O portfólio de aviões comerciais da Tupolev – Parte 1

A Rússia, mesmo anos após o fim da guerra fria, ainda atrai admiradores da aviação por causa da peculiaridade de sua antiga frota, que era concorrência direta as aeronaves da Boeing já que o mundo vivia em polaridade e principalmente não seria muito diferente.

Essa empresa genuinamente russa, tendo seus anos de glória no período da ideológica guerra fria, fez história não só na antiga URSS, mas principalmente na aviação mundial trazendo algumas novidades e peculiaridades para seus modelos, que no intuito de mostrar ao mundo superioridade, acabou criando verdadeiras máquinas que só mesmo o tempo pode explicar. Esses aviões vem sendo o desejo de qualquer museu e curioso da aviação.

Então nós decidimos abordar de forma breve e objetiva o portfólio de todas as aeronaves construídas pela Tupolev, trazendo alguns dados e curiosidades em uma matéria que vamos dividir em duas partes.

Vamos começar?

 

Tupolev Tu-104

Após o grande entusiasmo do mundo com a chegada do de Havilland Comet, com sua breve e triste carreira, a aviação almejou um substituto ou mesmo um avião que fosse tão veloz como ele, mas que voasse com segurança. Os EUA e a URSS viviam influenciando seus parceiros e logo colocaram as “maquinas para funcionar”, a Boeing com o seu projeto para criar o 707, e a Tupolev com os Tu-104. A pedido da Aeroflot companhia aérea russa que opera ainda hoje, a Tupolev atendeu ao pedido com eficiência já que a corrida havia começado e tempo era dinheiro e glória.

Derivado do avião militar TU-16, o futuro primeiro avião comercial bem sucedido começou a sair do papel em 1954, era planejado para levar 50 passageiros com dois motores posicionados dentro da asa igual ao concorrente britânico, só que a diferença que o russo tinha apenas 2 e seu concorrente 4, depois do início das vendas a Tupolev fez algumas mudanças básicas no projeto, proporcionando um aumento na capacidade de passageiros, bem como diferenças no trem de pouso e outros detalhes.

Introduzido para voos regulares apenas 2 anos após o início dos seus estudos, o TU-104 iniciou uma nova era mundial trazendo realidade o sonho de voar a jato civilmente pelo mundo. Mesmo após a chegada dos aviões Caravelle, Boeing 707, Douglas Dc-8, Convair 990, o pequeno e destemido russo conseguiu por um curto prazo de tempo ser a única aeronave de passageiros a jato em operação no mundo, isso apenas porque a licença de voo do Comet havia sido cassada até que seus problemas estruturais fossem resolvidos, e claro, a confiança pública fosse recuperada. No total foram 200 aeronaves produzidas para todo o mundo e fora o bloco soviético até o ano de 1960.

 

Tupolev Tu-124

É o irmão mais novo do 104, o mesmo foi feito para levar menos passageiros e com um alcance também um pouco menor, trouxe consigo algumas melhorias na sua aerodinâmica.

A alteração mais marcante tornou ele o primeiro avião comercial movido a motores turbofan no mundo.

 

Tupolev Tu-134

Podemos afirmar que foi o primeiro grande sucesso em vendas da Tupolev, com cerca de 852 produzidas, números altos até para padrões atuais.

Derivado do Tu-124 ele também tinha motores turbofan e foi uma resposta direta para os aviões Douglas Dc-9 e BAC 111, já que a maior evidência disso está na posição dos motores que ficam na cauda em T e não nas asas, como costumava ser. Uma peculiaridade dessa primeira geração dos aviões da Tupolev é o nariz do avião ser mais comprido e envidraçado, o que ajuda na visibilidade e aproximação dos aeroportos russos que apresentavam condições climáticas extremas e pouca estrutura de equipamentos.

Mesmo com design e tecnologia remota comparada as aeronaves atuais, alguns desses aviões ainda estão em operação na própria Rússia e em países subdesenvolvidos, principalmente da Ásia e África, mas não voam para o bloco europeu, já que existem leis de ruídos e segurança que vetam companhias e certas aeronaves de adentrar o seu espaço aéreo.

 

Tupolev Tu-114

O Tu-114 tinha os maiores motores a hélice do mundo. Foi desenvolvido quase conjuntamente com o Tu-104, a URSS acreditava mesmo que o caminho correto era produzir grandes aviões turboélice, mas o Tu-114 era tudo, menos eficiente e silencioso.

Podendo chegar a impressionantes 750 km/h em sua velocidade máxima, o que o aproxima de muitos jatos que eram seus concorrentes, além de toda sua “rapidez” também tinha um alcance extraordinário para sua época, chegando a voar por 9720 km sem escalas.

Seus motores eram tão fortes, e as hélices tão grandes, que o seu trem de pouso dianteiro tinha 3 metros de altura para que não houvesse problemas com o solo, o que lhe causou certos constrangimentos mundo a fora, já que encontrar uma escada para uma aeronave daquele tamanho só mesmo na URSS, e fora que as rotações dos quatros turboélices eram tão potentes que o ruído emitido por ele era muito forte, existem até mesmo relatos que se você estivesse em submarino a uma profundidade não muito elevada ainda conseguia ouvir os ruídos desse impressionante avião, por isso nunca utilizavam a velocidade máxima de cruzeiro dessa aeronave, pois seria insuportável para todos a bordo.

A Japan Airlines foi única operadora da aeronave fora a Aeroflot, esse avião fazia a rota Tokyo-Moscou.

 

Tupolev Tu-144

https://youtu.be/gWIWAI6GmQQ

Apelidado de “Concordowiski” no mundo ocidental, a história pro lado soviético dessa vez não foi nada boa, no Paris Air show de 1973 o protótipo dos dois aviões estavam lado a lado voando em uma exibição aberta ao público, mas o avião da Tupolev infelizmente voltou ao solo de forma trágica se desintegrando no ar para a tristeza e espanto de todos os telespectadores.

O projeto contém um erro histórico, o Tu-144 tem muitas diferenças em comparação com o Concorde, a começar pelo formato da asa em Delta, da fuselagem maior, e a presença de canards para fazer o controle de estabilidade da aeronave, aliás, o Tu-144 não tinha Fly-By-Wire analógico como o Concorde.

Seu maior peso e os motores derivados de projeto militar exigiam que o pós combustor ficasse ligado durante o voo nivelado, enquanto o Concorde usava somente nos estágios de decolagem e subida para o nível de cruzeiro. O alcance era semelhante, apesar desses detalhes.

Assim como os brasileiros, os russos não desistem nunca e seguiram firme e forte com o projeto do avião supersônico, que acabou entrando em operação em 1978. Entretanto no mesmo ano, totalizando apenas 55 voos comerciais, o Tupolev-144 deu adeus ao mundo da  aviação e nunca mais voltou a operar, tendo uma vida muito breve.

 

Tupolev Tu-154

Foi a aeronave mais bem sucedida de todo o antigo portfólio da Tupolev, o Tu-154 era o concorrente direto do Boeing 727, e até quase meados dos anos 2000 foi a principal aeronave para transporte de passageiros em voos domésticos na Rússia e em algumas rotas para outros países da Europa.

Tida como aeronave versátil e segura, esse avião que ficou em produção e uso por quase 40 anos consecutivos, colecionou alguns acidentes fatais mas nenhum relacionado a sua estrutura em si, mas fatalidades de clima e erros humanos, o último foi em 25 de dezembro de 2016. Era o avião de transporte oficial da Polônia até sua queda, transportou praticamente a metade de todos os passageiros da Aeroflot, até o momento cerca de 158 milhões de passageiros contando todas as companhias que operaram com ele.

É um dos jatos de passageiros mais rápidos do mundo, o elevado consumo de combustível foi o principal motivo de sua aposentadoria, pois o mesmo pode pousar nos mais diversos e remotos aeródromos e terrenos, até mesmo na grama.

 

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