O maior avião cargueiro do mundo agora ficou para as lembranças, o Antonov An-225 foi danificado e não se sabe qual o tamanho dos danos causados pelos ataques russos ao Aeroporto de Gostomel, próximo à Kiev.
O gigante cargueiro teve seu desenvolvimento realizado na década de 80, recebeu atualizações ao longo dos anos e se tornou um grande símbolo ucraniano na aviação mundial.
Através dele foram realizados diversos transportes em quantidades jamais vistas, principalmente em equipamentos mais pesados. A aeronave foi de suma importância durante a pandemia, visto que transportou muitos insumos para quem tanto precisava com grande rapidez.
A pergunta que fica: Por qual motivo não existiu outra aeronave com tamanho e capacidade semelhantes?
O gigante ucraniano quebrou 250 recordes na aviação e em outras categorias, o custo para contratar é de US$ 1 milhão por voo. Ainda não há informações sobre o estado da fuselagem, mas há uma fuselagem inacabada do An-225 desde a década de 90.
Esta segunda aeronave nunca conseguiu ser terminada e chegou a ser cancelada em 1994 por falta de aporte financeiro, e também a situação econômica que se encontrava a Ucrânia.
O projeto foi retomado em 2009, porém sem grandes avanços, a conclusão do segundo Antonov An-225 ficou em 70% da estrutura.
Em 2012 o CEO da Antonov declarou quanto custaria para concluir o segundo An-225: No total seria preciso investir cerca de US$ 460 milhões. Com os avanços tecnológicos na fabricação de aeronaves, muitos componentes e computadores com sistemas mais econômicos e avançados teriam de ser desenvolvidos fora da Rússia e a Ucrânia.
Em 2016 um consórcio da China estava interessado no projeto do gigante cargueiro, porém mais uma vez seus altos custos foram primordiais para a não continuação do projeto.
Quanto custaria, em números estimados, construir uma aeronave deste tipo totalmente “do zero”?
O ‘Myria’, que significa ‘Sonho’, foi um grande pilar para a fabricante que possui uma subsidiária chamada Antonov Airlines para realizar o transporte de grandes equipamentos ou grandes volumes.
O seu tamanho e peso também influenciam na operação, pois nem todos os Aeroportos no mundo tem suporte para receber essa aeronave.
Estima-se que o custo para lançar um projeto novo, literalmente do zero do An-225, os valores ultrapassem os US$ 1 bilhão com as atualizações e modificações mais recentes.
Como comparação, o Airbus A380 que foi produzido em grandes escalas custa por volta de US$ 432,6 milhões.
O voo do An-225 era quase um evento, paravam-se estradas, aglomeravam milhares de pessoas para ver a estrela mundial. Apesar de todos quererem ver o gigante, o seu irmão ‘menor’ era mais solicitado devido ao seu tamanho e seus custos.
Originalmente o Antonov foi criado para realizar um transporte especial do ônibus espacial Buran. Como o projeto não foi a frente, o AN-225 foi designado para fazer o transporte de grandes quantidades de cargas pelo mundo, durante a pandemia de Covid-19 ele foi essencial por levar muitos suprimentos ao mesmo tempo.
“O Mriya não é contratado com a mesma frequência que os Ruslans, porque o Mriya foi projetado especificamente para o transporte da Buran, e não de cargas humanitárias. Basicamente, por espaço. Isso era algo que a União Soviética podia pagar. Mais importante, quase 35% dos aeroportos não podem fornecer espaço para pouso do Mriya. Por causa de suas dimensões e envergadura, o Mriya não se encaixa nas faixas da pista não iriamos recuperar os custos”, disse Donets, CEO da Antonov.
Veja algumas curiosidades sobre o Antonov An-225
1. Foi produzido para transportar o Ônibus Espacial Russo
O An-225 não foi produzido como um cargueiro puro, ao contrário, um cargueiro puro ofereceu a base daquilo que seria um transportador para o Buran, o ônibus espacial russo.
Os líderes soviéticos consideraram todos os meios de transporte concebíveis, incluindo estradas de grandes dimensões e até uma ferrovia em escala reduzida. Logo eles avaliaram que a melhor opção era o modal aéreo.
O novíssimo helicóptero Mi-26 poderia levantar até 26 toneladas, mas durante um voo de teste, uma leve turbulência causou oscilações de pêndulo ameaçadoras.
Em vez disso, os engenheiros soviéticos primeiro consideraram dar o trabalho de transportar o Buran para o An-124 Ruslan , que voou pela primeira vez em 1982, mas os testes com esse avião falharam, pela posição do estabilizador vertical.
Então os “russos” optaram por fazer um híbrido, uma aeronave ainda maior, com diversas alterações para levar o Buran, enquanto os Estados Unidos estavam felizes ao adaptar um 747 para levar o Space Shuttle.
2. São necessários diversos tripulantes para operá-lo
Nos modernos aviões de carga encontramos muitas vezes uma tripulação de duas pessoas, com exceções para três pessoas, em algumas situações.
Como o An-225 é baseado em um projeto antigo, e cá entre nós, no melhor estilo soviético, o maior cargueiro do mundo precisa de seis tripulantes para operar, e pelo menos 11 reservas para voos de longa distância.
Os fãs da aviação puderam acompanhar uma grande atividade do maior avião do mundo, o Antonov An-225 durante a pandemia, para transportar diversos suprimentos médicos da China para a Europa e até mesmo o Canadá.
Por ser o maior cargueiro em atividade, o An-225 voltou do seu período de manutenção para preencher uma lacuna, e depois disso, bateu vários recordes seguidos de transporte de cargas.
Enquanto seu irmão menor, o An-124, leva uma média de 6 milhões de máscaras faciais mais 200 mil testes para detectar o coronavírus, o An-225 consegue levar até 10 milhões de máscaras faciais, e o mesmo número de testes a bordo.
3. Detém diversos recordes de cargas transportadas
O Antonov AN-225 é um recordista em transporte de cargas no modal aéreo, tanto em volume como em peso. São mais de 200 recordes ao longo dos anos de operação.
Em 2001 o An-225 levou uma carga de 252 toneladas a bordo, voando baixo, em um voo de aproximadamente 1000 quilômetros.
No entanto, pelas características do An-225, poucas vezes a aeronave transportou uma carga tão grande em volume, visto que muitas vezes as empresas buscam o maior avião do mundo para levar cargas de alta densidade, porém, que não ocupa totalmente o interior do avião.
Mas nos últimos dias o An-225 quebrou o recorde de volume, ao levar mais de 1000 m³ de suprimentos médicos, em um voo da China para a França (Paris). No total, mais de 150 toneladas de máscaras, testes da COVID-19 e suprimentos médicos foram transportadas neste voo.
4. A Antonov já tentou produzir outro An-225
Durante várias postagens ressaltamos que este avião é único, realmente só há uma unidade em operação neste momento. Porém, o An-225 já “correu o risco” de ter um companheiro nas operações.
Ainda na época da União Soviética, antes da crise no “bloco”, a Antonov iniciou a produção de outro An-225, enquanto o primeiro fazia testes para a sua certificação, o intuito na época de transportar grandes componentes espaciais no interior, bem como peças de aeronaves.
Por este motivo, a segunda unidade o An-225 deveria ser um pouco diferente, com empenagem traseira convencional visto que não precisaria transportar o Buran na parte superior.
Da mesma forma, a aeronave não teria os dois suportes na parte superior da fuselagem, utilizados para acoplar o Buran.
Há pouca esperança de que o An-225 tenha um irmão.
5. O Antonov An-225 ficou parado por diversos anos
Após o colapso da União Soviética, que gerou uma crise financeira em várias países que faziam parte do bloco, o Antonov An-225 foi “encostado” nas instalações da Antonov em Kiev, na Ucrânia.
O An-225 deixou de ser utilizado por volta de 92/93, sua fuselagem ficou estocada, os motores foram retirados para equipar outros aviões An-124, que continuaram na ativa através da Antonov Airlines.
Com o mundo se recuperando, e juntamente os ex-países comunistas, a Antonov Airlines decidiu trazer o maior avião do mundo para as operações, aproveitando a fuselagem que estava estocada.
Poucos anos depois do avião ser “aposentado”, a aeronave entrou em um extenso processo de restauração, que terminou em maio de 2001, entrando em atividade poucas semanas depois.
6. Já pensaram em fazer do Antonov An-225 um avião de passageiros
Quando a URSS entrou em colapso em 1991 e a indústria aeroespacial pós-soviética lutava pela sobrevivência, vários usos exóticos (e malucos) do An-225 foram propostos. Uma ideia envolvia converter o Mriya em um avião de três andares, completo com quartos privativos, shoppings e um cassino.
Outro projeto conjunto entre a Rússia, Ucrânia e Reino Unido considerava um novo avião, o An-325, com base no An-225, uma ideia muito louca de dupla fuselagem para levar um ônibus espacial no vão entre as fuselagens.
Não precisa dizer que nenhum desses conceitos saiu do papel.
O An-225 ainda preserva o interesse dos governos da China e Rússia, para transformar o avião em um lançador de veículos espaciais.
7. Tem a potência de três Boeing 767
Como todo avião puramente soviético, o An-225 é equipado com motores turbofan de fabricação russa. Na época, o Progress D-18T, da Ivchenko-Progress, era equivalente aos CF-6 da GE, pelo menos na teoria.
Esses motores também equipavam o An-124, mas com um peso máximo de decolagem de 640 toneladas, os quatro motores do cargueiro resultariam em um péssimo desempenho do An-225.
Para isso, o maior avião do mundo ganhou dois motores extras, da mesma potência. Cada um despeja um empuxo de 51600 lbf, durante a decolagem.
Podemos comparar essa potência com o motor CF-6, que equipa o Boeing 767. Logo, o An-225 tem uma potência equivalente a quantidade de três aviões Boeing 767-300, e um consumo na mesma ordem.
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