OTAN intercepta aviões militares da Rússia enquanto Europa teme invasão na Ucrânia

Aeronaves de caça dos EUA, Noruega e Inglaterra interceptaram aeronaves militares da Rússia em dois dias consecutivos. Apesar de ser algo comum, as operações ocorrem ao mesmo tempo que a Europa vive tensões, temendo uma invasão russa na Ucrânia.

Na quarta-feira (02), a Estação de Controle e Alerta de Sørreisa, Noruega, detectou um grupo de aeronaves russas desconhecidas, vindo da Península de Kola.

Segundo o Comando Aéreo Aliado da OTAN, “as aeronaves russas não estavam transmitindo um código transponder indicando sua posição e altitude, não apresentaram um plano de voo e não se comunicaram com os controladores de tráfego aéreo, representando um risco potencial para outros usuários do espaço aéreo.”

Dois caças F-35A da Força Aérea Real Norueguesa (RNoAF) foram despachados em alerta de reação rápida (QRA) a partir da Estação Aérea de Evenes para interceptar as aeronaves russas. Eles acompanharam um jato de alerta antecipado Beriev A-50U Mainstay, que prestava suporte ao restante das aeronaves, identificadas mais tarde pela RAF.

Os aviões russos seguiram voando em direção ao Mar do Norte, gerando um QRA de caças Eurofighter Typhoon do Reino Unido, que assumiram a missão. As aeronaves britânicas decolaram da base aérea RAF Lossiemouth, localizada na costa norte da Escócia, e receberam apoio de um avião-tanque Voyager (A330 MRTT) da base de Brize Norton. 

Um bombardeiro Tu-95 é reabastecido por um Il-78. Foto: OTAN.

Os caças britânicos identificaram dois bombardeiros estratégicos Tu-95 Bear-H e dois aviões de patrulha marítima Tu-142 Bear-F. “As aeronaves russas não entraram no espaço aéreo aliado e todas as interações foram seguras e profissionais”, afirmou o Comando Aéreo da OTAN. Uma aeronave de patrulha P-3C Orion também ajudou a identificar as aeronaves russas. 

A operação marcou a primeira missão real conduzida pelos F-35A da RNoAF, que assumiram o QRA no dia 06 de janeiro. Antes, as interceptações eram realizadas pelos caças F-16AM/BM, que agora estão aposentados. 

Nas redes sociais, o Ministério da Defesa da Rússia disse que as aeronaves realizavam “um voo planejado no espaço aéreo sobre as águas neutras do Mar de Barents, Mar da Noruega e o nordeste do Oceano Atlântico”. A pasta também afirma que os bombardeiros foram escoltados por caças MiG-31 Foxhound e reconheceu que em algumas etapas da rota, os porta-mísseis estratégicos russos foram acompanhados por caças Eurofighter Typhoon da Força Aérea Britânica.”

Na quinta-feira (03), foi a vez dos caças-bombardeiros F-15E Strike Eagle da USAF acompanharem os aviões russos. O Centro de Operações Aéreas Combinadas de Uedem (CAOCUE) gerou um QRA dos caças norte-americanos destacados na Base Aérea de Amari, na Estônia, para interceptar mais um grupo de aviões não-identificados.

As aeronaves dos EUA, que participam do Destacamento de Policiamento Aéreo Aprimorado, identificaram dois caças Sukhoi Su-35 Flanker-E e dois MiG-31. Novamente, os aviões russos transitavam pelo espaço aéreo sem apresentar plano de voo, com transponders desligados e sem comunicação com os meios de controle tráfego.

OTAN afirma que durante a interceptação, foi confirmado que esses caças estavam escoltando uma aeronave de transporte russa TU-154.

Rússia Tu-95 Typhoon Interceptação
Um caça Typhoon da RAF é visto de um Tu-95 Bear. Foto: Ministério da Defesa Russo

As interceptações de aeronaves russas no Báltico e Mar do Norte são corriqueiras, ocorrendo centenas de vezes ao ano. Contudo, apesar de comum, o último movimento acontece ao mesmo tempo em que Estados Unidos, OTAN e União Europeia estão ansiosos pela enorme quantidade de tropas russas implantadas em Belarus e na fronteira com a Ucrânia. 

O Governo dos EUA vê a invasão russa como iminente, e já enviou tropas, dinheiro e armamentos para a Ucrânia, movimento que foi seguido por aliados na Europa. A Rússia, por outro lado, afirma que tudo é um exercício, mas exige que a OTAN volte ao mesmo status de pré-1997 e quer a retirada de tropas da Aliança destacadas em países vizinhos.

Apesar da OTAN dizer que é uma organização defensiva, Moscou repudia o avanço da organização no Leste Europeu. As conversas diplomáticas entre as partes estão em um impasse, enquanto a Rússia aumenta o número de tropas, aeronaves, navios e veículos de suporte e logística nas fronteiras. 

 

 

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Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.