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Merdian/M500 ou JetProp?

Cirrus SR21

 

Por Rafael Payão, diretor da Clear Prop Aeronaves.

Uma das grandes polêmicas do mercado hoje em dia e motivo para debates, críticas e até brigas! Qual o melhor avião para se comprar? Meridian/M500 ou JetProp?

Antes de seguir adiante na leitura, te convido para também seguir a página da @clearpropaeronaves no Instagram e Facebook, pra ficar por dentro de nossos serviços. Importante também dizer que trabalhamos com compra e venda de aeronaves, portanto, acredite que é uma ótima ideia entrar em contato sem compromissos com a Clear Prop para prestarmos aquela consultoria profissional com os melhores da aviação executiva.

Enfim… Apesar de parecerem os mesmos aviões, os Piper JetProp e Meridian possuem diferenças que definem mercados com necessidades distintas.

Contudo, o objetivo desse artigo é apresentar as principais diferenças, apontando vantagens de cada um das opções.

Mas antes, vamos à descrição breve de cada um deles.

JETPROP

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O projeto JetProp surgiu em 1998, na versão DLX, equipada com motor PT6A-34 de 750 shp, mas, “rateada” para 560 shp.

A fuselagem é a mesma do Piper Malibu Mirage, no entanto, alguns sistemas foram alterados, favorecendo a operação da nova motorização.

Dentre as mudanças elencadas acima, destaque aos tanques de combustível. Foi adicionado um tanque de combustível frontal, entre o motor e o bagageiro de nariz, que é alimentado pelos tanques das asas – somente – eliminando a restrição de operação em temperaturas extremamente negativas, já que todo combustível que vai ao motor, passa por este tanque frontal. Nas asas, foram adicionadas células nas pontas. Contudo, a capacidade de combustível aumentou de 120 galões para 151 galões.

O sistema elétrico também sofreu alteração, com a adição de uma segunda bateria que pode ser usada em conjunto com a primeira, para acionamento de motor, evitando com isso, o esgotamento prematuro de bateria.

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O JetProp pode ser equipado com três versões de motor: os PT6A-34, -35 e -21, que possui menor potência termodinâmica e 10 shp a menos de potência nominal.

A diferença entre a “-34” e “-35” é o tipo de compressores utilizados. Na primeira versão, o motor parece ter sido desenhado para operar em altitudes mais baixas, especialmente em aviões não pressurizados, enquanto que na última, está equipada com compressores que possuem um desenho mais agressivo trazidos das “-135A” que equipam os C90GT em diante. O intervalo entre revisão geral também diferencia: a “-34” possui 4.000 horas e a “-35”, 3.600 horas.

O motor -21 é instalado nas versões DL dos JetProp, criada anos após da primeira, DLX. O objetivo é baratear o projeto, a despeito do desempenho reduzido, comparado ao DLX.

MERIDIAN

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O Meridian recebeu certificação no ano de 2000 pela FAA, mas, no Brasil ele é aceito a partir de 2009. Note que o avião veio a mercado, após o JetProp DLX.

O projeto nasceu do Piper Malibu, que serviu de plataforma para seu desenvolvimento. Contudo, as principais mudanças se concentram nas asas – com envergadura maior -, empenagem – com maior área de estabilizadores – e vários sistemas, como o de combustível, trem de pouso, etc.

Importante destacar que a maior área de empenagem e asas favorecem um comportamento de estol mais seguro e suave, até devido à instalação de um motor mais comprido àquela antiga fuselagem.

O motor instalado é o mesmo utilizado nos King Air B200 – o PT6A-42A – com a diferença que possui um controle manual de sobreposição de potência, em caso de pane na FCU, por isso da letra “A” após a designação do motor.

Mesmo com potência máxima termodinâmica de 850 shp, os engenheiros da Piper julgam improcedente fornecer potência útil maior que 500 shp (apesar dos 560 shp no JetProp), pois prejudicaria a estabilidade longitudinal da aeronave. No entanto, a vantagem de se ter uma potência termodinâmica bem acima da disponível permite operações com motor frio, principalmente aplicado à realidade do Meridian/M500 que opera integralmente com o sistema de inercial[1] ativado (no JetProp, há a opção de ligar ou desativar).

Devido ao “fôlego” adicional do motor, e também painéis duplos nas janelas, é possível voar em altitudes maiores que no JetProp (FL300 contra o FL270 do JetProp).

Por fim, o Meridian foi concebido para ser operado por um piloto/proprietário, com a menor complexidade possível, de operação. Com isso, nota-se a instalação de somente uma manete que controla potência e rotação (governador automático), inercial ativado integralmente e troca de tanques automática.

[1] Sistema inercial no motor permite separação de detritos, gelo, terra e outras partículas sólidas de entrarem no motor. A desvantagem é o “sequestro” de potência disponível.

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Sistema inercial no motor permite separação de detritos, gelo, terra e outras partículas sólidas de entrarem no motor. A desvantagem é o “sequestro” de potência disponível

COMPARATIVO

Antes de seguir ao comparativo, leia as conclusões preliminares que a Clear Prop definiu:

Afirmação 1: O limite de vida de um JetProp é menor do que um Meridian.

Como o JetProp é um Malibu (posteriormente, Malibu Mirage) com outro tipo de motor instalado, considera, portanto, o limite de célula do respectivo: 10.145 horas como limite de vida da fuselagem e 15.580 horas como limite de vida das asas. No entanto, os valores não podem ser aplicados igualmente após a conversão, pois, a Piper afirma que a grande mudança pode gerar estresse e fadiga acelerada na célula. Contudo, aplica-se a seguinte fórmula, para definir o limite de vida de um JetProp, após a conversão:

Vida da fuselagem = 10.145 – [(10145 – horas totais antes da conversão) * 10%]

Vida das asas = 15.580 – [(15580 – horas totais antes da conversão) *15%]

Portanto, concluímos que o melhor JetProp a comprar é aquele que foi convertido logo no início de sua vida. Ou seja, quanto maior o total acumulado antes da conversão, pior é o candidato, independente do total de horas anunciado no momento da venda.

Já o Meridian, o limite de vida da fuselagem é de 10.145 horas e 10.225 horas para as asas (13.349 horas para modelos mais antigos, com menor peso máximo de decolagem).

Afirmação 2: O JetProp é mais leve que o Meridian.

                O peso máximo de decolagem de um JetProp fica próximo a 2.000 kg, enquanto que no Meridian, totaliza 2.310 kg. Dessa forma, aumenta o valor de tarifação em aeroportos, já que o Meridian entra na faixa de peso maior.

Como o motor do Meridian possui maior potência termodinâmica, naturalmente seu motor é mais pesado. Ainda, é fixado num berço de magnésio, mais pesado que o de alumínio, instalado nos JetProps.

A diferença de peso também está relacionada à menor asa, menor área de empenagem e menor tanque de combustível do JetProp.

Afirmação 3: O JetProp possui maior eficiência de combustível.

Ou seja, os dois aviões voam na mesma velocidade em níveis iguais, no entanto, o Meridian chega a gastar de 143 a 152 litros/hora de querosene, e o JetProp de 117 a 124 litros por hora de querosene.

O Meridian até pode voar 10kt mais rápido, se subir além do FL270, que é o teto do JetProp, mas o consumo ainda fica elevado.

O que justifica a melhor eficiência do JetProp:

– Entrada de ar para o motor que faz a potência efetiva se elevar, naturalmente;

– Devido aos 60 shp a mais de potência disponível e menor peso, o avião consegue desenvolver maior razão de subida, nivelando mais rápido;

– Tendo menor envergadura de asa e menor área de empenagem, há menor arrasto induzido;

– O Motor do Meridian opera com sistema inercial ativado integralmente, fazendo o consumo ficar elevado, naturalmente. No JetProp, o piloto tem controle da ativação desse sistema.

Afirmação 4: O JetProp tende a ter maior “range”.

Mesmo tendo tanque menor que do Meridian, o JetProp consegue voar para distâncias maiores, devido a todas as justificativas elencadas na afirmação número 3.

Afirmação 5: A velocidade manobra do JetProp é maior.

A velocidade de manobra é a calculada para maiores deflexões de comandos. Portanto, numa turbulência de moderada a severa, o JetProp possui velocidade recomendada maior que do Meridian (137 kt contra 127 kt do Meridian).

Afirmação 6: Operação fácil e mais segura no Meridian/M500.

Conforme abordado no início, o Meridian foi projetado para pilotos que também são proprietários, portanto, o foco foi na menor complexidade possível de operação. Com isso, algumas facilidades foram adotadas, como manete única para controle de potência e rotação de hélice, e, sistema inercial integralmente ativo.

Afirmação 7: A velocidade máxima operacional do Meridian é maior.

Em casos de uma descida mais rápida, por exemplo, o Meridian consegue desenvolver maior velocidade, contribuindo positivamente para o fluxo de tráfego aéreo.

A VMO do Meridian é de 188 kt, contra 172kt do JetProp.

Afirmação 8: Voos com menor velocidade, mais adequado ao Meridian/M500.

Por ter maior envergadura de asas e maior área de empenagem, o Meridian e M500 possuem maior manobrabilidade, enquanto voando a baixa altura e menor velocidade.

Mas, não significa que o Meridian utilize menor comprimento de pista para pousos e decolagens. Ao contrário, o JetProp continua utilizando o menor comprimento de pista.

Afirmação 9: o Meridian/M500 possui maior teto operacional.

Devido ao sistema de pressurização melhorado e também motor com maior sobra de potência, o Meridian/M500 possuem teto operacional de 30.000 pés (FL300), enquanto que o JetProp fica no máximo a 27.000 pés (FL270).

Afirmação 10: considerando “full tank”, o Meridian possui capacidade de carga maior.

Com tanques cheios, o Meridian/M500 pode carregar até 3 adultos e ainda ficar dentro do envelope, enquanto que no JetProp a proporção cai para até 2 ocupantes.

Afirmação 11: a depreciação do JetProp é menor que do Meridian.

Isso se deve ao fato do JetProp ter depreciado o máximo possível no início de sua vida, após a conversão.

Afirmação 12: a liquidez de revenda do Meridian/M500 é maior.

Por ser um avião fabricado pela própria Piper, o número de entregas no mundo de Meridian e M500 ainda supera ao de JetProp.

Afirmação 13: não existe mais a possibilidade de um Mirage 2022, convertido para JetProp.

Talvez, temendo perder mercado do M500, a Piper interrompeu a produção do Mirage.

Afirmação 14: JetProp utiliza menor comprimento de pista para operação.

Enfim, nunca afirmaremos que um avião é melhor que o outro, mas sim, que um é o mais adequado às necessidades exclusivas de um operador. Contudo, considerando que as prioridades do comprador são: menor custo de operação, menor valor de aquisição, voos majoritariamente a trabalho, voos longo e um “espaçozinho” extra pra bagagens, o JetProp é o avião mais adequado; no entanto, se as prioridades são: liquidez maior de revenda, idade (já que a Piper nunca mais fabricou o Mirage), simplicidade de operação (entenda também, menor risco operacional) e maior disponibilidade de carga paga, o Meridian/M500 é o mais adequado.

Por fim, ressalto que eu e a equipe da Clear Prop estamos disponíveis para quaisquer dúvidas e de olho no mercado para fornecer sempre a informação completa e precisa para nossos clientes. E, em breve, publicaremos nossa grande novidade: um software que calcula orçamentos anuais da aeronave que o usuário escolher. Acompanhe nossas redes sociais para saber mais.

Bons voos e ótimos negócios!

Clearpop

 

 

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Aeroflap

Autor: Aeroflap

Categorias: Aeronaves, Artigos

Tags: Jetprop, Meridan, usaexport