Fabricante de motores da Rússia planeja parceria com o Brasil

Eric Drouin / Safran

A tecnologia de fabricação de motores à reação em todo o mundo é bem segmentada, quase tão limitada quanto o número de fabricantes de grandes jatos. Os americanos dominam essa tecnologia, através da P&W e da GE, os europeus tem grande participação através da Snecma, Safran e Rolls-Royce, enquanto os russos compõem a outra ponta do mercado, fabricando motores avançados para equipar suas aeronaves.

Um motor de nova geração da Rússia que está se destacando pela alta confiabilidade é o PowerJet SaM146, fabricado em conjunto pela Snecma e Saturn, esta última uma empresa da Rússia, para equipar o Sukhoi SSJ100, um jato regional de passageiros que a Rússia está tentando registrar altas vendas desde 2005.

Jean-Christophe Moreau / Creative Center / Safran

Mas isso não diminui o nível de tecnologia implementado no motor, bem como a competitividade da empresa no mercado internacional, durante um painel com jornalistas a Saturn relatou que atualmente colabora na fabricação conjunta do motor CFM 56, além de fornecer peças para a Snecma e motores para os SSJ 100 da Interjet, uma companhia aérea do México. Os motores da Saturn ainda equipam o HAL HJT-36 Sitara, uma aeronave indiana.

Mas Mikhail Berdennikov afirmou para o Sputnik que uma das metas da empresa é se expandir no mercado brasileiro, porém ele reconhece a dificuldade de competir com os aviões da Embraer.

Denis Mitrofanov/Snecma

“Gostaríamos muito de contar com podermos fornecer aviões ao Brasil, quero dizer o Sukhoi SuperJet. Mas o Brasil é o país da Embraer, por isso vender para lá os SSJ100 não é uma tarefa fácil. Acreditamos que a questão de parceria na construção de motores e na de aviões é, do nosso ponto de vista, algo lógico no contexto dos BRICS. Resta esperar que esta nossa aspiração seja ouvida e comecemos cooperando”, disse Berdennikov, diretor do projeto do SaM146.

 

Nota do Editor

Berdennikov não ressaltou partes sobre a transferência tecnológica para o Brasil e nem sobre a abertura de uma fábrica na América Latina, especificamente no Brasil. A empresa poderia facilmente dar um salto ao oferecer seus motores para a Embraer equipar seus jatos, já que inserir o Sukhoi no mercado brasileiro é quase impossível.

Ao mesmo tempo o Brasil fabrica aeronaves de alta competitividade, a Embraer já fabricou mais de 1300 jatos da linha E-Jet e assume uma posição de líder no mercado regional nos dias atuais, enquanto a Sukhoi luta para vender o SSJ100, que já sofre em termos de competitividade com o CS100 da Bombardier.

Vemos o caso da Pratt & Whitney com o Pure Power como um exemplo disso, mesmo os motores registrando vários problemas depois de certificado, a parceria da empresa com fabricantes sólidas (Airbus, Embraer) não manchou a imagem do motor, e evitou um grande cancelamento de encomendas.

A parceria da Saturn com empresas sólidas deveria ser considerada no Brasil, ao mesmo tempo que as empresas brasileiras deveriam aprender os processos de se fabricar um bom motor, totalmente nacional.

O Sukhoi SSJ100 não é ruim, ele só é russo, há uma clara dificuldade da Rússia em competitividade no mercado mundial, bem como a China, que no momento registra 90% das encomendas para o Comac C919 por empresas do próprio país. A Rússia não tem um mercado interno de aviação tão grande como a China, o que inviabiliza qualquer projeto grandioso em tempos de capitalismo.

 

Via – Sputnik

 

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