Marinha Brasileira realiza maior exercício de treinamento no Planalto Central

A Marinha, por intermédio da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), realizou, no período de 21 de setembro a 3 de outubro de 2018, a Operação Formosa 2018. O treinamento aconteceu no Campo de Instrução de Formosa (CIF), pertencente ao Exército Brasileiro (EB), no estado de Goiás.

Considerado o maior exercício realizado pela Marinha do Brasil no Planalto Central, a Operação Formosa tem o propósito de manter as condições de pronto emprego dos Fuzileiros Navais, particularmente da Força de Emprego Rápido (FER).

A Operação envolveu cerca de 1.700 militares e contou com a participação de Fuzileiros Navais de Marinhas Amigas, tais como Estados Unidos da América e Paraguai, e empregou aeronaves de asas fixas e rotativas, veículos blindados, mísseis superfície-ar (MSA), aeronaves remotamente pilotadas (ARP), e lançador múltiplo de foguetes.

Todos os armamentos e sistemas de armas empregaram munição real. O exercício revestiu-se de grande importância para o Corpo de Fuzileiros Navais por ser, conforme a Estratégia Nacional de Defesa (END), uma força de caráter expedicionário por excelência.

Nesta quarta-feira (03/10), aconteceu uma Demonstração Operativa (DemOp) com o intuito de apresentar uma síntese das principais atividades realizadas pelos Fuzileiros Navais durante a Operação.

Acompanharam a demonstração, o Comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira; o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho; o Ministro do Superior Tribunal Militar (STM), almirante Álvaro Luiz Pinto; Comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais, almirante Alexandre José Barreto de Mattos; e militares da Marinha, Exército e Força Aérea. Além de representantes da Sociedade de Amigos da Marinha (SOAMAR) do Distrito Federal; componentes da Associação de Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais (AVCFN), das sedes regionais do Rio de Janeiro e Brasília; e jornalistas convidados.

A demonstração foi dividida em duas partes, sendo a primeira realizada por militares da Tropa de Reforço, simulando o deslocamento de uma patrulha em um terreno hostil, onde os eventos iam ocorrendo; e outra em um local denominado “Pedra do Fogo”, onde foram realizadas atividades envolvendo paraquedistas, aeronaves, blindados, e disparo do armamento com munição real, além de grande efetivo de militares. Em ambas as demonstrações foi realizada uma narração explicativa de cada atividade.

Na primeira, foi simulado um ataque a uma patrulha, ocasionando ferimento em militares e gerando a necessidade de prestação de socorro, dando início a um “Atendimento Pré-hospitalar Tático (APH-tático)”, que se trata da utilização de técnicas pré-hospitalares para situação de combate, com o intuito de manter as condições vitais dos feridos, e posterior remoção para a Unidade Avançada de Traumas (UAT), estrutura leve, com grande mobilidade no terreno.

Em seguida aconteceu a simulação de uma emboscada, em que um militar da patrulha é contaminado com suspeita de agentes nucleares, biológicos, químicos e radiológicos (NBQR). A partir daí um Destacamento de Reconhecimento e Identificação do Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais (BtlEngFuzNav) é acionado, de modo a confirmar a presença de agentes NBQ no local do sinistro, demarcar a área contaminada e remover o militar para o Posto de Descontaminação.

Por fim, a encenação prossegue com a verificação da presença de um objeto suspeito é abandonado no terreno, momento em que o Grupo de Desativação de Artefatos Explosivos (GDAE) é acionado, e, empregando o veículo remotamente controlado Defender II, comandado por militares equipados com trajes antibomba, tira o artefato explosivo suspeito do local e o destrói em uma área segura.

O comandante da Marinha acompanhou atentamente o treinamento e disse que apesar de não estar perto do mar, os exercícios realizados durante a operação são importantes, pois prepara os Fuzileiros Navais para todas fazes seguinte a chegada a terra, no caso de um conflito anfíbio.

E Destacou que o Corpo de Fuzileiros Navais é uma tropa de elite, moderna, preparada e profissional. “Os nossos fuzileiros estão no nível dos melhores fuzileiros navais do mundo”. Acrescentou ainda que a presença de militares estrangeiros na Operação, agrega valor pela oportunidade de troca de conhecimento. Todos ganham com isto, ressaltou o almirante.

Encerrada a primeira fase da demonstração, os militares e os convidados se deslocaram para uma área conhecida como Pedra do Fogo, para acompanhar a realização da segunda parte da demonstração, desta vez com a utilização de munição real.

Nesta etapa, a demonstração apresentou salto livre operacional de paraquedistas; ataque aéreo por aeronave de asas fixas (AF-1); tiros de artilharia de 105 mm Light Gum; sobrevôo de aeronave remotamente pilotado (ARP) – FT-100 Hórus; movimento de engenharia com viatura apoiada com cão de faro de explosivo; ataque com carros blindados (CLAnf, Piranha e M-113); apoio de helicóptero com carga externa; desfile de comboio logístico; e desembarque e progressão da infantaria.

Encerrando a parte da execução de tiros, foi realizado o lançamento de foguetes SS-09. Sendo a bateria Lançadora Múltipla de Foguetes composta por 12 viaturas, sendo seis viaturas lançadoras, três viaturas remuniciadoras, uma viatura de comando e controle, uma viatura meteorológica e uma viatura oficina.

Um exercício com as dimensões da Operação Formosa demanda um grande esforço logístico, com o deslocamento de tropa, viaturas e aeronaves pelos 1.625 quilômetros que separam o Rio de Janeiro de Goiás, via São Paulo. As características básicas de mobilidade, permanência, versatilidade e flexibilidade do Poder Naval, materializadas, no contexto de uma Operação Anfíbia, permitem o cumprimento da tarefa básica de projeção de poder sobre terra, abrindo o caminho para os elementos de manobra mais robustos característicos da Força Terrestre, em conjunto com as ações da Força Aérea.

O oficial de operações da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), Capitão de Mar e Guerra Fuzileiro Naval Dirlei Donizete Codo, destacou que para a realização da Operação foram mobilizados cerca de 1.700 militares, duas aeronaves UH-15, uma aeronave UH-12, duas aeronaves A4, e 50 viaturas operativas, além das viaturas administrativas utilizadas no apoio. Relembrou ainda que a Operação durou 15 dias, mas para a sua prontificação demandou quase dois meses de preparação, desde a mobilização até a desmobilização.

Enalteceu o trabalho da sua equipe e das Organizações Militares participantes, e disse que se sentia orgulhoso por fazer parte de toda a organização do evento. Ressaltou ainda, que uma Operação como esta contribui de maneira significativa para a manutenção da motivação da tropa. Pois, comprovam a disponibilidade dos meios e a preparação de todos os integrantes.

O Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), almirante Ademir Sobrinho, ressaltou que a grande diferença entre a Operação Formosa e uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) está no uso do armamento e nas regras de engajamento. Em uma operação de guerra, como a de Formosa, os militares estão em um combate. Quando se trata de Garantia da Lei e da Ordem, o uso do armamento é muito restrito e o modo de atuar totalmente diferente. Destacou que em um exercício como o de Formosa, por sua complexidade, ocorrem duas grandes operações, uma logística e outra operacional.

Dirceu Pereira Meirelles, suboficial da reserva da Marinha, pertencente a Associação de Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais, veio do Rio de Janeiro para assistir à demonstração e se disse muito feliz ao comprovar que o espírito de corpo que uniu a sua geração continua o mesmo entre os mais jovens. E que sente uma satisfação imensa, ao acompanhar a Operação Formosa e ver como a tecnológica avançou. “Sinto orgulho ao ver que a Marinha está tão preparada para defender nosso país”, disse o suboficial.

Já o presidente da SOAMAR-Distrito Federal, Antônio Carlos Martins, conhecido na Marinha como Cacá, que se fez presente à demonstração acompanhado de componentes da sua diretoria e soamarinos da sua jurisdição, disse que foi uma oportunidade fantástica para comprovar como a Marinha está preparada para a defesa do nosso país e por acompanhar um treinamento com uso de munição real.

Dirigindo-se à tropa, ao final do exercício, o almirante Leal Ferreira parabenizou os participantes pela beleza da apresentação e pelo esforço demonstrado na realização de preparação para a atividade fim do Corpo de Fuzileiros Navais que é o desembarque e as operações anfíbias.

Lembrou que os fuzileiros têm participado de diversas outras atividades, como as operações de Garantia da Lei e da Ordem, de varredura em presídios, e de apoio a atividades governamentais, e que exercícios como a Operação Formosa contribui para o seu pronto emprego. Concitou todos a acreditarem no que fazem, a manter o fogo sagrado e o espírito de corpo que os une. E parabenizou-os pela grande contribuição que dão ao Brasil, deixando para os filhos um pais mais próspero.

 

Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE)

A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) é responsável por coordenar a área operativa dos Fuzileiros Navais na Marinha do Brasil. Realiza, anualmente, ampla gama de exercícios, a fim de preparar seus militares para atuar em diferentes tipos de conflito, desde os de alta intensidade, tais como as guerras convencionais, até em operações de caráter humanitário e de paz.

Nos últimos dois anos, a FFE tem se destacado por atuar nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), em diferentes estados do Brasil, dentre elas as operações conduzidas pelo Gabinete de Intervenção Federal, no estado do Rio de Janeiro.

A próxima Operação de grande monta a ser realizada pelo Corpo de Fuzileiros Navais será a Operação Dragão prevista para 6 a 13 de novembro. Ocasião em que haverá, também, a parte marítima do exercício.

 

Fotos e texto – Ministério da Defesa

 

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