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OTAN afirma estar interceptando mais aviões russos perto da Polônia

Su-35 Rússia Sukhoi Ucrânia

Aeronaves de combate da Rússia e Belarus estão cada vez mais “assediando” aeronaves da OTAN através do espaço aéreo polonês. O aumento da presença dos caças russos na região reforça a necessidade do policiamento aéreo por parte da OTAN e da Polônia, o que inclui aeronaves dos EUA, revelou um alto funcionário da Força Aérea Polonesa.

“A situação atual traz mais tensão – mais risco – e é definitivamente mais grave para toda a comunidade da OTAN”, afirmou o General-Brigadeiro Ireneusz Nowak, Chefe polonês da Diretoria da Força Aérea, à Air Force Magazine em uma videoconferência. 

SU-27 Flanker- Foto: Fedor Leukhin via Wikimedia.

Segundo Nowak, caças Su-35 e Su-27 da Rússia e MiG-29 de Belarus tem se aproximado do espaço aéreo polonês diversas vezes desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro. 

“É uma situação bastante frequente”, disse Nowak. “Os caças normalmente são acionados duas ou três vezes por dia a partir do [alerta de reação rápida], então isso é muito”, disse o Brigadeiro, destacando que os sistemas de defesa aérea russos também rastreiam as aeronaves da OTAN. 

“O que quer que eles tenham, eles voaram para cá. Há uma variedade de ameaças.” Nowak também diz que a Rússia está mantendo seu Beriev A-50 Mainstay no ar constantemente. O A-50 é a aeronave de controle e alerta antecipado das Forças Aeroespaciais Russas (VKS), equivalente ao E-3 Sentry empregado pela OTAN e países membros da aliança militar. 

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F-35 da Força Aérea Real Norueguesa interceptando um A-50 da VKS. Foto: OTAN

A crescente presença de jatos de combate russos perto do espaço aéreo polonês, nas fronteiras com Belarus e o Báltico, foi respondida com antecedência pela OTAN, na forma de desdobramentos dos EUA a partir das bases aéreas de Lakenheath (Reino Unido) e Spangdahlem (Alemanha), ainda na primeira semana de fevereiro, antecipando a invasão russa no país vizinho. As forças aéreas da Alemanha e Reino Unido também se juntaram ao esforço da aliança. 

Mesmo com o reforço de caças no Leste Europeu, especialmente na Polônia, Nowak diz que a Rússia continua testando o espaço aéreo e o tempo de resposta da OTAN. 

“Eles nos assediam”, afirma. “Eles nos forçam a despachar [os caças] e nos forçam a interceptá-los.” A Polônia mantém quatro aeronaves de alerta de reação rápida (QRA) – dois MiG-29 e dois F-16 – prontos para realizar o policiamento aéreo e responder às incursões russas. 

MiG-29 caça Polônia.
MiG-29 polonês.

O céu polonês faz fronteira com o exclave russo de Kaliningrado, no Mar Báltico, ao norte, e com Belarus, ao leste. A Polônia também tem uma fronteira com a Ucrânia na porção sudeste, mas os jatos da Rússia que combatem a Ucrânia ainda não se aventuraram tão perto do espaço aéreo da OTAN: os russos optam por disparar mísseis hipersônicos e de cruzeiro de dentro do território russo, contra alvos ucranianos perto da fronteira polonesa.

“Colocamos muito esforço atualmente nesse sistema de policiamento aéreo”, disse Nowak. “O problema para nós é que, com aeroportos relativamente pequenos como os que temos, e temos uma pequena frota de caças, é cansativo para nós, então não podemos fazer o rodízio como você pode.”

F-16 C Polônia
F-16C Fighting Falcon da Força Aérea Polonesa. Foto: Staff Sgt. Jonathan Snyder/USAF.

A Força Aérea Polonesa emprega 48 caças F-16C/D Fighting Falcon Block 52, que atuam ao lado dos veteranos 29 MiG-29 Fulcrum, adquiridos da Alemanha anos após a reunificação do país. Anteriormente a Polônia ainda disponibilizou os MiG-29 para a Ucrânia, mas o acordo não foi para a frente.

A revista destaca que a necessidade polonesa é urgente, estando enraizada no que a Polônia percebe como uma resposta fraca da OTAN à incursão do presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia em 2014, que resultou na anexação da Crimeia. 

“Desta vez, há uma consciência muito sóbria de que nossa reação deve ser muito decisiva”, pontuou o oficial. Por sua vez, a Polônia assumiu um risco tremendo, sediando 10.500 soldados da OTAN em seu território, além de manter patrulha e vigilância aérea 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Caças F-15 polônia usafe
Caças F-15C na Polônia. Foto: USAFE

“Temos um domínio aéreo muito ocupado recentemente”, disse Nowak. “Reagimos conforme necessário e nos posicionamos conforme necessário”, acrescentou. “Mostramos aos adversários que estamos prontos e não vamos recuar.”

Os EUA e a Polônia voam com os F-16, e todos os pilotos poloneses treinaram com aeronaves americanas nos Estados Unidos. Contudo, a resposta rápida não veio sem deficiências operacionais.

“Descobrimos algumas lacunas operacionais devido ao fato de sermos um país bastante jovem da OTAN”, disse Nowak. “Então, alcançamos as capacidades da Força Aérea dos EUA.” Polônia, Hungria e República Tcheca aderiram à OTAN de forma unificada, em março de 1999.

Su-35 Flanker-E Rússia
Sukhoi Su-35 Flanker-E. Foto: Ministério da Defesa Russo.

Os caças da Força Aérea dos EUA patrulham os céus da Polônia ao lado da própria Força Aérea Polonesa, conectando-se a uma rede complexa de sistemas americanos, poloneses e da OTAN sob o Comando Aéreo Aliado. Nowak admite que isto inicialmente levou uma semana para funcionar, antes que a imagem aérea pudesse ser compartilhada adequadamente. 

As chamadas missões de policiamento aéreo aprimorado trouxeram rodízios regulares de caças americanos de toda a Europa, incluindo os F-16 e os F-35 da Força Aérea e F/A-18 Hornet do Corpo de Fuzileiros Navais.

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Caças F/A-18C/D Hornet dos Fuzileiros na Noruega. Foto: Lance Cpl. Adam Henke/USMC.

A adoção de técnicas, táticas e procedimentos norte-americanos pela Polônia, juntamente com treinamento e educação conjuntos, facilitaram os desdobramentos. “Num dia os aviadores americanos [chegam] aqui e no dia seguinte eles podem gerar surtidas operacionais”, disse Nowak.

A Rússia, por sua vez, usou a mídia controlada pelo Estado para construir oposição à Polônia e apoio público à invasão dos Estados Bálticos.

“A Polônia é vista como uma ameaça para a Rússia e também como um país que apoia uma forte presença dos EUA aqui na Europa”, disse Nowak. “Para a Polônia, nosso relacionamento especial com a Força Aérea dos EUA é muito importante. É vital para nós.”

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: OTAN, Polônia, Rússia, Ucrânia, usaexport