar operando. Depois, esse dinheiro volta (aos cofres públicos), conforme a demanda retornar. Estamos trabalhando com a possibilidade de uma demanda reprimida durante quatro ou seis meses.” Acrescentou.

Foto: Silvia Costanti/Valor

O executivo acredita que não haverá quebra de grandes empresas mas destaca que poderá haver um processo de aquisição para suportar o período depois da crise:

“Não apostaria nesse cenário porque acho que os governos vão tomar medidas para socorrer as empresas. Diferentemente das outras crises, que eram no sistema financeiro, essa é no setor produtivo. A capacidade de os governos impedirem que haja demissões em massa ou quebra de empresas em massa vai ajudar o setor.”

Jerome completou dizendo sobre as pequenas empresas que podem ser adquiridas pelas maiores: “Acho que sim. Pode ser que se acelere esse processo ou que desapareceram pequenas empresas que não têm tamanho para se sustentar numa crise dessas. Às vezes, a consolidação é um processo mais longo. Agora, vai ser meio de supetão.”

O presidente da Latam também opinou sobre a elevação dos preços das passagens:

“Pensando nos fatores de custo do setor: um dólar a R$ 5, com 70% dos custos das companhias dolarizados, é matador. Por outro lado o petróleo despencou. São dois efeitos que não chegam a se anular. O dólar machuca mais. Mas o que vai determinar os preços mesmo são as condições de demanda: quantos passageiros teremos daqui a seis meses, se o consumidor vai se acostumar a viajar menos… Neste momento, temos de manter o mercado mais e não menos competitivo.”

 

Fonte: CNN Brasil
Texto feito por: Aeroflap

 

 

 

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