Adam Dickson é um ex-engenheiro da Boeing, e foi um dos responsáveis pelo 737 MAX, enquanto ele ainda estava no período de certificação. E recentemente Dickson concedeu uma entrevista para o programa BBC Panorama, contando mais detalhes do período de 30 anos em que trabalhou na empresa, e também do projeto da nova aeronave.

Durante todo o período da entrevista, Dickson declarou que a Boeing esperava sempre reduzir custos no 737 MAX, seja realizando alterações pequenas, ao invés de grandes mudanças, ou tentando mitigar o tempo gasto para a Administração Federal de Aviação (FAA) realizar a certificação.

“O objetivo era mostrar que essas diferenças eram tão semelhantes ao projeto anterior que não exigiriam uma classificação maior no processo de certificação”, disse Dickson.

“Houve muita pressão sobre os engenheiros em particular. Era para nós olharmos para quaisquer alterações no MAX como pequenas alterações. Devíamos reduzir custos e minimar mudanças”, completa Dickson.

“Eram dadas aos engenheiros metas de redução de custo em determinadas partes do projeto do avião. Era uma cultura onde cada custo tinha que sumir, uma pressão enorme. O que eu via era uma falta de recursos para finalizar o projeto na sua integridade”, disse Dickson.

Essa afirmação de redução de custos é alinhada com o depoimento de outros funcionários à mídia, ao mesmo tempo que é relatada uma certa pressa da Boeing em certificar o avião, sendo que a análise de alguns sistemas ficava a cargo da própria empresa, ao invés de ser da FAA, incluindo o defeituoso software da aeronave.

“Minha família não vai voar nele [Boeing 737 Max]. É assustador ver que os enormes incidentes ocorreram porque o sistema não funcionou como deveria e nada está realmente sendo feito”, disse o engenheiro.

Em nota a Boeing disse à BBC:

“Sempre nos mantivemos fiéis aos nossos valores de segurança, qualidade e integridade, e esses valores são complementares e reforçam-se mutuamente com a produtividade e o desempenho da empresa”, disse a Boeing em nota para a BBC.