Nova tecnologia de satélites pode revolucionar a distribuição de internet na Terra

Quilômetros e mais quilômetros de fibras óticas pelos Oceanos e por terra, assim a internet é distribuída atualmente para as residências, empresas, universidades e governos. Todos os usuários atualmente têm um material em comum no uso da internet, a fibra ótica, mesmo que você esteja acessando essa publicação através do seu 3G/4G, no final tudo é transmitido para uma central por fibra.

Mas uma nova tecnologia de satélites está prometendo uma transmissão estável e rápida por todo o globo terrestre, e seu conceito é muito simples de entender, porém primeiro vamos abordar alguns outros conceitos aqui.

Satélite de órbita baixa (LTO)

Um satélite de órbita baixa é capaz de transmitir uma grande quantidade de dados em pouco tempo, além de quase não sofrer com problemas causados pelo sinal fraco, já que sua órbita está entorno de 300 a 1200 km de altitude.

A principal desvantagem desse tipo de satélite é a sua própria órbita, ele não é capaz de ficar parado no mesmo ponto, e como orbita a Terra com uma velocidade absurdamente alta, a sua transmissão não é contínua. É perfeito se for utilizado em conjunto com uma constelação de satélites ou para usos específicos, como satélites científicos, de meteorologia e observação terrestre.

Satélite de órbita alta – Geoestacionário (GEO)

Se você tem uma antena de TV a cabo na sua casa provavelmente é por causa da tecnologia dos satélites geoestacionários, como seu nome diz, ele é capaz de ficar parado em somente um ponto da Terra, mirando em um único espaço de cobertura. Só com isso é possível notar as possíveis vantagens dele.

Primeiramente um satélite geoestacionário é capaz de manter a transmissão 100% do tempo para o mesmo local, por isso é bastante utilizado para a transmitir canais de TV, já que garante um serviço quase ininterrupto, além de suportar vários usuários ao mesmo tempo.

A sua desvantagem é o enorme ping (latência) entre a transmissão terrestre, a chegada no satélite, o processamento, a retransmissão e o recebimento de dados aqui na Terra novamente. Além disso por ficar muito distante (mais de 35 mil km) o sinal também chega fraco e pode sofrer interferências.

Enfim, o empreendimento que estamos falando aqui é chamado de OneWeb, ou Uma Internet, um bom nome para esse projeto que promete refazer a transmissão. É feito com uma parceria entre o SoftBank e a Intelsat, o banco está apostando US$ 1,7 Bilhões nesse projeto que será gerenciado pela Intelsat, falaremos mais sobre isso abaixo.

O OneWeb é um sistema composto por vários satélites em órbita polar e somente 55 satélites GEO que cobrem todo o globo terrestre. O princípio é simples, criar uma constelação assim como o sistema GPS e o sistema de ADS-B IRIDIUM, porém essa constelação terá 900 (novecentos) satélites em órbita baixa interligados para cobrir essa bola terrestre sem deixar um espaço vazio. Na primeira fase 648 satélites serão lançados, os outros serão apenas satélites sobressalentes.

A vantagem desse arranjo é óbvia, assim como nas explicações acima, os satélites em órbita baixa são capazes de reduzir muito significativamente a latência na transmissão, aliás, a distância destes é cerca de 30 vezes menor quando comparada diretamente com satélites geoestacionários, utilizados atualmente para transmissão de internet e TV.

Satélite de órbita polar do OneWeb.

Ok, a latência diminuiu, agora só falta falar como será a transmissão entre os clientes e a operadora principal, com sede na Virgínia. O sistema do OneWeb é simples, basicamente cada cliente deve ter uma antena em seu telhado, os dados são transmitidos diretamente para o satélite e logo depois seguem para uma central terrestre, que na verdade serão várias ao longo da Terra, essa central é responsável, por exemplo, por se comunicar com um outro satélite e levar a informação do Brasil até o Japão, por exemplo, totalmente sem o uso de fibra ótica de longa distância.

Os satélites geoestacionários cuidam da transmissão de informações entre os sistemas, cada satélite de órbita polar seria capaz de se comunicar com um satélite geoestacionário. Cada satélite será capaz de transmitir até 6 gigabits por segundo, na banda Ku. Outra constelação com 1280 satélites em órbita terrestre média (MEO) pode ser criada para auxiliar nas transmissões dos satélites que ficarão em órbita baixa.

É uma vantagem usar satélites geoestacionários, eles são capazes de transmitir muita informação de cada vez, apesar da latência alta, para ter noção, no dia 21 de março o Brasil estará lançando o satélite SGDC com capacidade para mais de 70 Gbps de comunicação, dividido em duas bandas, uma de uso civil e outra de uso militar. Já cada antena terrestre para o usuário final seria capaz de receber 50 megabits por segundo.

Esse sistema pode ser usado por qualquer usuário, aeronaves ao redor do planeta, casas, prédios, escolas e até mesmo ônibus de transporte coletivo. O grande desafio da Intelsat será gerenciar toda essa constelação sem que nenhum satélite colida ou interfira na operação do outro.

Para o lançamento a confiabilidade da Soyuz foi escolhida, cerca de 21 foguetes Soyuz serão lançados a partir de 4 locais diferentes, o Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, Vostochny e Plesetsk, na Rússia, e o Centro Espacial da Guiana, na América do Sul, aqui pertinho do Brasil. O foguete cargueiro Soyuz tem capacidade para levar até 36 satélites de uma só vez. Será um lançamento a cada 21 dias, em 2019.

A Virgin Galactic também será responsável por mais lançamentos, no total 39 lançamentos a partir do sistema LauncherOne, que usa um Boeing 747 modificado para levar um foguete embaixo da asa, que se separa durante o voo. Somente um satélite OneWeb pode ser transportado por vez nesse sistema.

A Airbus Defense and Space está assumindo o papel principal na concepção dos satélites de órbita baixa OneWeb, que devem pesar cerca de 150 kg, enquanto a Arianespace e a Virgin Galactic estão prontas para iniciar os lançamentos dessa constelação a partir de 2018. As empresas responsáveis por financiar o OneWeb são: Airbus, Qualcomm, Bharti Enterprises, Hughes Network Systems, Softbank, Coca-Cola e Totalplay.

A Airbus irá aplicar técnicas de robótica e fabricação em série para produzir todos esses satélites citados acima no menor tempo possível, no total até 3 satélites de 150 kg por dia. A fábrica ficará na Flórida, nos Estados Unidos, devido aos incentivos governamentais na ordem de US$ 20 milhões, 250 empregos também serão criados no local, sem contar os 3000 empregos indiretos.

Curiosamente na Flórida também fica a sede da Blue Origin, além do centro de lançamento histórico da NASA, o Kennedy Space Center, atualmente o local de lançamento dos foguetes Falcon 9 e Falcon Heavy, da SpaceX, e do SLS, um sistema de lançamento interplanetário. O KSC já levou astronautas para a Lua e também lançou o Space Shuttle.

 

Qual o principal concorrente desse empreendimento?

A SpaceX, claro, que planeja colocar 4000 (Quatro Mil) satélites em órbita para fornecer internet, e a SpaceX tem um ponto de vantagem, ela fabrica foguetes e agora está com capacidade de produzir satélites. Se a constelação da Intelsat seria a maior da história, a da SpaceX pode ser ainda maior.

 

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