Finnair retoma voos acima do Polo Norte para contornar bloqueio de Espaço Aéreo

Finnair Airbus A350
Foto: Airbus/Finnair

O bloqueio do espaço aéreo russo para companhias aéreas da Europa foi um duro golpe para as empresas europeias, que precisaram alterar as suas rotas ou cancelar voos. Mas a dificuldade extra criou uma oportunidade para a Finnair explorar alternativas diferentes, e se destacar no mercado.

Sem conseguir sobrevoar a Rússia, a Finnair tinha duas opções para continuar com seus voos de Helsinque para Tóquio. A mais intuitiva das opções era contornar a Rússia pelo sul do país, como algumas aéreas estão fazendo, mas enfrentando os humores dos ventos em alta altitude.

Contudo, a Finlândia fica perto do Polo Norte do planeta Terra, e a companhia começou a estudar um novo tipo de rota contornando a parte superior da Rússia, que prometia encurtar o tempo de viagem. 

 

Dias de planejamento para garantir o sucesso

Foto: Finnair

Em 1983, a Finnair foi a primeira companhia aérea a voar sem escalas da Europa para o Japão, sobrevoando o Polo Norte, portanto, operar na região polar não é novidade para a Finnair. Mas depois de uma pausa de quase 30 anos, havia muitos detalhes que precisavam ser cuidadosamente planejados.

Apesar do Airbus A350 ter uma avançada capacidade ETOPS, o planejamento precisou incluir novos aeroportos para caso os pilotos necessitem pousar o avião em emergência. Um outro problema é a bússola magnética, que não pode ser considerada em um voo deste tipo como fonte principal da direção de navegação.

*O ETOPS 300min do A350 corresponde a uma distância de 3704 Km em que a aeronave poderá voar dentro de um raio onde não conta com opções de aeroporto para alternar, caso aconteça uma pane com algum motor.

A tripulação do convés de voo para o voo HEL-NRT de 9 de março: Capitão Kari Holopainen (comandante do voo), capitão Tuomas Kukkonen, capitão Aleksi Kuosmanen e co-piloto Juha-Pekka Nykänen.

“Havia aeroportos ao longo da rota polar – na Escandinávia, norte do Canadá, Alasca e norte do Japão – que não tínhamos usado antes, então muita coleta de informações foi feita para garantir que nossos aeroportos alternativos definidos sejam viáveis ​​para uso”, disse Aleksi Kuosmanen, piloto do Airbus A350 na Finnair.

Originalmente um voo entre Helsinque e o Aeroporto de Narita (Tóquio) tem 09 horas de duração, utilizando o espaço aéreo da Rússia. Com essa nova rota o tempo de voo total é estimado em 12h15.

Aleksi completou: “Voar sobre o Polo Norte provavelmente faz parte da lista de desejos de todo piloto de longa distância e, para mim, esse voo teve um significado pessoal extra.

Aleksi observa que realmente voar sobre o Polo Norte foi muito tranquilo. “A única diferença notável foi que a boa e velha bússola magnética que temos no convés de voo deu um pouco de errado. A bússola magnética é apenas para uso de backup, e existem outros sistemas de navegação na aeronave que mantêm a precisão da navegação também ao voar sobre o Polo Norte.”

 

O avião utilizado na rota

O A350XWB da Finnair opera em uma configuração de 3 classes com um total de 297 assentos, sendo deles 46 na Business, 43 na Economy Confort e 208 na Economy. No total a Finnair adquiriu 19 aviões A350 XWB.

“Nossas dez aeronaves A350 mais recentes são certificadas para ETOPS 300 minutos e a adoção disso exigiu certo trabalho regulatório e atualização dos procedimentos de manutenção relacionados”, explica Aleksi.

Aleksi observa que o Airbus A350 é uma excelente aeronave para a rota polar. “O A350 é muito resistente a massas de ar frio. Por exemplo, o sistema de combustível é construído de forma que as massas de ar frio raramente restringem nossas operações.”

“Preparamos um documento detalhado de briefing de rota para a rota polar e meu trabalho no primeiro voo foi validar este documento, para que todos os nossos pilotos saibam exatamente o que esperar”, explica Aleksi.

 

Finnair também considera outras formas de realizar este voo

A Finnair não descartou a rota que sobrevoa o Cazaquistão e a China, contudo, está só é viável dependendo dos ventos presentes na rota, que podem deixar o tempo de voo superior ao da rota polar.

No último dia 19 de março a Finnair optou por alterar a rota e sobrevoar diversos países perto do sul da Rússia. Poucas horas antes, a rota polar foi realizada mais próxima do norte da Rússia, ao contrário dos primeiros voos realizados sobrevoando a Groelândia e o Canadá. 

 

Com informações da própria Finnair.

 

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