Maior competição de acrobacia aérea do mundo tem grande participação dos engenheiros brasileiros

Estamos falando do topo do esporte, então é natural que os melhores do mundo estejam aqui. Seja dentro dos aviões ou lá embaixo, nos hangares, cuidando da parte técnica e da engenharia. O que ainda surpreende – mas não deveria – é ver os brasileiros como referência entre as equipes de competição no Red Bull Air Race.

“Eu tive um mentor na universidade, o professor Cláudio Barros, que sempre dizia: você tem o mesmo número de cromossomos dos ingleses, dos franceses, dos norte-americanos. Então, você é capaz. É só estudar e trabalhar”, afirma Paulo Iscold, no característico sotaque mineiro.

Engenheiro aeronáutico formado pela UFMG, hoje ele é responsável pelo desenvolvimento do avião de Kirby Chambliss, bicampeão mundial do Air Race. Alguns metros distante dali, no hangar reservado para a aeronave de Michael Goulian, está um brasiliense chamado Pablo Branco.

Na foto Pablo Branco. Foto – Tiago Mendonça/Reprodução

Piloto profissional, Pablo voou por muitos anos conduzindo Nelsinho Piquet, ex-Fórmula 1, para corridas na Europa e nos Estados Unidos. O conhecimento técnico natural da aviação aliado à paixão por esportes a motor resultaram no convite para comandar a Goulian Aerosports, trampo equivalente ao de um chefe de equipe na Fórmula 1.

“É uma função muito ampla, que inclui toda a coordenação das atividades da equipe, do piloto, relações públicas, logística, e ao mesmo tempo precisa ser alguém que conheça esse tipo de aviação, que é muito específica. Acima de tudo, tem de entender de corrida, porque existe uma mentalidade de competição e muitos fatores humanos envolvidos”, conta Pablo.

Dois representantes em cargos nobres no principal campeonato de corridas aéreas do mundo já seria um número bastante respeitável para qualquer país. Mas a verdade é que esse grupo continua crescendo – e muito rapidamente.

Em parte, graças ao trabalho desenvolvido por Iscold, que também é professor do curso de engenharia aeroespacial da UFMG, onde se formou em 1999.

“Eu cuido da equipe do Chambliss e procuro trazer alguns alunos comigo para as corridas. Um dia, eles se formam e acabam recebendo convites. Às vezes, eu mesmo indico. Há dois anos, a equipe do piloto japonês [Yoshihide Muroya] me chamou para trabalhar, mas não pude aceitar por causa dos meus compromissos aqui. Então indiquei meus ex-alunos e eles estão lá até hoje. Já ganharam corrida neste ano! E tudo naquele avião é ‘made in Brazil’”, destaca Iscold.

Na foto Paulo Iscold .Foto – Andreas Langreiter/Red Bull

Nada melhor do que os resultados para mostrar que a aposta gringa na mão de obra brasileira não estava errada. Iscold já foi campeão do Air Race trabalhando para Paul Bonhomme, piloto britânico, lenda do esporte. E parece que os alunos vão pelo mesmo caminho. O próprio Pablo Branco já recrutou alguns desses garotos.

“Hoje, quando você fala em engenheiros brasileiros no Air Race, todo mundo espera coisas de altíssima qualidade. Nós temos três meninos trabalhando na equipe e todos eles foram alunos do Iscold, que é um cara muito respeitado e foi quem começou isso tudo”, reconhece Pablo.

Atualmente, há brasileiros trabalhando para quatro pilotos, que são Kirby Chambliss, Michael Goulian, Yoshihide Muroya e Nicolas Ivanoff.

Ou seja, quase 30% da lista de competidores. E fica ainda mais legal se você souber que todos esses quatro caras já venceram corridas na categoria. Em resumo, é só gente de ponta mesmo.

 

Via – Red Bull Brasil

 

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