Com KC-390, FAB leva até o Chile laboratório de universidade gaúcha

Um laboratório desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi levado na quinta-feira (29) até Punta Arenas, no extremo sul do Chile, a bordo de um cargueiro KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira (FAB).

O módulo, chamado de Criosfera 2, é um laboratório totalmente automatizado que ampliará a coleta dados ambientais – como informações meteorológicas e sobre a química atmosférica.

De acordo com dados do Flightradar24, o transporte foi realizado pelo KC-390 FAB 2853 do Esquadrão Gordo (1º/1º GT), com sede na Base Aérea do Galeão (RJ). A aeronave fez decolou da Base Aérea de Canoas (RS) e fez uma parada técnica em Pelotas, de onde decolou com destino à Punta Arenas sob o código de chamada BRS61, retornando ao Rio Grande do Sul ainda na quinta-feira.

KC-390 decolou de Canoas, passou por Pelotas e seguiu para Punta Arenas, no Chile.

A viagem até o Chile é apenas a primeira etapa até o destino final do Criosfera 2. Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o laboratório receberá, ainda no Chile, mais equipamentos científicos e embarcará em um avião que aterrissa no gelo. A instalação será realizada no próximo verão antártico, quando será realizada a 41ª Operação Antártica, que se inicia neste mês de outubro.

De acordo com o responsável pelo projeto, o glaciologista Jefferson Simões, que também é vice-presidente do Comitê Científico de Pesquisas Antárticas, essa será a maior expedição do Brasil no interior da Antártica.

O laboratório desenvolvido pela UFRGS integra o Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A construção do módulo, que custou R$ 250 mil, foi financiada meio a meio pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) e o Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). Além disso, integra o INCT da Criosfera, projeto do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, coordenado pelo CNPq.

A operação logística, que envolve o transporte e a instalação na Antártica e também a manutenção do módulo Criosfera 1, custará R$ 3,5 milhões. O valor é custeado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

O Criosfera 1, instalado em 2012, está localizado a 2,5mil km da Estação Antártica Comandante Ferraz ou 667 km do Polo Sul geográfico. A distância equivale a trajetória em linha reta entre Rio de Janeiro e Belém do Pará. O local servirá de apoio para a montagem do Criosfera 2, que será posicionado a uma distância de 500 km do primeiro, mais ao centro do continente gelado.

O módulo Criosfera 2 vai permitir expandir em 1 milhão de km² a área de atuação do Proantar. Novas áreas passarão a ter monitoramento dos gases de estufa na Antártica e seus dados meteorológicos são bases importantes para a calibração de modelos sobre o balanço radiativo na Antártica. O novo módulo será instalado em área geográfica com forte sinal ambiental dos processos relacionados aos fenômenos El Niño/La Niña e o SAM (Modo Anular do Hemisfério Sul), entre outros.

Os laboratórios provêm informações de modo contínuo e automatizado de dados ambientais, que permitem o monitoramento da atmosfera antártica na variabilidade climática do Atlântico Sul, e de componentes químicos da atmosfera, como a concentração de dióxido de carbono, que são captados por sensores. As informações abastecem institutos de pesquisa e cientistas do Brasil e do exterior dedicados ao tema.

O projeto também investiga a microbiologia polar, as interações entre as massas de ar antárticas e as do Brasil, avançando o conhecimento sobre as frentes frias que afetam a produção agrícola brasileira, em especial no Centro-Sul do País, além do papel do manto de gelo.