Exército Brasileiro recebe autorização dos EUA para comprar 222 mísseis Javelin

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O Departamento de Estado dos EUA aprovou a venda de 222 mísseis antitanque FGM-148 Javelin para o Brasil. A compra dos mísseis pelo Exército Brasileiro, avaliada em US$ 74 milhões (cerca de R$ 379 milhões), ainda deve ser aprovada pelos congressistas norte-americanos.

Segundo o Agência de Cooperação em Defesa e Segurança (DSCA), o Exército Brasileiro (EB) solicitou autorização para comprar, além dos mísseis, 33 Unidades de Comando de Lançamento (CLU), mísseis de treinamento, Treinadores de Habilidades Básicas de Produtividade Aprimorada e serviços de assistência técnica e logística.

Fuzileiros Navais dos EUA disparando um míssil FGM-148. O EB requisitou a compra de 222 mísseis e 33 CLUs. Foto: USMC.

A compra dos mísseis, usados principalmente para destruir blindados e tanques de guerra, ocorre através do Programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS). O programa serve como um facilitador de compras de vários artigos militares, desde canhões à helicópteros e aviões de caça.

Dessa forma, a DSCA atua como intermediária entre os governos e as fabricantes. A aquisição pode ser financiada tanto pelos EUA quanto pelo país comprador. 

 

“Essa venda proposta apoiará a política externa e os objetivos de segurança nacional dos Estados Unidos, melhorando a segurança de um importante parceiro regional que é uma força importante para a estabilidade política e o progresso econômico na América do Sul”, diz a DSCA em comunicado. 

A agência também afirma que a compra dos mísseis Javelin “melhorará a capacidade do Exército Brasileiro de enfrentar ameaças futuras, aumentando sua capacidade antiblindagem. O Brasil não terá dificuldade em absorver essas armas em suas forças armadas”, e ainda destaca que a “a proposta de venda desses equipamentos e suporte não alterará o equilíbrio militar básico da região.”

Retórica de Bolsonaro teria atrasado autorização dos EUA

Fontes da Reuters disseram que a encomenda dos mísseis pelo EB estava parada há meses devido às preocupações dos legisladores americanos com os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral do País. No entanto, o Pentágono destaca que a proposta de venda não necessita de nenhum procedimento por parte do governo americano. 

O pedido foi feito quando Donald Trump, aliado de Bolsonaro, estava na Casa Branca. O Departamento de Estado dos EUA aprovou a proposta no fim de 2021, apesar das objeções de algumas autoridades de baixo escalão, disseram à agência duas pessoas próximas ao assunto.

Secretário de Defesa dos EUA Lloyd J. Austin III participou de evento para Ministros de Defesa em Brasília. Foto: Lisa Ferdinando / Pentágono.

Segundo a Reuters, o acordo estava em um limbo jurídico em razão das preocupações de senadores e deputados democratas com os questionamentos que Bolsonaro tem feito sobre a integridade das eleições no Brasil.

O governo de Joe Biden tem ficado cada vez mais em alerta com os comentários de Bolsonaro sobre as eleições. O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, pediu “respeito à democracia do Brasil” em reunião regional de ministros da Defesa, em julho.

Antes disso, em visita ao Brasil, no ano passado, o diretor da CIA, William Burns, afirmou aos assessores de Bolsonaro que era preciso “parar de minar a confiança no processo eleitoral do País”.

Sobre o míssil

O FGM-148 Javelin é produzido por uma joint-venture entre Lockheed Martin e Raytheon, duas gigantes do setor de defesa estadunidense. O Javelin foi desenvolvido na década de 1990 como o Advanced Anti-Tank Weapon System-Medium (AAWS-M) para substituir o míssil antitanque M47 Dragon. 

Soldado norueguês carregando um míssil Javelin. Foto: Soldatnytt via Wikimedia.

O Javelin tem dois componentes principais: o CLU, que é por onde o operador faz a pontaria e disparo do míssil, e o Conjunto do Tubo de Lançamento, que carrega e lança o míssil quando acoplado ao CLU. Depois do disparo o tubo de lançamento pode ser descartado, enquanto o CLU pode ser reutilizado com outro míssil. O conjunto completo pesa aproximadamente 22 kg. 

Depois de ser lançado, o míssil sobe a cerca de 150 metros, desce e atinge o alvo desejado por cima onde a blindagem é mais fraca, um método de engajamento chamado de top-attack. O Javelin ainda pode ser empregado contra bunkers e até mesmo helicópteros em voo pairado ou de baixa velocidade. 

Se adqurido, o Javelin será um dos mísseis mais letais do arsenal do Exército Brasileiro. Foto: Exército dos EUA.

O míssil Javelin faz parte do arsenal de 22 países e, embora famoso, voltou a ganhar notoriedade com a invasão da Ucrânia pela Rússia que, em agosto, deve completar seis meses. Segundo o Pentágono, mais 5500 mísseis foram transferidos aos ucranianos só pelos EUA. Kiev já havia adquirido 210 mísseis em 2018.

A mais recente doação dos EUA à Ucrânia inclui 1000 mísseis Javelin

Soldados do 19º BI Mtz do Exército Brasileiro com um lançador de foguetes Carl Gustaf M3, uma das principais armas antitanque do Brasil. Foto: EB.

Neste conflito, o Javelin tem demonstrado grande sucesso ao destruir uma série de blindados e carros de combate russos. A Rússia ainda tentou adaptar uma espécie de gaiola de proteção, chamada Cope Cage, por cima da torres dos tanques. No entanto, a ideia se provou inútil contra o Javelin. 

Se o Brasil seguir em frente com a compra dos mísseis, o FGM-148 Javelin se tornará uma das armas mais avançadas disponíveis em todo o arsenal brasileiro. 

Com informações de Estadão e DSCA

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: EUA, Exército Brasileiro, Javelin, Mísseis, usaexport

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