FAA recusa pedido da Boeing e produção do 787-10 pode ser limitada até 2019

Em abril deste ano a Boeing solicitou à FAA (Administração Federal de Aviação nos EUA) uma isenção para a certificação do 787-10 com motores GEnx da GE, visto que os mesmos tem atualmente um bug no software que está sendo corrigido pela fabricante.

Mas nesta semana a FAA recusou a certificação da aeronave com esse detalhe por fazer, e pode levar até mesmo ao atraso das entregas do 787-10 com motores GEnx.

Essa isenção serve para que a Boeing consiga certificar o 787-10 com motores GEnx-1B até setembro deste ano, anulando a necessidade de uma correção de bug para os motores imediatamente, e liberando a linha de produção para fazer as entregas.

Com a recusa da FAA, a Boeing disse que a isenção não mudaria a classificação de segurança do 787-10, mas a FAA solicitou novamente que a Boeing enviasse estatísticas sólidas, com base no programa de certificação do 787-10 com motores GE GEnx. A Boeing tem o curto prazo até o dia 30 de junho para recorrer.

Caso a FAA não aceite, a Boeing ficará “na mão” da GE, que prometeu entregar um software atualizado só em 20 de dezembro de 2019, atrasando a certificação em mais de um ano. A fabricante disse que pode entregar mais cedo a atualização, mas depois que terminar a investigação de um incidente em voo, que aconteceu em julho de 2017.

A Boeing ressaltou para a imprensa que o 787-10 tem mostrado um desempenho impecável com a Singapore Airlines, que foi a primeira companhia que recebeu a aeronave, porém com motores Rolls-Royce Trent 1000. A economia de combustível está acima dos concorrentes, e o índice de despacho agrada a companhia.

 

O Problema

O incidente está ligado à certas condições raras, onde minúsculos cristais de gelo podem se formar em lâminas e palhetas dentro do GEnx-1B. A família de motores Trent do R-R parece imune ao problema, mas os cristais de gelo acumulados no motor GEnx podem se desprender repentinamente, causando um desligamento durante o voo.

Foto – Reuters/Toru Hanai

Há dois anos a GE resolveu esse problema introduzindo uma modificação de software. Se forem detectadas condições de congelamento de cristais de gelo (ICI), o software comanda as palhetas-guia de entrada variáveis (um conjunto de portas internas usadas para descartar detritos de objetos estranhos na decolagem ou aterrissagem) para abrir e ejetar o gelo antes que ele entre no núcleo do motor.

O problema só será totalmente resolvido em um pacote de atualizações denominado B200, visto que o software de 2016 até funciona, mas tem um bug relacionado ao comando da palheta para abrir. O software antigo já tem a capacidade de religar o motor automaticamente, como no incidente de julho de 2017.

A atualização de software da GE, disponível até 2019, vai inserir uma lógica para estender as proteções ICI nos níveis de potência do motor, com finalidade de melhorar o funcionamento acima de 35.000 pés.

De acordo com a Boeing, esse problema não afeta nem a certificação ETOPS dos 787-8 e 787-9 com motores GEnx, mas como o 787-10 ainda está em processo de certificação, a FAA precisa ficar ciente desse ponto e anotar isso para o aviso ser realizado às companhias aéreas clientes.

 

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