F-35: atrasos de produção causados pela Covid-19 trazem prejuízos à Northrop Grumman

F-35 A USAF Front
Lockheed Martin F-35A Lightning II. Foto: Ronald Bradshaw - USAF.

O impacto da pandemia de Covid-19 na linha de produção do F-35 trouxe prejuízos à Northrop Grumman, parceira do programa. A companhia incorreu em cobranças totalizando US$ 93 milhões contra o programa Lockheed Martin F-35 no ano passado, devido à vendas reduzidas e efeitos comerciais relacionados à pandemia.

A maior parte do impacto se concentra na unidade de negócios de Sistemas Aeronáuticos da empresa. O montante foi resultado de um “ajuste de estimativa na conclusão desfavorável”, informou a Northrop na quinta-feira (27) ao divulgar os resultados de 2021. Ela atribui o déficit a “impactos contínuos de produção relacionados ao trabalho, em grande parte impulsionados pelo Covid-19”.

A Northrop Grumman é uma das principais empresas parceiras do programa F-35, sendo responsável por produzir a fuselagem central do caça na sua planta em Palmdale, na Califórnia. 

F-35 fuselagem central northrop

Fuselagem central do F-35, produzida pela Northrop Grumman.

A empresa afirma que “durante o quarto trimestre de 2021, modificamos nosso plano de produção do F-35 para suportar um fluxo mais consistente no programa e esperamos aumentar gradualmente a taxa de produção ao longo do tempo, à medida que os impactos relacionados ao Covid-19 diminuem.”

“A pandemia de Covid continuou a apresentar desafios à disponibilidade de mão de obra, fornecimento de peças e atrasos no envio, principalmente no segundo semestre do ano passado”, disse a executiva-chefe Kathy Warden durante uma teleconferência de resultados.

A chegada das variantes Delta e Ômicron da Covid-19 teve relação direta com as altas taxas de ausência de funcionários na linha de produção do F-35, bem como nos procedimentos de isolamento de funcionários associados da empresa. “Continuaremos a tomar medidas proativas para lidar com esses riscos de Covid para nossos funcionários e nossos negócios”, acrescenta Warden.

 

A Northrop relatou vendas totais no valor de US$ 35,7 bilhões em 2021. Isso marcou uma redução de 3% em relação aos quase US$ 36,8 bilhões no ano anterior. Este desempenho posicionou a companhia em quinto lugar no último ranking das 100 maiores empresas aeroespaciais.

A empresa diz que recebeu US$ 2,2 bilhões em contratos relacionados ao F-35 para o ano inteiro em 2021, juntamente com US$ 400 milhões no programa de aeronaves de alerta antecipado e controle E-2 Advanced Hawkeye e US$ 300 milhões no drone RQ-4 Global Hawk/Triton. A companhia também garantiu negócios no valor de US$ 6,1 bilhões “para programas classificados [secretos]” em suas unidades de Aeronáutica, Sistemas de Missão e Sistemas Espaciais.

Contudo, a Northrop não apresentou nenhuma informação nova sob os bombardeiros stealth B-21 Raider. O desenvolvimento e produção dos bombardeiros continua sendo uma atividade classificada. Em 2021, a Força Aérea dos EUA afirmou que cinco Raiders estavam sendo produzidos em Palmdale. A expectativa é de que o primeiro voo do novo avião stealth ocorra ainda neste ano. 

Warden reconhece que a Northrop está enfrentando “ventos contrários” devido ao declínio dos negócios em programas “em amadurecimento” como o Global Hawk e em apoio ao F/A-18E/F Super Hornet da Boeing, mas acredita que novas oportunidades – como requisitos para aeronaves e sistemas não-tripulados de nova geração para o Departamento de Defesa dos EUA – a levará além desses desafios por volta de 2024.

RQ-4D Phoenix da OTAN. Foto: OTAN.

Paralelamente, Warden revela que a divisão de Sistemas de Missão da empresa recebeu um contrato de aproximadamente US$ 200 milhões no último trimestre de 2021 relacionado à produção acelerada de radares AN/APG-83 SABR de varredura eletrônica ativa (AESA) para os caças F-16 Viper. A Northrop já garantiu pedidos para quase 1.000 radares AESA da Força Aérea dos EUA, Guarda Aérea Nacional e vários outros clientes internacionais, afirma. 

Via Flightglobal

 

Quer receber nossas notícias em primeira mão? Clique Aqui e faça parte do nosso Grupo no Whatsapp ou Telegram.

 


Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.