Trem de pouso – Você só lembra dele na hora do pouso ruim

por '@pedro

Meio estranho uma postagem com esse nome, mas o que será passado por aqui mesmo é sobre o sistema do trem de pouso e como ele funciona, seu sistema com molas, amortecimento e tudo mais.

Toda essa história começa com minha ida a EAB 2015, como os mais próximos da Aeroflap sabem, eu tenho uma pequena inclinação a área automotiva também (o que me levou a pegar algumas matérias extra na faculdade). Em um automóvel a suspensão é tudo, em uma aeronave ela ajuda a não gerar danos na hora da decolagem ou do pouso. Estando eu perto das aeronaves na feira é possível analisar melhor o sistema que cada uma usa e como ele se comporta, além de que foi possível também pegar explicações com pilotos de grande carreira na aviação e com anos de experiência na aviação.

Sobre os tipos de trem de pouso todos conhecem, existe o convencional e o triciclo basicamente, mas ambos podem usar os mesmos princípios de amortecimento, os quais são descritos abaixo.

 

Molas

Trem de pouso de um Piper Club, é conhecido também por Bungee Cord Type.

O amortecimento pode funcionar utilizando de molas comuns em configuração Helicoidal, as quais podem ser duas com uma em cada lado entre a fixagem da fuselagem e a do trem de pouso, ou somente uma com tirantes que ligam ambas as pontas e uma bandeja que liga cada roda a fuselagem, esse último sistema é o dependente em que cada lado pode depender da ação do outro. Esse amortecimento pode ser feito também por aros de borracha resistente e pneus de baixa pressão, como é visto em maioria dos modelos Piper de trem de pouso convencional (foto abaixo). É bastante utilizado em aeronaves antigas ou aeromodelos.

 

Braço de torção

Cessna Caravan com seu esquema de braço de torção no trem de pouso principal.

Conversando com o piloto de um Cessna Caravan e observando um pouco a moderna aeronave (motor atualizado, suite Garmin de navegação), acabei indo pro trem de pouso traseiro da aeronave onde encontrei os suportes e um suposto tirante que logo descobri ser uma proteção feita de borracha e perguntei para o piloto, a resposta dele dizia que aquilo era parte do sistema de suspensão do pouso, como já tinha imaginado e sabia anteriormente, aquele é o sistema de amortecimento da Cessna, que logo explicarei abaixo.

Esquema interno de como funciona esse braço de torção.

Esse sistema é composto por uma barra feita com aço de diferente coeficiente elástico, no momento do pouso, ou até ao receber solavancos da pista a função dela é bem parecida com um feixe de molas de um veículo, ela torce assim que ocorre a pancada, por motivos óbvios a resistência da barra também tem que ser grande para não quebrar, então digamos que nessa configuração ela funciona ,porém é meio dura demais, se você chegar com uma razão de descida muito alta no pouso e tocar no solo com força, a barra te jogará para cima novamente por meio da dissipação incompleta de energia (cinética -> elástica -> que vira cinética de novo).

 

Amortecedores

Esquema por amortecedor hidropneumático em uma aeronave.
Esse trem de pouso em esquema, montado.

Nessa categoria podemos ter 2 tipos de amortecimento, o hidráulico e o hidropneumático. É bastante utilizado em aeronaves de maior peso, desde os projetos mais simples como em um Embraer Tupi, até chegar a um Airbus A380, esse tipo de suspensão permite a utilização de pneus de alta pressão já que o amortecimento é feito através do fluído.

Hidráulicos: Funcionam através de óleo do amortecedor e uma mola que suporta o peso, é bem parecido com o utilizado em carros, com a diferença que o batente do amortecedor é mais trabalhado para caso de pousos. Esse sistema, diferentemente do braço de torção, é bem maleável, feito para aguentar as pancadas do pouso sem para isso deixar a aeronave saltar.

– Hidropneumáticos: É composto por ar ou gás em seu interior mais o fluído que ajuda no amortecimento, bem parecido com o sistema de suspensão a ar de veículos, é muito utilizado em sistemas que dispensam mola para apoiar o peso da aeronave, no lugar da mola o ar sustenta o peso da aeronave quando em solo, além de ser responsável pelo amortecimento quando em pouso, a pressão dentro da câmara de amortecimento é controlada de acordo com a utilização, inclusive quando em pouso ou em caso de fim de curso a pressão do ar é maior por causa do movimento de compressão da câmara de ar.

Bem simples a explicação de um sistema a ar e óleo ao mesmo tempo.
Com todos os componentes e posições de atuação.

 

Essas são as opções mais básicas de suspensão que uma aeronave pode ter, ambas seguem uma linha de evolução e são essenciais para um pouso seguro, principalmente para manter a estrutura da aeronave sem danos mesmo em condições bastante adversas. Na próxima postagem sobre isso explicarei melhor como funciona o sistema de distribuição de fluído e ar em aeronaves mais evoluídas nesse sistema.

Autor: Pedro Viana

Engenharia Aerospacial - Editor de foto e vídeo - Fotógrafo - Aeroflap

Categorias: Aeronaves, Artigos, Não categorizado

Tags: amortecedor, convencional, Trem de pouso, triciclo

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