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EUA confirma envio de mísseis antirradar à Ucrânia

EA-18 Growler Marinha dos EUA míssil

O Departamento de Defesa dos EUA confirmou ontem (09) que entregou mísseis antirradar (também chamados de mísseis antirradiação) à Ucrânia. A confirmação do Pentágono ocorre dias depois que imagens mostrando restos de um míssil AGM-88 HARM na Ucrânia começaram a circular pelas mídias sociais.

Colin Kahl, subsecretário de Defesa para Política dos EUA, disse que os EUA transferiram os mísseis aos ucranianos, mas não especificou o modelo do armamento. Os comentários de Kahl foram no mesmo dia em que o Pentágono anunciou um pacote de US$ 1 bilhão em ajuda militar à Ucrânia, incluindo 1000 mísseis Javelin e mais munições para o sistema de foguetes HIMARS.

Kahl falou sobre os mísseis antirradar durante uma coletiva de imprensa sobre a mais recente transferência de armas. Questionado sobre o envio de aviões de caça, um assunto polêmico entre Washington e Kiev, Kahl respondeu, segundo o The War Zone

MiG-29 Ucrânia
Caça Mikoyan Gurevich MiG-29 Fulcrum da Força Aérea Ucraniana.

“Eu apenas apontaria para duas coisas. Uma, você sabe, muito foi feito sobre a questão do MiG-29 há vários meses, não foi notado muito sobre a grande quantidade de peças de reposição e outras coisas que fizemos para ajudá-los a colocar mais de seus próprios MiG-29 no ar e manter aqueles que estão no ar voando por um longo período de tempo. mísseis antirradiação que podem ser disparados de aeronaves ucranianas. Eles podem ter efeitos em radares russos e outras coisas.”

Mísseis antirradar funcionam com um sensor passivo que detecta e se orienta através de emissões de radares inimigos. Dessa forma, o míssil encontra a antena emissora e à destrói, em um tipo de missão chamada de Supressão de Defesas Aéreas Inimigas (SEAD). 

F-16 AGM-88
F-16C da 35ª Ala com mísseis antirradar AGM-88 HARM e mísseis ar-ar AIM-120 AMRAAM. Foto: USAF.

As imagens dos restos de um míssil antirradar norte-americano na Ucrânia começaram a circular pelas mídias sociais por volta do dia 07/08, através de canais russos no aplicativo de mensagens Telegram. 

Uma das fotos mostra em destaque o stencil BSU-60A/B em um dos fragmentos. Este é o nome das aletas usadas para estabilizar e manobrar o míssil AGM-88 HARM (High speed Anti-Radation Missile). Os destroços teriam sido encontrados em uma posição russa. 

O AGM-88 foi desenvolvido pela Texas Instruments (atual Raytheon) na década de 1980 para substituir os mísseis AGM-45 Shrike e AGM-78 Standard ARM.

O HARM foi sendo atualizado ao longo dos anos para poder se manter relevante com a modernização das ameaças, e hoje é operado a partir de caças F-16, F/A-18 e EA-18 na sua versão mais nova em serviço, AGM-88E Advanced Antiradiation Guided Missile (AARGM). 

Ainda assim, a Marinha está desenvolvendo e já encomendou uma versão mais nova, designada AGM-88G AARGM-ER, que dobra o alcance do armamento e poderá ser usada nas baias internas do F-35. 

Modelo do AARGM-ER para testes na baia de armas do F-35A e F-35C. Foto: Northrop Grumman.

Com o surgimento das imagens, passou-se a especular o que os ucranianos utilizaram para lançar os mísseis HARM. No passado, Israel conseguiu adaptar um tanque M4A1 Sherman e um caminhão M809 5 ton. para o lançamento de mísseis Shrike e Standard, respectivamente.

A Ucrânia também lançou mísseis Brimstone a partir de plataformas em solo, enquanto o uso terrestre do próprio HARM chegou a ser estudado e proposto. No entanto, o emprego ideal do AGM-88 é a partir de plataformas aéreas, como o próprio F-16, a principal aeronave de SEAD da Força Aérea dos EUA. Sem um foguete extra (booster), o uso do HARM a partir do chão seria muito limitado. 

No entanto, Kahl disse que os mísseis estão sendo empregados em aeronaves ucranianas. Dessa forma, ainda restam dúvidas sobre quais aeronaves são capazes de disparar esses mísseis e quando e como esse trabalho de integração foi realizado, observa o portal. 

Míssil antirradar AGM-88E AARGM. Foto: David Monniaux (CC BY-SA 3.0)

Por outro lado, é possível que os EUA tenham transferido mísseis antirradar de origem russa, como os Kh-58 e Kh-31, obtidos de maneira clandestina pelos militares ou agências de inteligência em operações de Exploração de Material Estrangeiro (FME).

Através dessas missões, os EUA colocaram as mãos em vários tipos de sistemas militares russos/soviéticos, como helicópteros, mísseis antiaéreos e aviões de caça e ataque. Boa parte dos materiais de FME já foi transferida aos ucranianos.

O emprego de mísseis antirradar pela Ucrânia seria mais uma preocupação para os russos. Apesar de deter a superioridade aérea, a Força Aérea Ucraniana segue ativa ainda que de forma limitada. O guarda-chuva antiaéreo russo cobre uma boa porção do território ucraniano em várias camadas (alturas), o que limita as opções de voo da Força Aérea. 

Su-35 Ucrânia Rússia Kh-31
Su-35 com mísseis antirradar Kh-31 em operações na Ucrânia.

Com o uso de mísseis antirradar como HARM, a Ucrânia pode forçar o desligamento de um radar, abrindo uma janela para um ataque, por exemplo, ou destruir uma antena através de suas próprias emissões. O emprego dos mísseis antirradar também poderia fazer com que os russos repensassem suas estratégias e até mudassem a posição de suas baterias antiaéreas.

De qualquer forma, ainda não se sabe em detalhes como os ucranianos estão empregando esses artefatos. A guerra entre Rússia e Ucrânia deve completar seis meses em agosto, sem qualquer perspectiva de um fim tão cedo. 

Com informações de The War Zone e Defence Blog

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: EUA, Guerra na Ucrânia, Míssil antirradar, Ucrânia, usaexport