As Forças Armadas da Noruega estão fartas dos problemas dos helicópteros NHI NH-90 e decidiram por aposentá-los prematuramente. Além disso, o Governo Norueguês quer um reembolso completo dos US$ 500 milhões que investiu nas aeronaves.
A Noruega é o segundo país a desistir dos NH-90. Em dezembro, após muitas denuncias sobre a capacidade, performance e disponibilidade do helicóptero, a Austrália anunciou que vai aposentar as aeronaves e adquirir helicópteros UH-60 Black Hawk.
O Ministério da Defesa adquiriu 14 NH-90. Treze já foram entregues, mas a pasta afirma que apenas oito chegaram em uma configuração operacional plena. Além disso, a frota deveria voar 3.900 horas por ano, mas a média é de apenas 700 horas anuais.
Bjørn Arild Gram, ministro da Defesa, disse na sexta-feira (10) que os NH-90 passam mais tempo nas oficinas do que voando. Gram também afirmou que nenhum investimento permitiria que o NH90 atendesse aos requisitos do país.
“É uma decisão séria, mas não importa quantas horas o pessoal trabalhe e não importa quantas peças solicitamos, o NH90 não será capaz de atender às necessidades das forças armadas”, diz ele.
O contrato dos NH-90 foi assinado em 2001, cobrindo oito helicópteros para a Guarda Costeira e seis para a Força Aérea Real Norueguesa (RNoAF) operar em fragatas da Marinha. A entrega das aeronaves deveria ser concluída até 2008, algo que não aconteceu.
Os NH-90 foram adquiridos para substituir os helicópteros Westland Super Lynx nas missões de guerra antissubmarino, busca e salvamento, transporte utilitário e outras, mas nem nessas operações o modelo está sendo usado, disse Gro Jære, diretora-geral da Agência Norueguesa de Material de Defesa.
Jære cita quatro razões principais para a rescisão do contrato dos NH-90: atrasos graves na entrega dos helicópteros, confiabilidade, problemas de manutenção e obsolescência de componentes.
Em comunicado, o consórcio NHIndustries, liderado pela Airbus, disse estar “extremamente decepcionado” com a decisão da Noruega e “refuta as alegações feitas contra o NH90, bem como a empresa”. A empresa também questionou se a Noruega poderia legalmente arruinar o acordo NH90, mas não ameaçou explicitamente uma ação legal.
A NHI afirma ainda que não foi oferecida a possibilidade de discutir uma proposta para melhorar a disponibilidade do NH90 na Noruega ou para atender aos requisitos do país antes da rescisão de contrato.
Problemas de confiabilidade continuam a afligir os helicópteros, diz Jære. Mesmo em sua configuração final, a taxa de falha por hora de voo é 40 vezes maior. Combinado com problemas contínuos de manutenção, isso frequentemente deixa apenas um helicóptero disponível, às vezes nenhum.
Além disso, certos componentes-chave, principalmente aqueles relacionados à capacidade de guerra antissubmarino do NH90, também se tornaram obsoletos, diz ela, afirmando ainda que a NHI é incapaz de encontrar substitutos adequados.
“Tentamos repetidamente resolver os problemas em colaboração com o fornecedor, mas mais de 20 anos após a celebração do contrato, ainda estamos sem helicópteros que possam fazer o trabalho para o qual foram comprados e sem que o fornecedor possa apresentar soluções realistas para os problemas”, Jære.
Com os problemáticos NH-90 aposentados, a Noruega iniciará agora o processo de seleção de um novo helicóptero marítimo, dando prioridade para os requisitos da Guarda Costeira.
“Helicópteros marítimos são algo que a Noruega deve ter e, portanto, é importante que comecemos rapidamente com o trabalho de preencher a lacuna criada pelo NH90”, diz o ministro Gram. “Vamos analisar várias alternativas para atender às necessidades operacionais, mas devemos estar preparados para o fato de que não há solução fácil.”
Apesar das decisões de Canberra e Oslo, o NH-90 segue em operação na França, Bélgica, Suécia, Holanda, Catar, Grécia, Finlândia, Itália, Espanha, Omã e Nova Zelândia.
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