Uma análise – Novos projetos de aviões supersônicos e hipersônicos

Nunca se noticiou tanto sobre novos projetos de aeronaves supersônicas ou hipersônicas, mas também a tecnologia pessoal nunca avançou tanto como na última década. Nos meus últimos 2 anos de Aeroflap, e também de formação acadêmica, o número de notícias que tenho escrito, ou projetos que eu analiso a sua concepção, nunca foi tão alto e isso simplesmente me deixa entusiasmado com a aviação do futuro.

Desde 2010, quando eu realmente defini minha área de atuação na vida, eu sempre questionei a respeito de não haver NADA supersônico para uso do transporte civil. Oras, o mundo já foi mais avançado, em plena década de 2000 parece que voltamos nosso olhar para um comportamento mais pacífico ou “econômico”.

Essa postagem tem um motivo especial, nessa semana em meio a enxurrada de notícias que eu recebo diariamente, me apareceu um projeto chamado BOOM. A primeira vista interessante, sensato, eles só queriam voar à Mach 2.2, nada mirabolante como aquele projeto que noticiamos por aqui de Mach 24. Uma configuração de passageiros que aparentemente é menor que o Concorde, asas em delta de superfície totalmente lisa, empenagem traseira ao meu parecer com aerodinâmica mais refinada do que a geração de 60 e motores duplos.

Projeção do BOOM em Heatrow/Londres.

Projeção do BOOM em Heathrow/Londres.

A empresa responsável pelo BOOM, que é sediada em Denver – Colorado/EUA, diz que irá utilizar motores de concepção totalmente nova e voltados para o uso na aeronave, além disso a sua estrutura será em material composto para a redução máxima de peso e aumento da resistência. Nada demais, só estão aproveitando o gap tecnológico de quase 50 anos do Concorde para a geração atual de aeronaves, como o Airbus A350XWB e um pouco antes o Boeing 787.

No voo supersônico nós temos dois problemas básicos: O primeiro de todos é ultrapassar Mach 1, chamado também de barreira do som, para isso a aeronave deve chegar na pressão de ar crítica, e lá se vai mais gasto de combustível. O segundo ponto é o controle dos comandos em voo supersônico, pelo fluxo de ar (na mesma altitude) ser bem maior, qualquer movimento em um manche por exemplo gera uma reação maior do que o normal para uma aeronave supersônica, e para isso usa o Fly By Wire para corrigir e dar estabilidade para a aeronave.

Um terceiro problema seria o aquecimento da parte externa, mas isso poderia ser otimizado utilizando materiais compostos ou refinando a aerodinâmica. Então não é de extrema importância. Mas existe o quarto que é o diferencial de pressão entre o interior da aeronave pressurizada e o exterior a 60 mil pés, isso realmente exige maior resistência do material em que a fuselagem é construída.

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Protótipo de um supersônico para 100 passageiros que a Lockheed está projetando com colaboração da NASA.

Com a tecnologia atual é relativamente fácil resolver todos esses empecilhos. Hoje o F-22 e F-35 (agora o Gripen NG) voam em velocidade supersônica sem precisar do uso de pós combustores (conhecido como supercruise), isso já é um adicional para a maior economia de combustível. Os comandos Fly By Wire podem ser realizados com cabos de fibra óptica, como a Mitsubishi está testando no ATD-X, fora que os computadores de voo atuais são bem mais eficientes. A indústria aeronáutica já domina a fabricação de vários componentes em fibra de carbono e também já chegou a um consenso sobre alívio de peso interno.

Enfim, são 50 anos de evolução na aviação, quando o Concorde foi lançado não havia computadores pessoais, transmissões por satélite, muito menos GPS. O domínio sobre materiais compostos estava em seu início ainda.

O BOOM já tem uma empresa parceira, ela é a Virgin Galactic, que está animada para fornecer apoio em engenharia, design, fabricação, testes de voo e operações. Ela já tem um contrato com 10 opções de compras, seguido por outro de uma companhia européia para 15 opções de compra do BOOM. Segundo os engenheiros da Virgin, com a tecnologia atual seria possível reduzir em 75% o custo operacional de voar acima de Mach 1, quando comparado com o Concorde.

Irá chegar um tempo em que as companhias aéreas irão privilegiar voar em 5 horas, ao invés de 13 horas (como no caso do BOOM). Que o atrativo para os que hoje utilizam jatinhos sejam voar em uma executiva de uma aeronave supersônica, levando metade do tempo que levaria em seu jato particular e voando a 60 mil pés.

 

Fonte da notícia – CNN

 

*Esse artigo pode conter trechos com opinião pessoal, deixe a sua na zona de comentários.

 

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