Opinião – O 1º de abril da Emirates

A Emirates é conhecida por ser bem engraçadinha nas suas brincadeiras de 1º de abril, e nesta segunda-feira isto não foi diferente para a empresa. 

Nos últimos anos eles apresentaram um A380 com estilo transatlântico e piscina a bordo, um Boeing 777X com fuselagem de vidro e até mesmo implementar suítes a bordo. Ops! Essa última parte eles realmente fizeram.

Nem tudo que é prático, é bonito.

Desta vez, nas suas redes sociais, a Emirates brincou com a nova tecnologia que vira-e-mexe está na mídia, as aeronaves urbanas que contornam o trânsito. A postagem abaixo resume bem a “piada” do dia.

Não há como negar, a promessa de fabricar carros que voam é bastante antiga, talvez tenham citado isso nos Jetsons, mas nos últimos anos é possível acompanhar vários projetos que foram realizados, mas não há um real interesse.

Não entenda errado, o editor dessa publicação é a pessoa que mais odeia trânsito, e faz de tudo para não cair em um “engarrafamento”. Por isso eu apoio totalmente esses projetos, apesar de ser algo extremamente caro, e faltar regulamentação para o início do uso dessas aeronaves.

Não entenda errado novamente, eu amo carro, sou super fã de kart, acompanho corridas, tenho o meu “xodó” na garagem, mas muitas vezes recorro aos aplicativos de transporte.

Na última quinta-feira consegui fazer uma matéria inteira enquanto me deslocava pelas longas distâncias da minha cidade, tudo isso a bordo de um Ford Ka que filtrava com 80% de eficácia a enorme quantidade de buracos que o governador fez o favor de deixar na via, algo bem mais perigoso do que um motorista burro em alta velocidade na curva de raio alto.

A regulamentação e popularização da tecnologia são pontos cruciais para projetos de “carros voadores”, como o da Airbus-Audi que foi destaque na nossa publicação de 1º de abril desta segunda-feira.

É um projeto com conceitos excelentes. Um veículo autônomo, de quatro rodas, um conjunto de hélices acopla no teto quando necessário, ou seja, você não fica carregando um trambolho só para ir na padaria, e além de tudo, totalmente elétrico.

Porém, um veículo como este precisa passar por três tipos de otimizações:

A 1ª é relativa ao sistema autônomo. Experiências modernas apontam que até mesmo nas aeronaves atuais, após mais de 55 anos da criação do piloto automático, quando o sistema é mal projetado isso pode causar acidentes. Não conseguimos nem atingir o ponto de ter carros autônomos de forma viável, sempre são modelos caríssimos, como os da Tesla.

A 2ª proposta passa pela regulamentação aérea. Um engarrafamento é ruim em solo e pode causar pequenos acidentes, no ar e em altas velocidades a saturação do espaço aéreo pode ser fatal. Acredite, como engenheiro esse é o ponto mais difícil de contornar, na minha opinião, aqui o Princípio da Impenetrabilidade de Newton é intransponível.

Já a 3ª proposta é o mesmo problema de maioria dos carros elétricos. As baterias.

Um carro não necessita de tanta potência para se locomover, e várias vezes isso resulta em uma autonomia extraordinária se o projeto for bem conduzido. Diferentemente, um projeto como esse da Airbus envolve 4 hélices de propulsão elétrica, você precisa vencer a gravidade para ganhar altitude, e vencer o arrasto e a inércia para ganhar velocidade, é uma missão de experts fazer essa bateria durar mais de uma hora.

Esse não é um “balde de água fria” nesses projetos, eu apoio totalmente. Mas a tecnologia ainda precisa amadurecer muito para ter algo desse tipo de forma viável para a população, por enquanto os mais endinheirados utilizam o helicóptero para fugir do trânsito.

Eu realmente adoraria acordar um dia e saber que meu deslocamento para o escritório aconteceria sem nenhuma preocupação com trânsito, ou o clássico anda-e-para das esquinas de um bairro residencial.

Deixarei meus pés e meus braços para encontrar o limite de um veículo no autódromo, ou fazer acrobacias com um North American T-6 Texan.

 

Esse artigo contém opiniões do autor.

 

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