Um vídeo publicado no Twitter na quarta-feira (27) mostra um incrível treinamento entre um F-5F Tiger II e um MiG-29 Fulcrum, ambos da Força Aérea Iraniana (IRIAF). Nas imagens, o caça de origem estadunidense dispara um foguete usado como alvo para um míssil ar-ar R-73 disparado da aeronave russa.
Video🎥: Missile launched by IRIAF F-5, subsequently immediately intercepted by IRIAF MiG-29, likely using R-73 AAM.
(yes, you read that right) pic.twitter.com/dVmw1gJyFO
— Aᴍɪʀ (@AmirIGM) October 27, 2021
Não se sabe exatamente quando o vídeo foi gravado e nem se o exercício com as duas aeronaves foi uma demonstração para o público. De qualquer forma, tudo ocorre em baixa altura, algo muito incomum para esse tipo de operação.
Nas imagens, o F-5F de dois assentos e o MiG-29 voam em formação, com o caça russo voando logo atrás e à esquerda do jato americano. Ainda em ala, o F-5 dispara um foguete-alvo a partir do trilho de lançamento da ponta da asa esquerda.
O foguete voa em linha reta enquanto o F-5 inicia uma curva de dispersão para a direita. Assim que o Tiger II sai do quadro, o MiG-29 dispara um míssil ar-ar de curto alcance Vympel R-73, que atinge o alvo quatro segundos depois, gerando uma bola de fogo e fumaça.
Apesar de ter sido previamente identificado como um míssil, o artefato que o F-5 disparou é, na verdade, um foguete-alvo TDU-11/B. Trata-se de um alvo aéreo desenvolvido pela USAF a partir do foguete de ataque ao solo Zuni, de 127mm.
Para treinar seus pilotos no uso de mísseis ar-ar guiados por calor – no caso o AIM-9 Sidewinder – a Força Aérea dos EUA modificou o Zuni, que recebeu uma cabeça iluminativa e um par de flares para aumentar sua assinatura de calor e facilitar a detecção pelo sensor infravermelho do míssil.
Good catch by @maysam21901, the target is a TDU-11 thermal target which is essentially a Zuni rocket with flares. It can be mounted on Sidewinder launch rails (seeing as the sidewinder itself was originally based on the Zuni).https://t.co/ILtUtnWPbI pic.twitter.com/8E1N7FDClQ
— Aᴍɪʀ (@AmirIGM) October 27, 2021
O próprio AIM-9 foi desenvolvido com base no foguete Zuni, o que permite que o TDU-11 possa ser disparado a partir do trilho de lançamento da ponta da asa do F-5. Isso está previsto, inclusive, no manual do caça (clique aqui para baixar o documento completo).
De qualquer forma, o TDU-11 não impõe um “grande desafio” ao R-73 ao voar reto. O míssil russo, chamado de AA-11 Archer pela OTAN, está em uso desde a década de 1980 e até hoje é reconhecido pela sua alta manobrabilidade.
O R-73 também foi um dos primeiros mísseis que poderia ser usado em conjunto com a Mira Integrada no Capacete (HMS), trazendo uma grande vantagem ao piloto durante o combate aéreo de curta distância (dogfight), algo que ficou especialmente evidente para os norte-americanos quando passaram a treinar com os pilotos de MiG-29G da Alemanha após a reunificação do país. Os caçadores poderiam travar um míssil no alvo apenas olhando para a aeronave.
Isto fez com que os EUA e o resto da Europa investissem no desenvolvimento de mísseis muito mais manobráveis, com capacidades off-boresight cada vez maiores e que pudessem ser escravizados aos capacetes com display integrado (HMD), algo que mais tarde deu origem ao ASRAAM, AIM-9X e IRIS-T.
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