A Colômbia celebra a segunda edição da ALTA Fuel & Sustainability Conference, um evento organizado pela Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA) que reúne mais de 200 especialistas, líderes do setor de aviação e autoridades governamentais para discutir os desafios e oportunidades relacionados à produção, distribuição e uso de combustíveis convencionais e sustentáveis na aviação da região.

Durante seu discurso de abertura, José Ricardo Botelho, Diretor Executivo e CEO da ALTA, disse que o setor de aviação é um dos principais impulsionadores da economia da América Latina e do Caribe: “ele representa 8% do PIB regional e gera 17 milhões de empregos. A aviação tem um profundo impacto social e, portanto, deve ser considerada como um setor essencial nas agendas estatais para trabalhar de forma colaborativa para promovê-la de maneira segura, eficiente, sustentável e duradoura. A aviação é uma porta de entrada fundamental para nossos países e o meio de transporte mais seguro e eficiente para a população”.

Botelho destacou o recorde histórico alcançado pelo setor de aviação na região em 2023, com 451,6 milhões de passageiros voando na região, um crescimento de 13,3% em relação a 2022. “A aviação não pode ser vista como um luxo, mas como uma aliada do desenvolvimento. Tampouco deve ser alvo de impostos não relacionados, custos desproporcionais, regulamentações ineficientes que impedem seu desenvolvimento”, enfatizou.

No início do ano, o tráfego de passageiros também mostrou bons sinais, embora ainda haja muito trabalho a ser feito. Em janeiro de 2024, a Colômbia registrou um crescimento de 30% no tráfego aéreo internacional em comparação com janeiro de 2023, o que se traduz em 1,9 milhão de passageiros adicionais.

No entanto, no lado doméstico, foi observado um aumento de 2% em comparação com 2023, atingindo um total de 2,8 milhões de passageiros, indicando uma ligeira desaceleração em comparação com o mês anterior, quando foi registrado um crescimento de 4%.

Durante a conferência, foi exibido um vídeo que destacou o impacto positivo da aviação na Colômbia. Entre 2002 e 2023, houve uma mudança notável nos hábitos de viagem dos colombianos. Em 2002, cerca de 92% dos 107,7 milhões de passageiros que viajaram dentro do país escolheram o transporte terrestre por ônibus, enquanto apenas 8% optaram pelo transporte aéreo. Contudo, até 2023, essas estatísticas mudaram consideravelmente: dos 142 milhões de passageiros, 79% optaram por viajar de avião.

Os avanços na acessibilidade do transporte aéreo também se refletem na mudança do custo das passagens. Entre 2012 e 2022, esse custo diminuiu aproximadamente 19%, de 45% para 37% do salário mínimo, facilitando o acesso de mais colombianos às viagens aéreas. Apesar da carga tributária associada a cada passagem, as viagens aéreas continuam sendo uma opção atraente devido à sua eficiência e rapidez: os colombianos podem chegar ao seu destino 15 a 20 vezes mais rápido do que de ônibus.

A cerimônia de abertura da conferência contou com a presença de Lina Hauri, Diretora Adjunta de Transportes da Colômbia, que reiterou o apoio do ministério ao setor: “Não vamos esperar pelo futuro, precisamos desenvolver todas as tecnologias necessárias agora, porque o mundo já está exigindo isso. Vocês têm um desafio muito grande e contam com o apoio do Ministério dos Transportes da Colômbia”.

“A transformação está na ação. Fazer significa progredir no roteiro a curto e médio prazo. O que é melhor do que o debate para construir uma mudança e vislumbrar o médio prazo, olhando para a política pública e a regulamentação?”, disse o Dr. Sergio Paris, Diretor Geral da Aerocivil em seu discurso.

O futuro da SAF é agora

Pedro de la Fuente, Gerente de Relações Externas e Sustentabilidade da IATA, moderou o painel ‘O Futuro da SAF é Agora. “Hoje o SAF representa 5% da demanda global. Precisamos multiplicar significativamente essa produção para atingir as metas. Estamos em um estágio existencial para a humanidade em que a transição tem que acontecer”, afirmou.

No painel, Liliana Tovar, vice-presidente de Aviação e Marinha da Terpel S.A., compartilhou três pontos-chave para o avanço dos combustíveis sustentáveis para aviação (SAF). São eles: viabilidade técnica e de matéria-prima, regulamentações globais (já que se trata de um setor altamente regulamentado) e infraestrutura disponível.

De acprdo com Carolina Betancourt, Gerente de Biocombustíveis da BioD, toda semana um novo projeto AFS é anunciado em todo o mundo. “Esperamos que haja pelo menos uma usina em construção, entendendo que a sustentabilidade é o mais importante e que não podemos perder o foco, é um exercício de resiliência. Se já fizemos isso com o biodiesel e o etanol, podemos fazer com o SAF”.

Randy Letang, presidente e CEO da SGP BioEnergy, trouxe uma visão crítica. “O conceito de sustentabilidade desde o primeiro dia é um paradoxo, um caminho para a frustração. Faz mais sentido avaliar onde estamos hoje, onde vamos nos concentrar, como são os números e, em seguida, trazer o conhecimento para uma meta futura. A avaliação constante é fundamental”.

Por outro lado, Luis Osegueda, Gerente de Vendas de Aviação da Chevron, propõe mais ações: “Em 2025, quando nos encontrarmos novamente, eu gostaria que víssemos regras mais claras do jogo, incentivos que não estão definidos para promover o investimento. Você não pode começar a construir uma fábrica se não houver certeza, clareza nas regras do jogo”.

O evento, que acontece até quinta-feira, 14, no Hilton Corferias Hotel, tem uma agenda completa que inclui painéis de discussão, atualizações sobre o mercado de combustível de aviação, infraestrutura aeroportuária, compensação de carbono, entre outros tópicos relevantes para o setor.

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