Aeronaves CV-22 Osprey com metralhadoras incomodam moradores do subúrbio de Tóquio

Tripulante de um CV-22 Osprey manejando a metralhadora GAU-21 calibre .50 montada na aeronave. Foto: Airwolfhound via Wikimedia.

Um grupo de moradores da região metropolitana de Tóquio está incomodado com o constante sobrevoo de aeronaves CV-22 Osprey da USAF (Força Aérea dos EUA) equipados com metralhadoras calibre .50 BMG. 

As reclamações vem do grupo cívico Comitê de Paz de Hamura (Hamura Heiwa Iinkai), uma cidade a oeste de Tóquio, que afirma que as aeronaves americanas vem realizando vários sobrevoos em áreas residenciais com uma metralhadora na porta traseira à mostra e apontada para baixo. 

Falando ao jornal japonês The Minichi, a organização afirma que mais de 40 aeronaves foram registradas sobrevoando a região desde junho de 2018, operando da Base Aérea de Yokota, também na região oeste da capital japonesa.

Os sobrevoos se intensificaram a partir de 1º de julho de 2019, quando o 21º Esquadrão de Operações Especiais da USAF passou a ser sediado em Yokota. Entre os dias 3 e 11 de julho, foram confirmados nove desses voos.

A unidade opera os Bell-Boeing CV-22 Osprey, empregada no transporte, inserção e retirada de tropas militares especiais em território inimigo. Já o armamento mencionado pelos moradores é uma metralhadora GAU-21, calibre .50, capaz de realizar entre 950 e 1100 disparos por minuto. 

Militar do 7º Esquadrão de Operações Especiais checando a metralhadora montada na porta traseira de um CV-22. Foto: Capt Chris Sullivan/USAF.

O grupo, que realizou atividades intensivas de monitoramento antes e depois do deslocamento dos Ospreys para a base de Yokota, também afirma que 30 dos Ospreys registrados em 2018 estavam portando o armamento. 

A questão dos voos chegou ao Comitê de Auditoria da Câmara dos Vereadores em maio de 2019. O então Ministro da Defesa Takeshi Iwaya disse que não estava ciente dos detalhes de como o Ospreys estavam sendo operados, mas acrescentou que gostaria de “buscar o nível máximo de consideração para a segurança do lado dos EUA”

Mas de acordo com o Comitê de Paz de Hamura, não parece haver nenhuma mudança significativa desde a forma como os Ospreys estão sendo operados, e voos semelhantes continuaram ocorrendo.

O chefe do comitê de Hamura, Mieko Takahashi, 79 anos, considera problemático o atual estado em que os voos com metralhadoras apontadas para fora ainda continuam com voos de baixa altitude, que criam ruído significativo, e voos noturnos.

“Não devemos permitir que (os militares dos EUA) usem os céus acima de nossas áreas residenciais como campos de treinamento e nossos bairros como alvos”, disse Takahashi. “Não é permitido aos militares dos EUA fazerem o que bem entenderem, e o governo japonês deve se defender e lidar com a situação”.

Em resposta ao jornal japonês, a USAF explica: “a configuração de voo normal do CV-22 Osprey inclui uma arma presa na parte traseira do avião em um posição segura sem munição. Todas as nossas operações aéreas são conduzidas de acordo com os acordos e regulamentos relevantes entre o governo dos Estados Unidos e o Governo do Japão. Fazemos todos os esforços para minimizar nosso impacto nas comunidades locais, garantindo a manutenção da proficiência em nossas operações de voo para a defesa do Japão.”

Militar do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA disparando uma GAU-21 montada em um helicóptero UH-1Y Venom. Foto: Lance Cpl. Jose Gonzalez/USMC.

 

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Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.