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Mercado aéreo tenta se reaquecer no pico da pandemia no Brasil

IATA Aviação ANAC ALTA

No fim do mês de março, os aeroportos brasileiros fecham um ciclo de um ano de incertezas e atividades abaixo da capacidade.

A pandemia do covid-19, que começou em março de 2020 e deu sinais de desaceleração no último trimestre do ano no Brasil, voltou a crescer exponencialmente e bateu tristes recordes de mortes e internações nas últimas semanas.

Segundo dados da IATA, a estimativa é de que as empresas aéreas tenham perdido, no mundo todo, cerca de US$100 bilhões em 2020. Entre as brasileiras, o baque estimado é de mais de US$13 bilhões.

Nesse cenário, as companhias aéreas e agências de viagem estão tendo que reorganizar a estrutura de operação, pela segunda ou terceira vez.

“Houve, na metade de 2020, uma esperança de retomar voos internacionais, por exemplo, no fim do ano, plano que acabou adiado por muitas empresas aéreas para março de 2021”, aponta o VP de vendas e cofundador do buscador de voos Viajala.com.br, Josian Chevallier. 

Mas março de 2021, mês que parecia, seis meses atrás, uma aposta segura para a retomada, deu mais uma rasteira no mercado da aviação.

Ao mesmo tempo em que as companhias aéreas vão restabelecendo a oferta de voos nacionais, as restrições vão ficando cada vez mais rígidas em alguns estados brasileiros, e a retomada de voos internacionais ainda parece inviável.

A companhia aérea GOL, por exemplo, que planejava voltar a conectar em voo direto o Aeroporto de Guarulhos a Buenos Aires, na Argentina, depois de quase um ano de suspensão, na última semana de março, adiou o plano novamente. A nova data prevista para a retomada de voos internacionais pela companhia é em junho.

Já a britânica Virgin Airways, que também tinha escolhido março de 2021 para lançar a rota que liga São Paulo e Londres, cancelou o plano recentemente. 

A portuguesa TAP, embora operasse, pré-pandemia, frequentes voos diretos de capitais brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre para Portugal, segue com as rotas suspensas por decisão do governo português desde janeiro, para limitar a entrada das variantes de covid-19 encontradas por aqui.

TAP Air Portugal Airbus A330neo

Depois de detectar que brasileiros andam fazendo manobras para entrar em território português, cumprindo escalas em outros países, o Ministério do Interior declarou, no último fim de semana, que estes passageiros precisarão apresentar teste negativo para a doença e cumprir quarentena de duas semanas no país.

A low cost chilena Sky Airlines voltou a conectar o Brasil e o Chile em voos diretos no último trimestre de 2020, e os voos seguem sendo realizados. Mas o Chile também cobra dos turistas quarentena obrigatória, teste negativo de covid e um seguro saúde que cubra custos relacionados a pandemia.

Enquanto isso, o Aeroporto de Confins em Belo Horizonte promete voos diretos para os Estados Unidos (Boston, Nova York e Miami) ainda em março, e o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, reativou seu primeiro voo internacional em quase um ano: a rota Porto Alegre – Panamá, feita com a Copa Airlines, tem duas frequências semanais, às segundas e sábados, e conecta os turistas gaúchos a destinos caribenhos. O tráfego internacional no aeroporto estava suspenso desde abril de 2020. 

“Mais do que a possibilidade de viajar para o exterior, o viajante deve analisar a viabilidade disso. Os poucos países que ainda mantém liberada a entrada de turistas brasileiros exigem o cumprimento de quarentenas rígidas no local, o que inclui um gasto alto e vários dias a mais de viagem, improdutivos, em que o turista fica fechado em um hotel”, alerta o executivo do Viajala.

Na contramão do momento, o mercado latino parece se reaquecer com novas companhias aéreas. A Colômbia deve lançar duas novidades em breve: a Starblue, que pretende fazer rotas nacionais e internacionais; e a low cost Ultra Air, prevista para voar em outubro. No Equador, a Ecuatoriana Airlines, também low cost, começará as operações em julho com tarifas a partir de US$50.

No Brasil, a nova empresa aérea ITA, do grupo Itapemirim, tradicional no transporte rodoviário, parece manter por enquanto o seu voo inaugural marcado para o dia 19 deste mês.

Em fevereiro, a ITA recebeu seu primeiro avião, um A320 que pertencia à espanhola Vueling, e anunciou 9 destinos: São Paulo, Belo Horizonte e Brasília serão os hubs (bases de operação), e a empresa também voará para Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador, Vitória e Rio de Janeiro. 

Itapemirim ITA Transportes Aéreos
Primeiro A320ceo da Itapemirim foi apresentado na última semana.

A low cost Nella Airlines, nova companhia brasileira focada no mercado regional e com forte presença no Nordeste, também aguarda autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para voar ainda neste semestre. A proposta da empresa é reduzir em até 40% os preços das passagens compradas de última hora.

“Apesar do timing ser extremamente delicado, a notícia de novas companhias aéreas nacionais deve ser celebrada pelos viajantes brasileiros e dá uma esperança de viagens mais baratas quando tudo isso passar”, aponta Chevallier.

Desde a quebra da Avianca, no primeiro semestre de 2019, a competitividade em várias rotas caiu consideravelmente, aumentando os preços médios das passagens. 

Na ocasião, o Viajala fez um levantamento para diagnosticar o aumento do preço das passagens aéreas, analisando uma amostragem de 100 mil buscas em 100 rotas nacionais.

A conclusão foi de que 85% das rotas apresentaram aumento de preço médio assim que a quebra da Avianca foi anunciada. As passagens nas rotas analisadas ficaram de 11% a 218% mais caras. Em 22% dos casos, o aumento foi de mais de 100% no valor praticado.

“Enquanto outros países têm mais companhias aéreas nacionais — a Colômbia, por exemplo, têm sete, inclusive low costs — o Brasil tem, no momento, apenas três em operação, e a entrada de novas empresas deve dar mais competitividade ao mercado no pós-crise”, conclui o executivo do Viajala.

 

Texto por: Viajala

 

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