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FAB celebra 90 anos do CAN e da Aviação de Transporte

KC-390 Millennium C-130 Hércules FAB

Neste sábado (12), a Força Aérea Brasileira celebra os 90 anos do Correio Aéreo Nacional (CAN) e da Aviação de Transporte. Criados em 1931, o CAN e a Aviação de Transporte são mais antigos que a própria FAB. Com o lema “Lançar, Suprir, Resgatar!”, a Aviação de Transporte tem se destacado mais recentemente pelo seu trabalho na Operação Covid-19. 

Nesses 90 anos, a FAB ampliou sua capacidade de apoiar as atividades operacionais e administrativas das Forças Armadas e da sociedade brasileira como um todo. A aeronave multimissão KC-390 Millennium, por exemplo, responsável por garantir o fluxo de pessoal, equipamentos e suprimentos, demandado pelos mais diversos setores do País, destaca a instituição. 

Uma cerimônia em celebração à marca de 90 anos foi realizada no Campo dos Afonsos (RJ) e contou com o sobrevoo de um C-130 Hércules e um KC-390 acompanhado por dois caças F-5EM Tiger II.

O Campo dos Afonsos, que é sede do Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF) e do Museu Aeroespacial (MUSAL) é considerado o berço do CAN: em 12 de junho de 1931, a bordo de um biplano Curtiss Fledgling, os Tenentes Nelson Freire Lavénère Wanderley e Casemiro Montenegro Filho decolaram do aeródromo carregando um um malote com duas cartas que deveriam ser entregues à sede dos Correios e Telégrafos em São Paulo. 

Os militares não conseguiram encontrar o Campo de Marte, então pousaram no Jockey Club e levaram o material a pé, cumprindo a missão. Sob o comando do então Major Eduardo Gomes – militar que mais tarde seria considerado o Patrono da Força Aérea Brasileira – o Correio Aéreo Militar expandiu suas operações.

Com a criação do Correio Aéreo Naval, mais destinos vieram. A criação da FAB em 1941 uniu as aviações do Exército e Marinha em uma única instituição e, dessa forma, foi criado o Correio Aéreo Nacional. 

Aeronaves C-98 Caravan e C-105 Amazonas engajadas na Operação COVID-19. Foto: Soldado A. Soares/FAB.

Ao longo dos anos a Aviação de Transporte tem trabalhado em prol da integração nacional, chegando aos mais longínquos rincões do Brasil. Aeronaves como o PBY Catalina, Douglas C-47, C-95 Bandeirante e C-115 Búfalo fizeram história ao pousar em locais isolados no meio da Amazônia, levando mantimentos e materiais de saúde, como vacinas, para populações indígenas. 

Com a chegada do C-130 Hércules em 1964, a FAB passou a ter uma capacidade ainda maior. A aeronave que hoje é operada pelo Esquadrão Gordo, unidade com sede na Ala 11 (RJ), é empregada em missões de transporte de tropas, transporte logístico, combate a incêndio, busca e salvamento, lançamento de paraquedistas, reabastecimento em voo e demais operações, incluindo voos em suporte à Marinha do Brasil na Antártica.  

Nos dias de hoje, a Aviação de Transporte da FAB emprega as aeronaves C-95 Bandeirante, C-97 Brasília, C-98 Caravan, C-99, U-100 Phenom, C-105 Amazonas, C-130 Hércules, e KC-390 Millennium em 13 esquadrões dispostos em diferentes regiões do país. Os pilotos de transporte da FAB são formados pelo Esquadrão Rumba na Ala 10 (Parnamirim/RN) no C-95M. 

Aeronaves da C-95M Bandeirante do Esquadrão Rumba. Com sede na Ala 10, a unidade é responsável pela formação de pilotos das Aviações de Transporte e IVR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento). Foto: Cabo Feitosa/FAB.

Mulheres no Transporte

Em mais um marco histórico, a Aviação de Transporte se destaca por ter a primeira mulher na função de Oficial de Operações de um Esquadrão Aéreo, destaca a Força Aérea. A Major Aviadora Joyce de Souza Conceição, integrante da primeira turma de mulheres da Academia da Força Aérea (AFA), iniciou a carreira em 2003.

No Esquadrão Rumba (1º/5º GAV) realizou especialização operacional, em 2007. Posteriormente, em 2008, atuou no Esquadrão Cobra (7º ETA). O ingresso na primeira linha da Aviação de Transporte ocorreu em 2012, no Esquadrão Gordo (1º/1º GT), onde permanece até hoje. Desde janeiro deste ano, a Oficial desempenha a função de Operações.

O cargo exige grande capacidade de planejamento e organização, de maneira a manter o preparo operacional do Esquadrão, a fim de prover o emprego com eficiência dos meios em prol da Força Aérea. Esta é a primeira vez que uma militar mulher assume tal função em toda a FAB.

A Major Joyce nos comandos do C-130 Hércules. Foto: FAB/Divulgação.

“A bordo dessa icônica aeronave, o C-130 Hércules, que ainda hoje é um vetor de grande importância, tive a oportunidade de realizar missões de interesse nacional, no Brasil e no exterior, em apoio à Marinha do Brasil e ao Exército Brasileiro, além de outros órgãos governamentais. Cumpri toda a trajetória operacional prevista na Unidade, como o lançamento de cargas, lançamento de paraquedistas, reabastecimento em voo, busca e salvamento, combate a incêndio em voo e missão na Antártica. Hoje carrego, com orgulho esta responsabilidade”, observou.

Operação COVID-19

Em 20 de março de 2020 o Ministério da Defesa iniciou a Operação COVID-19, unindo as três forças armadas sob um comando conjunto para atuarem no combate à Pandemia do Novo Coranavírus. Antes mesmo da operação, a FAB cumpriu a missão de repatriar 34 brasileiros – sendo 31 civis e três diplomatas – que estavam em Wuhan, na China, onde a pandemia teve início. 

Desde o início da Operação mais de 49 cidades do país receberam voos da FAB, que realizou missões de transferência e pacientes e evacuações aeromédicas e o transporte de vacinas, insumos, medicamentos, hospitais de campanha, equipamentos de proteção individual e Oxigênio líquido ou gasoso. 

Isocontainer de oxigênio sendo carregado em um cargueiro KC-390. Foto: FAB/Divulgação.

Segundo informações obtidas através de Lei de Acesso à Informação, entre março de 2020 e abril de 2021, a FAB transportou 4549 toneladas de materiais e realizou a transferência de 849 pacientes.

Mais recentemente, a instituição tem empregado, desde o dia 04 de junho, aeronaves C-105 Amazonas do Esquadrão Onça na transferência de pacientes de Campo Grande (MS) para outras cidades, incluindo São Paulo (SP) e Porto Velho (RO).

O Mato Grosso do Sul está enfrentando um colapso do seu sistema de saúde, então os pacientes são transferidos para localidades para aliviar a pressão que a pandemia tem exercido no Estado. 

C-105 do Esquadrão Onça recebendo pacientes. Foto: FAB/Divulgação.

O Futuro

Em novembro do ano passado, o então Comandante da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, apresentou um novo projeto de avião de transporte para a FAB, o Embraer Stout (Short Take-Off Utility Transport)A aeronave que se destaca por ser híbrida está em desenvolvimento e será o substituto do C-95 Bandeirante e C-97 Brasília. 

O avião poderá transportar 30 soldados ou 24 paraquedistas, terá capacidade para transporte de cargas e descargas com pallets, bem como transporte de veículos e uma rampa traseira além da autonomia projetada de 2425 quilômetros. 

Em 2013, os Boeing KC-137 (707) foram aposentados e uma lacuna se abriu: a FAB perdeu sua capacidade de reabastecimento em voo de transporte de longo alcance, importante para um país de grandes dimensões como o Brasil. Em 2016, a lacuna foi parcialmente preenchida com o arrendamento de um Boeing 767-300ER que esteve sem serviço até 2019. 

No final de janeiro desse ano, o Presidente da República anunciou em transmissão ao vivo a aquisição de dois A330 para a Força Aérea, que seriam pagos com recursos resgatados através da Operação Lava Jato. No entanto, no dia 07 de março o Ministério da Economia negou o crédito extraordinário de R$ 500 milhões para a compra das aeronaves de grande porte, alegando que as razões apresentadas pela FAB não justificavam os recursos. 

Projeção artística do A330 MRTT em serviço na FAB.

Em mais uma reviravolta, o Ministério da Defesa aprovou, no dia 10 de maio, a aquisição de duas aeronaves de reabastecimento em voo usadas. No documento publicado no Diário Oficial da União, destaca-se a retirada da exigência de acordos de compensação comercial, tecnológica ou industrial do Projeto KC-X3, como o Comando da Aeronáutica chama o processo.

A compra de duas aeronaves de grande porte comumente levanta questionamentos sobre o KC-390 Millennium, que também fará voos de reabastecimento, missão atualmente realizada pelos KC-130 Hércules.

É importante destacar que o KC-130 e KC-390 são aeronaves táticas: tem uma autonomia menor, assim como a capacidade de combustível transferível, mas podem ser empregados e diferentes missões, capazes de transportar e de blindados, paraquedistas e cargas de grande volume graças ao seu compartimento interno de grande volume, além da porta traseira. 

KC-390 reabastecendo um par de caças-bombardeiros A-1 AMX durante testes no Rio Grande do Sul. Foto: Claudio Capucho – Embraer.

Já o Airbus A330 MRTT (Multi Role Tanker Transport) é uma versão militarizada do avião comercial A330, tendo maior autonomia, maior capacidade de transporte de pessoal – inclusive macas e UTIs aéreas, além do maior volume de combustível transferível.

Por seu valor de aquisição e características operacionais, é considerado um avião estratégico que, se realmente for adquirido no futuro, operará em sinergia com as aeronaves Hércules e Millennium. 

Todavia, a informação de que a FAB vai reduzir o pedido inicial de 28 KC-390 da Embraer pode não ser uma boa notícia para o A330. Falando à jornalista Andrea Jubé do Valor Econômico, o Tenente-Brigadeiro Carlos Baptista Jr., atual Comandante da Aeronáutica, disse que equipes da FAB e Embraer trabalham na renegociação do contrato, que agora cobrirá entre 13 e 16 aeronaves

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias

Tags: Aviação de Transporte, Força Aérea Brasileira, KC-390, usaexport

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