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FAB quer comprar mais 30 Gripens e descarta o F-35 dos EUA

O primeiro Gripen Brasileiro, o FAB 4100, ainda com sua primeira adesivagem. Foto: SAAB.

Em entrevista à Folha, o Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr., revelou que a instituição quer adquirir mais um lote de 30 caças Saab Gripen, elevando para 66 o número total de aeronaves. O Oficial-General também disse que os boatos de que a FAB estaria avaliando o F-35 Lightning II dos EUA são um “delírio”. 

Em entrevista de junho de 2021, o Ten-Brig Baptista Jr já havia afirmado que o desejo da FAB era ter entre 60-70 Gripens, reconhecendo que o número de 36 aviões adquirido é muito baixo. 

“O planejamento baseado em capacidade nos leva hoje, pelas nossas hipóteses de emprego, a 66 aviões”, disse o Comandante à Igor Gielow da Folha de São Paulo. Segundo ele, existe a intenção de comprar mais 30 aeronaves e já há discussões iniciais sobre este segundo lote de caças.

JAS-39E F-39E Gripen produção
Os primeiros Gripen E de série, entregues ao Brasil e Suécia. Foto: Saab.

Baptista Jr. reconhece as restrições impostas pelo orçamento. Em outra entrevista, também assinada por Gielow, ele falou sobre o corte no contrato de 28 aeronaves Embraer KC-390.

“O ministro Raul Jungmann falou isso quando assumiu: precisamos caminhar do possível para o necessário. O que é possível com o limite orçamentário que é dado. Se isso me deixa fazer um desembolso de prioridades e pagar R$ 1 bilhão por ano em KC-390, só posso pagar um avião e meio por ano. Comprar 28, só vamos receber daqui a 14 anos, não faz sentido para nós ou para a Embraer. Há processos de obsolescência a analisar.”

Sobre os recentes boatos de que a Força Aérea poderia estar analisando o caça stealth F-35 dos EUA, ele afirmou: “Isso é delírio.” A conversa surgiu do portal DefesaNet em dezembro, após a Finlândia anunciar o F-35 como vencedor da sua licitação de caças. No caso, o jato americano superou o JAS-39E Gripen, mesmo modelo adquirido pela FAB em 2014.

Gripen KC-390 Anápolis FAB
As duas mais novas aeronaves da FAB, F-39E Gripen e KC-390 Millennium, no pátio da Base Aérea de Anápolis. Foto: Suboficial Johnson/FAB.

Baptista desmentiu a “possibilidade” pouco depois da publicação da matéria: “Não acredito que qualquer brigadeiro da ativa da FAB tenha dado esta informação, pois todos sabem que a decisão já tomada pelo Alto-Comando da Aeronáutica (a quem cabe estas decisões estratégicas) é de buscarmos a contratação de um segundo lote de Gripen E/F”, afirmou ao site Poder Aéreo. 

Armamentos para o Gripen

Um dos focos da entrevista foram os dois modelos de mísseis que a FAB adquiriu para equipar o F-39 Gripen: o IRIS-T, de curto alcance e guiado por calor, e o Meteor, de longo alcance e guiado por radar ativo. 

Segundo a Folha, a tabela Sipri do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo aponta que a FAB pagou cerca de R$ 1,2 bilhão por 100 mísseis, cujo primeiro lote já está no Brasil. 

Sobre o IRIS-T, não à dados na tabela Sipri e a FAB não comenta sobre. De qualquer forma, são os dois mísseis ar-ar mais modernos na América do Sul, superando a dupla AIM-9 + AIM-120 dos F-16 da Força Aérea Chilena e o trio R-73 + R-27 + R-77 que equipa os polêmicos Su-30MKV da Aviação Militar Bolivariana (Força Aérea Venezuelana). 

Infográfico: Luciano Veronezi – Folha.

Os F-39 também devem receber as bombas inteligentes SPICE da israelense Rafael, além de versões mais modernas dos casulos de aquisição de alvos e reconhecimento LITENING e RecceLite, também fabricados pela Rafael. 

Já o míssil A-Darter, desenvolvido pela África do Sul e Brasil, já é dado como descartado. Era esperado que ele também fosse integrado ao F-39, mas isso não deverá ocorrer por conta das condições financeiras das duas empresas participantes. A Mectron brasileira ruiu depois da Operação Lava-Jato (a empresa pertencia à Odebrecht Defesa).

Já a Denel sul-africana, maior responsável pelo projeto do míssil, “basicamente quebrou nos últimos anos”, aponta a reportagem. “Quase declarou falência e se viu envolvida em um grave escândalo de corrupção, deixando na prática de desenvolver produtos.”

Entregas

Segundo a matéria, os quatro novos Gripens, entregues à FAB pela Saab em novembro, devem chegar ao país ainda neste semestre. A expectativa era de que pelo menos dois aviões fossem enviados ao país ainda em janeiro, o que não ocorreu. 

Gripen E F-39 série saab
Foto: Saab.

A FAB quer estar com seis aviões até o fim do ano. Após a chegada ao Brasil, os caças passarão pelo processo de certificação militar, trabalho que deve ter duração de seis meses, acredita o Comandante.

Apenas depois deste processo que os aviões poderão entrar em serviço, o que ocorrerá junto ao 1º Grupo de Defesa Aérea, o Esquadrão Jaguar, com sede na Base Aérea de Anápolis – Ala 2, em Goiás. A unidade, que já teve os caças com a melhor performance no país, atualmente emprega os caças F-5EM/FM Tiger II para a defesa do Planalto Central. 

Gripen hangar anápolis fab
O F-39 em um dos novos hangares de linha de voo da Base Aérea de Anápolis, os chamados hangaretes, construídos para receber os caças suecos. Foto: Suboficial Johnson Barros/FAB.

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias

Tags: F-35, F-39, fab, Força Aérea Brasileira, Gripen, Gripen E, KC-390, SAAB, usaexport