O porta-aviões nuclear francês Charles de Gaulle (R91) partiu na terça-feira (01) para sua primeira viagem operacional de 2022. A missão CLEMENCEAU 22 tem como destino o Mar Mediterrâneo, devendo passar também pelo Mar Negro, e ocorre ao mesmo tempo em que as tensões na Europa só aumentam por conta da situação entre Rússia e Ucrânia. 

Durante a viagem, que deve se encerrar em abril, o grupo de batalha (CSG) do R91 se integrará com embarcações dos EUA, Canadá, Bélgica, Israel, Espanha, Itália e Grécia.

A bordo, o porta-aviões terá 20 caças Rafale M, dois aviões de alerta antecipado E-2C Hawkeye, dois helicópteros Dauphin/Panther e um NH90 NFH Caïman O componente francês do grupo é chamado de Task Force 473 (TF 473).

Aeronaves de patrulha ATL II da França e P-8 Poseidon da Marinha dos EUA acompanharão a navegação do porta-aviões, que também será escoltado pelo destroyer Forbin, fragata FREMM de defesa aérea Alsace, fragata FREMM Normandie, navio de reabastecimento Marne e submarinos de ataque da classe Rubis. O destroyer Forbin também terá um NH90 belga embarcado. 

No Mediterrâneo, serão realizadas operações em conjunto com outros dois porta-aviões: o italiano Cavour e o estadunidense Harry Truman, com o objetivo de aumentar a interoperabilidade entre as forças com novos ativos.

O Cavour está carregando caças F-35B Lightining II, enquanto o Truman tem em sua força aérea o E-2D Advanced Hawkeye, também adquirido pela França. O Charles de Gaulle embarca, pela primeira vez, os caças Rafale atualizados para o padrão F3R, o mais moderno até a chegada da atualização F4. A missão também marca a primeira viagem da FREMM Alsace, a mais nova embarcação da Marinha Francesa.

“Enquanto a TF 473 opera no Mediterrâneo com um destróier integrado dos EUA, as Forças de Ataque e Apoio Naval da OTAN, trabalhando em estreita coordenação com outros comandos em toda a aliança, estão exercendo comando e controle de um grupo de ataque de porta-aviões dos EUA. A flexibilidade das estruturas de comando e controle entre aliados apoia a defesa coletiva da Europa”, afirma a Marinha dos EUA em comunicado.

Bon vent et bonne mer à tous les marins engagés au sein de la mission #Clemenceau22 ! pic.twitter.com/UcXK2vJAzP

— Marine nationale (@MarineNationale) February 1, 2022

Segundo o Naval News, os ativos do R91 deverão participar da Operação Chammal, componente francês da Operação INHERENT RESOLVE, contribuindo para a luta contra a reconstituição das capacidades do Estado Islâmico no Oriente Médio. 

Contudo, aeronaves e embarcações do CSG também entrarão no Mar Negro. O movimento chama atenção por ocorrer justamente ao mesmo tempo em que navios da Marinha Russa aumentam sua presença na área. Tais embarcações de guerra poderão ter um papel ativo na possível invasão da Rússia na Ucrânia, que é vista como iminente pelos Estados Unidos e a OTAN. 

Forças-tarefa russas da Frota do Pacífico, do Norte e do Báltico também estão indo para o Mediterrâneo para se encontrarem para um exercício na área. O grupo-tarefa da Frota do Pacífico Russo consiste no cruzador RFS Varyag (011), no destróier RFS Admiral Tributs (564) e no navio de reabastecimento Boris Butoma. 

Encontrando o grupo da Frota do Pacífico no Mediterrâneo estão os navios de desembarque RFS Olenegorskiy Gornyak (012) e RFS Georgiy Pobedonosets (016) e o navio de desembarque RFS Pyotr Morgunov (117) da Frota do Norte e LSTs RFS Korolev (130), RFS Minsk (127) e RFS Kaliningrad (102) da Frota do Báltico.