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Operação Black Buck: A invasão dos Avro Vulcan nas Ilhas Malvinas

Avro Vulcan

Durante a Guerra das Malvinas (ou Falklands), que aconteceram durante os dias abril de 1982 e junho de 1982, o arquipélago das Malvinas, que é um território inglês foi invadido pelos argentinos que há muitos anos alegam que as ilhas pertenciam a eles.

No dia 04 de abril a viagem de uma grande força naval britânica iniciava sua viagem até as ilhas. A frota inglesa era composta pelos porta-aviões Hermes e Invincible, bem como pelo submarino de propulsão nuclear HMS Conqueror, além de outras embarcações.

A grande investida dos ingleses pegaram os Argentinos de surpresa, e ainda em abril uma determinada região os britânicos já haviam assumido o controle.

Após baixas de ambos os lados, em junho de 1982 o Reino Unido ganhava a guerra e mantinha o controle das Malvinas. 

 

Operação Black Buck

Passado pelo resumo bem direto sobre o conflito, vamos falar agora sobre a grande operação inglesa envolvendo os bombardeiros Avro Vulcan e outras aeronaves, que aconteceu durante esse conflito no hemisfério sul.

As operações Black Buck tinham como objetivo bombardear regiões das Malvinas que estavam sobre controle argentino. O Avro Vulcan foi o personagem desta ousada missão inglesa.

Três Avro Vulcans nas cores branvca

O vetor de combate da missão era o bombardeiro Avro Vulcan que tinha capacidade de realizar ataques nucleares. A aeronave inclusive tinha como objetivo realizar voos até a URSS para ataques contra os socialistas.

A RAF (Real Força Aérea Inglesa enviava do Reino Unido os bombardeios Avro Vucan das Ilhas Ascensão em uma viagem de mais de 6000 Km até as Malvinas. Tais missões ficaram conhecidas como Black Buck.

A viagem era longa e para isso eram precisas vários reabastecimentos em voo. Então, para apoiar os Vulcans a RAF também enviou para a ilha de Ascensão os reabastecedores Victors da RAF.

Isso era um problema que os ingleses lidaram pois a autonomia do Vulcan não era grandes coisas, visto que sua operação era focada para missões no continente europeu.

 

Estratégias

Não é tão simples decolar de uma ilha bem afastada no atlântico para chegar nas Malvinas, e para isso toda uma estratégia foi feita pelos militares da RAF para que tudo ocorresse da melhor forma.

Uma delas era a rota planejada, que na viagem de ida o voo dos Vulcans era mais próximo ao continente africano, já o voo de volta os aviões voavam mais próximos da costa brasileira. Tal estratégia era de ter sempre um aeroporto alternativo na rota (algo que de fato foi preciso e que veremos logo abaixo).

Bombardeiro Avro Vulcan- Autor da foto desconhecido

Para atender a essa demanda a RAF enviou uma grande frota dos aviões Revo Victor para reabastecer os bombardeiros.

Os Victors também eram reabastecidos por outros, e assim toda uma completa cadeia era planejada. Sempre tinha um Victor pronto para uma eventual decolagem.

 

Ataques:

A primeira operação foi a Black Buck 1 e não teve sucesso, a começar pelo fato de um dos Avro Vulcan ter que retornar para Ascensão depois de uma descompressão na cabine.

O segundo Vulcan seguiu para a missão, mas das 20 bombas lançadas, apenas uma acertou a pista do Aeroporto de Stanley, controlado pelos argentinos.

Bombardeiro Avro Vulcan- Autor da foto desconhecido

Em 03 de maio foi a vez da missão Black Buck 2, que também não teve sucesso em destruir a pista do Aeroporto de Stanley.

Já as missões Black Buck 3 e 4 foram canceladas por mal tempo e por problemas nos aviões reabastecedores Victor.

Passando para a Black Buck 6, essa de sucesso, visto que os aviões conseguiram destruir um radar argentino e com isso matou 4 de seus operadores. Tudo estava normal e o bombardeiro voltava para a Ilha de Ascensão, mas algo aconteceu e esse voo terminou no Rio de Janeiro.

 

Bombardeiro Vulcan interceptado por caças da FAB:

Bombardeiro Vulcan em dos pátios do aeroporto do Galeão-RJ- Foto: Autor desconhecido

Com certeza essa é uma das curiosidades mais famosas, a interceptação de caças F-5E Tiger II contra um bombardeiro Avro Vulcan da RAF.

Tudo começou em 3 de junho de 1982 quando um bombardeiro inglês voltava para a Ilha de Ascensão após um ataque contra radares argentinos.

No voo de volta estava previsto a lista de reabastecimentos, no entanto, os pilotos identificaram um problema na sonda de reabastecimento e como estavam longe de uma base, decidiram rumar o Rio de Janeiro sem aviso prévio.

Na ALA-12 (Santa Cruz-RJ) dois caças F-5E Tiger II foram acionados para interceptar o bombardeiro Vulcan que havia sido identificado pelos radares da FAB. No cockpit dos caças estavam os capitães-aviadores Raul Dias e Marcos Santos Coelho.

O aviador Raul Dias, líder na missão, recebeu do controle o seguinte comunicado, “Rojão de Fogo”, (sigla para interceptação de combate real).

Capitães Raul Dias e Marcos Coelho- Foto; Arquivo Pessoal

Ao decolar os caças foram passados direto para o controle defesa de Brasília, cujo a sigla é Thor. Os Tigers então subiram para o nível 320 (32000 pés).

Os F-5s inclusive chegaram a romper a barreira do som sobre o Rio de Janeiro, provocando assim sustos e janelas quebradas.

Caças F-5E Tiger II- Foto; Arquivo FAB

Após um tempo para localizar o Vulcan, o capitão Raul Dias chegou as coordenadas que foram passadas pelo controle, mas não visualizou o Vulcan. Neste momento Raul colocou seu caça de dorso e conseguiu observar abaixo dele o bombardeiro inglês.

O piloto brasileiro fez contato com o piloto da RAF. Mesmo com a comunicação em inglês, em um primeiro momento o piloto da RAF não respondeu ao contato do piloto da FAB.

Contudo, no final os pilotos britânicos cederam às exigências do Brasil e seguiram as instruções de pouso no Aeroporto do Galeão, onde o Vulcan ficou preso por alguns dias antes de ser liberado, sob o pedido brasileiro de não retornar para a guerra.

Tripulação inglesa do bombardeiro Vulcan- Foto: Arquivo Pessoal de David Castle

Porém, antes de ser interceptado a tripulação inglesa decidiu alijar um dos mísseis (AGM 45 antirradar) no mar, mas apenas um se soltou do gancho, já o outro ficou preso na aeronave. Além do mísseis descartados também foram dispensados documentos confidencias.

Mas ao fechar a porta da aeronave (que foi despressurizada), a mesma não fechou e isso foi mais um problema para os pilotos britânicos que já estavam lidando com a falta de combustível.

Um dos mísseis AGM 45 ficou aqui no Brasil, mas até hoje não se sabe o que foi feito a respeito do armamento inglês.

Vale ressaltar que na época os Vulcans da Inglaterra estavam no fim da sua vida útil operacional, e muitos aviões apresentavam diversos problemas mecânicos ou operacionais em praticamente todos os voos realizados. Logo, a missão foi um desafio ainda maior para os ingleses.

 

Resultado final da Operações Black Buck

Avro Vulcan na cor branca

A operação Black Buck não teve muito êxito, das sete missões apenas uma conseguiu de fato fazer algum estrago na pista. Contudo, no âmbito logístico a missão pode ser sim considerada um sucesso, dado ao simples fato de operar longe de casa em uma ilha distante do local da guerra.

O emprego das aeronaves reabastecedoras, a estratégia da ida e volta, demostram que uma boa estratégia logística pode ajudar a definir o ganhador de uma guerra.

Bombardeiro Vulcan escoltado por jatos BAE Hawk dos Red Arrows-

Em 2015 um bombardeiro Vulcan fez seu último voo, fechando assim a história de um dos mais icônicos bombardeiros já fabricados.

 

Outras curiosidades da Guerra das Malvinas:

  • O Chile demostrou apoio aos britânicos e chegou a enviar tropas para a fronteira com a Argentina, o que levou os militares da Argentina a deslocar tropas de soldados para local;
  • Outros países como a Nova Zelândia que disponibilizou uma Fragata. Outro destaque vai para os EUA que de maneira secreta ofereceram o USS Ivogima (navio de desembarque anfíbio);
  • A França demostrou apoio aos pilotos ingleses com treinamento para que os mesmos combatessem as aeronaves argentinas de fabricação francesa. Além disso, vetou o fornecimento de mais mísseis marítimos Exoset;
  • A Argentina tinha um porta-aviões, o Veinticinco de Mayo. A embarcação começou sai operação em 1978, sendo retirado de serviço em 1997.

 

Galeria de imagens: 

 

 

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