Tipos de asa e sua aerodinâmica – Enflechamento negativo ( O.o )

E continuando mais uma parte do nosso longo capítulo falando sobre asas, hoje eu acabei decidindo concluir melhor o assunto sobre asa enflechada, na primeira postagem feita a algum tempo atrás foi abordado o enflechamento positivo, utilizado em muita grande parte das aeronaves atuais, porém agora será retratado um conceito novo no que se trata a asa com enflechamento negativo.

X-29_in_Banked_Flight

Grumman X-29 em fase de testes pela NASA. Aeronave contava com canards e computador de voo.

Para começar o que seria o enflechamento negativo de uma asa? Como eu poderia visualizar sem ter uma foto em mão?

Imagine só, uma asa com enflechamento positivo já foi abordado, então todos devem conhecer, com o ângulo positivo o bordo de ataque na raiz estará na frente do bordo de ataque a ponta da asa, enquanto o bordo de fuga da raiz continua na frente da asa, se você pegar um papel e brincar de ligar os ponto com isso terá uma asa com enflechamento positivo.

Mas ok, até agora foi pura enrolação de tempo, sendo mais direto agora, o formato negativo é como você pegasse essa asa que foi desenhada e simplesmente invertesse seu lado, claro que sendo feita de maneira certa, assim como na foto acima.

Hansa Jet, lançado na década de 60, não vingou muito porque tinha consumo muito alto de combustível, porém era confortável.

Hansa Jet, lançado na década de 60, não vingou muito porque tinha consumo muito alto de combustível, porém era confortável.

Criada pela primeira vez em 1936 pelos alemães (sempre eles…), sua construção não foi realizada, ficou só na teoria do que um dia podia ser o tipo ideal de asa para um caça. As primeiras aeronaves desse tipo foram produzidas na 2ª guerra mundial primeiramente pela Alemanha (Junkers 287) e logo após pelo EUA. No pós-guerra foi  continuado os estudos pela NACA nos EUA sobre as vantagens e desvantagens de se utilizar esse tipo de asa, a primeira aeronave que recebeu experimentalmente o enflechamento negativo para os testes foi o Bell X-1 , porém em versão de túnel de vento.

Enquanto a NACA abandonava a ideia por ver poucas vantagens aerodinâmicas no projeto, a URSS já tocava esse tipo de asa em aviões reais e com testes reais, porém nenhuma aeronave foi produzida em série até a década de 60, onde o Hansa Jet (imagem acima) teve 47 unidades vendidas.

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Na sua parte aerodinâmica ela é marcada por um comportamento inverso ao do enflechamento positivo, como por exemplo, em uma aeronave com “avançamento” negativo o ar escoa rumo a fuselagem nesse tipo de configuração, diferente do que ocorre em um enflechamento positivo.

Além disso é capaz de criar instabilidade no controle da aeronave, algo que é desejado em aeronaves do tipo caça e que é conseguido facilmente usando essa configuração, a instabilidade é controlada por computadores de bordo para não fazer da aeronave algo totalmente incontrolável na mão do piloto. Em testes foi verificado também que esse tipo de asa requer uma pista menor para decolagem, favorecendo assim a operação em porta aviões, característica essa derivada de sua alta razão de sustentação.

Usar o ângulo negativo de enflechamento nos serve para não criar uma limitação em relação a ângulos de ataque da aeronave, diferentemente do que ocorre em enflechamento positivo, porém isso asa gera mais arrasto de ar em comparação com outro tipo mais utilizado.

Sukhoi SU-47 mostrado em conte, repare como dentro da asa há uma longarina grande composta de fibra de carbono e titânio, tudo isso em nome da resistência.

Sukhoi SU-47 mostrado em conte, repare como dentro da asa há uma longarina grande composta de fibra de carbono e titânio, tudo isso em nome da resistência.

Porém como sempre abordamos e falamos, nem tudo são só vantagens, esse tipo de configuração exige alguns itens que só ele requer bem. Primeiramente a construção como todos devem estar imaginando é feita de forma a ser mais resistente que o normal, visto que o primeiro ponto da asa que sustenta a aeronave é a ponta dela, diferente de um enflechamento positivo onde o primeiro ponto que sustenta é a raiz. A raiz da asa precisa estar a uma certa distância do centro gravitacional da aeronave, isso deixa todo o projeto de peso da aeronave mais chato para o engenheiro que terá de dar extrema importância a isso para garantir a esse tipo de asa a eficiência que é requerida dela.

 

Na próxima parte a ser lançada ainda essa semana que tal abordar sobre Washout?

 

Up 1 do post, vídeo do SU-47 em ação:

 

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