A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA) confirmou ontem que uma nova versão do míssil hipersônico HAWC (Hypersonic Air-breathing Weapon Concept) realizou um voo de teste livre bem-sucedido.
O voo do novo míssil, no entanto, ocorreu em meados de março e só foi divulgado recentemente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia. No combate, os russos alegam terem usado o seu próprio míssil hipersônico Kinzhal contra depósitos de munição ucranianos.
O teste dos EUA teria ocorrido concomitantemente com o emprego do míssil russo. Dessa forma, as autoridades norte-americanas decidiram manter o teste em segredo para evitar uma escalada de tensões com o Kremlin, afirma a CNN. Um teste com o ICBM LGM-30G Minuteman III também foi adiado pelos mesmos motivos.
Este é o segundo voo de testes bem sucedido para o projeto HAWC, mas o primeiro para a versão desenvolvida pela Lockheed Martin com a Aerojet Em setembro do ano passado, a variante configurada pela Northrop Grumman e Raytheon fez o primeiro voo de sucesso do programa como um todo.
No voo mais recente, o HAWC foi lançado a partir de um bombardeiro B-52H Stratofortress e acelerado até os parâmetros de ignição do seu próprio motor scramjet da Aerojet Rocketdyne.
A partir daí, o míssil acelerou rapidamente e manteve o voo de cruzeiro em velocidades maiores que Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som) por um longo período de tempo. O veículo atingiu altitudes superiores a 65.000 pés (19,8 Km) e voou por mais de 300 milhas náuticas (555 Km).
“Este teste de voo do HAWC da Lockheed Martin demonstrou com sucesso um segundo projeto que permitirá que nossos combatentes selecionem competitivamente as capacidades certas para dominar o campo de batalha”, disse Andrew “Tippy” Knoedler, gerente do programa HAWC no Escritório de Tecnologia Tática da DARPA. “Essas conquistas aumentam o nível de maturidade técnica para a transição do HAWC para um programa de serviço de registro.”
Nos dois testes, os objetivos foram a integração do veículo e a sequência de liberação, separação segura da aeronave lançadora, ignição e funcionamento do booster, separação do booster, ignição do motor e voo de cruzeiro, observa o The Aviationist.
Os dados de teste de voo do HAWC serão analisados para validar projetos de sistemas acessíveis e abordagens de fabricação que colocarão mísseis hipersônicos de respiração aérea em unidades operacionais.
HAWC soars!
Our DARPA Hypersonic Air-breathing Weapon Concept (HAWC) successfully reached speeds over Mach 5 during its historic flight. Now that is fast! pic.twitter.com/XAbrmRPLdK
— Lockheed Martin (@LockheedMartin) April 5, 2022
Os mísseis HAWC utilizam motores scramjet que respiram o ar atmosférico para obter a propulsão sustentada. O próprio ar comprimido em alta velocidade entrando pela tomada de ar do míssil é misturado com um combustível de hidrocarboneto que se inflama, gerando a propulsão que leva o míssil às altíssimas velocidades.
A velocidade e manobrabilidade de tais mísseis de cruzeiro hipersônicos permitem tanto a evasão de defesas quanto ataques rápidos, além de diminuir as capacidades de detecção e reação em tempo hábil. Sua energia cinética pode efetivamente destruir alvos mesmo sem uso de ogivas potentes.
Enquanto o programa HAWC parece seguir em frente sem problemas, outra arma hipersônica dos EUA, o AGM-183A ARRW (Air-Launched Rapid Response Weapon), está sofrendo as consequências de seus múltiplos testes fracassados.
A Força Aérea dos EUA planejou o ARRW para ser sua primeira arma hipersônica operacional. Contudo, a USAF não tem mais planos de comprar seus primeiros mísseis AGM-183, conforme revelado no orçamento do ano fiscal de 2023.
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