A Embraer segue em uma campanha para alavancar mercados para seu cargueiro tático KC-390 Millennium, e a Índia é um cliente em potencial. A companhia brasileira está em negociações com autoridades do país para vender seu mais novo produto militar.
Conforme informações obtidas pelo Financial Express, a Embraer está oferecendo o C-390 para a Força Aérea Indiana (IAF), bem como outros acordos que visa fechar com o país asiático.
“Temos certeza absoluta de que o C-390 é o produto certo para a Índia”, disse o CEO da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider. “Na Índia, para ser franco, estamos no início do processo com as autoridades indianas. E acreditamos que com o parceiro indiano certo e a abordagem certa, seremos capazes de entregar para a Índia a melhor solução, mesmo integrando produtos, capacidades e qualidades indianas ao avião.”
“Estamos absolutamente abertos para integrá-los no avião, soluções indianas não apenas para a Índia, mas também para outros países”, acrescentou Schneider.
Brasil e Índia são parceiros há décadas através do BRICS. Os países se aproximado cada vez mais no setor de defesa, com a Força Aérea Brasileira (FAB) tendo expressado interesse no míssil de cruzeiro BrahMos indiano.
A própria Embraer já cooperou com a Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO) da Índia para o desenvolvimento do NETRA AEW&C, um jato de alerta antecipado baseado no ERJ-145, semelhante ao E-99 da FAB.
Além disso, jatos Legacy 600 fabricados pela Embraer estão sendo operados pela IAF e pela Força de Segurança de Fronteiras (BSF) para o transporte de funcionários do governo, observa o portal.
Questionado sobre a visão da Embraer para a Índia, Schneider disse que o país é um grande mercado. “É um dos países que mais estamos próximos geopoliticamente.”
“Eu estava representando o Brasil nas cúpulas do BRICS e me engajei em muitas conversas com a Índia. A Índia tem na defesa uma indústria bastante complementar. Estamos muito abertos a discutir e fazer mais coisas juntos. Como fizemos no passado, estamos abertos a ver os dois países desenvolvendo coisas juntos e desenvolvendo soluções juntos.”
O KC-390 entra num momento em que Nova Déli está em uma conturbada aquisição de mais C-130J Super Hércules junto aos EUA. A IAF já opera 12 destas aeronaves e deseja adquirir outras seis, mas pode acabar sofrendo restrições de Washington pela aquisição de sistemas russos como o S-400 em meio à invasão da Ucrânia.
Em outra entrevista, Schneider explica como a invasão da Rússia na Ucrânia alavancou o interesse de outros países pelo C-390. Ao mesmo tempo, a Embraer está engajada em uma campanha de vendas do jato militar, usando um avião do Esquadrão Gordo da FAB para apresentar e promover o KC-390 brasileiro no Oriente Médio.
Fora o Brasil, Portugal e Hungria assinaram a compra de cinco e duas unidades do C-390, respectivamente. Os dois países compraram as versões com compatibilidade para a função de avião-tanque, chamada de KC-390, capaz de reabastecer os caças JAS-39 Gripen da Força Aérea Húngara e demais aviões da OTAN.
Essa mesma missão poderá ser cumprida em apoio aos aviões da IAF. Os seis aviões-tanque Il-78 Midas da IAF estão em manutenção e o país chegou a negociar o leasing de jatos Airbus A330 MRTT com a França.
Pela FAB, que possui cinco aviões em operação, o KC-390 tem sido usado diariamente em missões de transporte pelos esquadrões Zeus e Gordo. Durante os picos da COVID-19, o modelo foi amplamente usado para transportar materiais de saúde, oxigênio, hospitais de campanha e até ambulâncias.
O KC-390 também foi empregado em missões humanitárias no Haiti e Líbano, além de ter resgatado brasileiros que fugiram da Ucrânia após a invasão da Rússia em fevereiro.
No entanto, a FAB pode acabar diminuindo o pedido de KC-390 por conta da imprevisibilidade orçamentária da organização. Vinte e oito aviões foram encomendados originalmente em 2014, mas o contrato foi alterado para 22 aeronaves no ano passado. Essa renegociação poderá ser alterada, cortando o pedido para 15 aviões.
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