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Presidente da LATAM Brasil acredita em grandes mudanças na aviação

LATAM

O mercado de aviação está enfrentando uma crise sem precedentes no atual momento, mas de acordo com o presidente da LATAM Brasil, Jerome Cadier, em entrevista ao Jornal O Globo, esse momento pode ser importante para mudanças no setor.

De acordo com Jerome, o setor aéreo deve ter queda de 30% a 40% na demanda em 2021, e isso pode afetar bastante o modo das companhias aéreas operarem, e até mesmo no comportamento do passageiro, que pode variar de acordo com as decisões das empresas.

“Vai ser um cenário muito crítico. Quem não tiver custo baixo, não sobrevive”, disse Cadier, essa é uma das principais mudanças, visto que a LATAM, que é uma grande companhia aérea, precisará reduzir seus custos em 25%.

“Vamos precisar trabalhar com um custo por hora de voo 25% menor. Mas, antes de me jogar pela janela, penso que essa mesma crise nos dá uma grande burning platform (expressão em inglês que descreve uma situação tão dramática que pede respostas urgentes). Tem que mudar tudo: a maneira de remunerar o tripulante e contratar mão de obra, os contratos com os lessors (empresas de leasing de aviões) e com os fabricantes, que terão de ser mais flexíveis”, disse Cadier, já iniciando a parte de flexibilização na aviação.

Ao mesmo tempo, as companhias precisarão ser mais flexíveis com os passageiros nos próximos anos, se quiserem vender passagens aéreas. Pelo menos essa é a opinião de Cadier.

“O passageiro que estiver voando daqui a um ano, vai estar preocupado com a higienização a bordo. O bilhete também vai ter que ficar mais flexível. Se eu não tiver como alterar o bilhete, não compro. Vamos ter que caminhar na direção de mais flexibilidade. E o setor é tudo menos flexível.”

Ao mesmo tempo as companhias ficam com um teto para subir os preços até 2022, talvez seja a hora de utilizar preços baixos para incentivar a equalização entre a oferta de assentos e a demanda. Ao mesmo tempo a companhia corre o risco de diminuir a capacidade dos seus aviões em 33%, ao bloquear o assento do meio.

“Ainda é desafiador falar sobre o que vai acontecer daqui a um ano, mas algumas coisas já estão claras. O primeiro desafio é não fazer com que o futuro da companhia se resuma a 2020. É equacionar o caixa, folha, fornecedores etc. Mas depois vem uma segunda onda que também é forte e que vai deixar o setor muito diferente. Teremos menos passageiros e um excesso de capacidade empurrando os preços pra baixo.”

Além de não acreditar que todos vão retornar aos seus postos de trabalho após o período de licença, o presidente da LATAM quer analisar e sugerir outras mudanças operacionais.

“A única coisa que consigo ver de positivo hoje é a possibilidade de revermos regras tão restritivas. Para que eu vou voar para o exterior se a lei me obriga a voar com o dobro de tripulantes do que preciso? O tripulante no Brasil só pode voar 60 horas por mês. No Oriente Médio, 120. Lá é menos seguro? Outro exemplo: a eficiência das avenidas aéreas. Em todo o mundo, você tem uma linha ótima que é o trajeto do ponto A ao ponto B. Nos EUA, a vida real é 2% diferente da linha ótima. No Brasil, 8%. Isso significa mais tempo no ar, queimando combustível. No pós crise, a ineficiência vai ser inaceitável. Vai ser uma oportunidade para Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Congresso e sindicatos sentarem juntos para desenhar uma aviação que fique em pé.”

Para Cadier, o risco de falências no Brasil é baixo, visto que as três companhias aéreas brasileiras de destaque são bem estruturadas, mas não descarta a opinião sobre mudanças contundentes no setor de aviação, bem como na recuperação do setor somente em 2025.

 

 

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Pedro Viana

Autor: Pedro Viana

Engenharia Aerospacial - Editor de foto e vídeo - Fotógrafo - Aeroflap

Categorias: Companhias Aéreas, Notícias

Tags: crise, Entrevista, LATAM