Em sua revista Eurofighter World, a Eurofighter, consórcio fabricante do caça Typhoon, divulgou uma projeção do caça com uma impressionante carga de 14 mísseis ar-ar de longo alcance Meteor e dois IRIS-T de curto alcance.
É a primeira vez que uma imagem, mesmo que de computação gráfica, mostra o Typhoon com cabides duplos para carregar os mísseis. O fato de ter sido publicado pela própria fabricante também indica que tal capacidade poderia ser desenvolvida para o caça no futuro.
Todavia, segundo o site The Aviationist, a configuração é bastante improvável.
Peso e Autonomia
Peso e autonomia são as duas características que tornam a configuração de 16 mísseis muito improvável. Atualmente, dificilmente se vê o Typhoon configurado só com um ou nenhum tanque de combustível externo.
Em termos de peso, usando dados disponíveis publicamente, a carga total, incluindo tanque de combustível de 1.000 litros, 14 Meteors (190 kg cada) e dois mísseis IRIS-T (89 kg cada) é um pouco abaixo de 4.000 kg, menos da metade da carga útil do Typhoon que é estimada em mais de 9.000 kg (embora algumas fontes afirmem que a carga útil externa é de 6.500 kg).
Na Força Aérea Real, uma das configurações ar-ar mais pesadas é a de dois tanques, quatro mísseis Meteor ou AIM-120 e mais quatro mísseis IRIS-T ou ASRAAM.
Cargas pesadas já foram testadas e apresentadas no caça em shows aéreos e demonstrações, porém, operacionalmente, não é interessante levar tanto material bélico sem necessidade pois tamanho peso causa mais estresse e desgaste estrutural no caça.
Além disso, quanto mais carga, menor a autonomia da aeronave. Mesmo com capacidade de reabastecimento em voo, se somado ao fator descrito anteriormente, a configuração de 16 mísseis ainda se torna desinteressante (apesar de impressionar).
Todavia, mesmo que improvável, existe um cenário bastante projetado para caças de 4.5 geração onde o payload de 16 mísseis do Typhoon pode ser mais possível: missile/bomb truck.
Como um “caminhão de bombas ou mísseis”, o Typhoon voaria provendo um suporte aos caças de quinta ou sexta geração, como o F-35 e o Tempest. Os caças stealth iriam na frente dos caças de geração anterior, transmitindo e atualizando dados através de datalink.
Em caso de engajamento, o Typhoon poderia disparar o míssil sem ligar seu radar de bordo, enquanto o Meteor vai recebendo atualizações pelo datalink do caça stealth.
Tal cenário já foi testado em exercícios e é projetado para ser um dos principais empregos do novo F-15EX da Força Aérea dos EUA. A mais nova versão do Eagle poderá carregar 22 mísseis ar-ar através do uso de novos cabides duplos desenvolvidos pela Boeing, chamados de AMBER (Advanced Missile and Bomb Ejection Rack).
Caças de quinta geração carregam seus armamentos internamente a fim de reduzir sua assinatura radar, o que limita o tamanho e a quantidade de bombas e mísseis carregados.
Mesmo assim, a maior probabilidade é de que essa configuração nunca saia do papel, assim como outras melhorias projetadas para o Typhoon.
Alcance e Manobrabilidade
Dois projetos de melhoria para o Eurofighter Typhoon foram bastante divulgados nos últimos anos, mas nenhum deles se tornou realidade: os tanques de combustível conformais (CFT) e Kit de Modificação Aerodinâmica (AMK).
A proposta dos tanques de combustível conformais foi divulgada no início da última década. Dois tanques de 1500 litros seriam adicionados à fuselagem da aeronave, trazendo mais autonomia ao caça. Testes em túnel de vento foram realizados, além de mock-ups do caça com os CFTs terem sido apresentados em shows aéreos.
Apesar das propagandas, especulações e projeções, os CFTs não vieram e provavelmente nunca virão. Os tanques foram projetados para os caças da versão Tranche 3, que já foram fabricados com as devidas modificações para o recebimento dos tanques.
Porém, os testes no túnel de vento mostraram que os tanques conformais tornavam a aeronave muito instável em voos subsônicos. A instabilidade aerodinâmica é normal em caças, já que traz mais manobrabilidade.
A instabilidade é controlada pelos computadores de voo, mas com os CFTs eles teriam que trabalhar ainda mais para manter o caça em condições “pilotáveis”. Além disso, nenhum operador do Typhoon demonstrou interesse pelo implemento que também não teria uma boa relação custo-benefício.
Já o Kit de Modificação Aerodinâmica fazia parte de um programa mais amplo que visava melhorar a manobrabilidade do Typhoon através da adição de strakes e extensões nas raízes das asas (LERX), que deram ao caça mais 25% de sustentação gerada pelas asas.
Mais sustentação trouxe maior taxa de giro, menor raio de curva e mais ângulo de ataque para o caça. Mas, nenhum dos países que operam o Typhoon instalaram o AMK em suas respectivas unidades.
Via The Aviationist.