Engenheiro da Boeing alega falhas adicionais de projeto do 737 MAX

Boeing 737 MAX
Foto - Divulgação/Boeing

Um engenheiro da Boeing que no ano passado apresentou uma queixa interna de ética alegando sérias falhas no desenvolvimento do 737 MAX, escreveu para um comitê do Senado dos EUA afirmando que problemas sistêmicos com o design do jato “devem ser corrigidos antes que o 737 MAX possa retornar ao serviço.”

A carta ao Senado, uma cópia obtida pelo The Seattle Times, foi escrita pelo engenheiro Curtis Ewbank, um especialista de 34 anos que trabalha na Boeing em sistemas do cockpit.

Ele esteve envolvido em seu desenvolvimento do 737 MAX em seus estágios iniciais de desenvolvimento.

Sua carta, enviada no início deste mês, argumenta que não é suficiente para a Boeing consertar o falha do MCAS, e assim garantir a segurança do 737 MAX.

“Não tenho dúvidas de que a FAA e os legisladores estão sob considerável pressão para permitir que o 737 MAX retorne ao serviço o mais rápido possível e assim que a falha pública do MCAS for corrigida”, disse Ewbank ao Senado. “No entanto, dadas as inúmeras outras falhas conhecidas na estrutura da aeronave, será apenas uma questão de tempo até que outra equipe de voo seja sobrecarregada por uma falha de projeto conhecida pela Boeing e outras vidas sejam perdidas sem sentido”.

Cockpit do 737 MAX 8. Foto – Boeing/Leo Dejillas

Ele continua sugerindo que deficiências semelhantes nos sistemas de controle de voo podem afetar a segurança do próximo avião widebody da Boeing, o 777X.

Ele menciona que também entregou detalhes de suas alegações ao investigador principal no Comitê de Transporte da Casa dos EUA, presidido pelo deputado Peter DeFazio, D-Ore.

Em 2014, durante os primeiros trabalhos no desenvolvimento do MAX, o Ewbank trabalhou sem êxito para que a Boeing atualizasse os sistemas de controle de voo do 737 MAX adicionando um novo sistema de medição de dados chamado Synthetic Airspeed, que serviria como verificação de vários sensores. Se tivesse sido implementado, ele acredita que poderia ter evitado os acidentes fatais.

Ewbank disse: “A alta gerência encerrou o projeto (Synthetic Airspeed) por questões de custo e treinamento”.

De acordo com uma pessoa familiarizada com as discussões, a FAA e a Boeing, juntamente com o regulador europeu de segurança aérea EASA, estão discutindo várias “melhorias” do sistema que a Boeing poderia adicionar ao MAX após o retorno ao serviço, sem decisões firmes ainda.

Na semana passada, no site especializado em aviação The Air Current, Jon Ostrower relatou que o Synthetic Airspeed ou um sistema equivalente é uma das melhorias consideradas. A Boeing não confirmou isso.

Foto – Paul Gordon/Boeing

Anteriormente ele também alegou que a Boeing pressionou os reguladores da Administração Federal de Aviação (FAA) para diminuir os requisitos de certificação para o avião, principalmente no que diz respeito aos sistemas de cabine para alertar os pilotos de que algo está errado a bordo.

Depois que o Seattle Times divulgou a matéria sobre a carta do engenheiro ao governo doa EUA, a Boeing colocou o Ewbank em licença. “Podemos confirmar que Ewbank continua sendo um funcionário em boa posição”, disse o porta-voz da Boeing, Bernard Choi, nesta última semana.

Ewbank, no entanto, não destacou explicitamente outros e novos sistemas defeituosos do 737 MAX, apesar que sabemos alguns outros problemas da aeronave, como o do sistema de cabos da aeronave, algo que a Boeing já está resolvendo.

 

 

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