Em uma recente participação na World Aviation Festival, o CEO da KLM falou sobre como o setor da aviação pode se recuperar diante da maior crise já vista. Pieter Elbers afirmou que duas coisas seriam necessárias nessa retomada: A colaboração entre as companhias aéreas e a consolidação da indústria.

“Todas as grandes crises do setor levaram a uma consolidação ainda maior. Portanto, minha visão [COVID-19] também levaria a uma maior consolidação na indústria. A trajetória de recuperação massiva exigirá também mais colaboração entre as várias operadoras, a fim de garantir a otimização de nossos ativos”, disse Pieter.

A crise da Covid-19 é a pior já enfrentada em toda a história da aviação, e até mais do que o 11 de Setembro. Na ocasião sete grandes empresas aéreas dos EUA pediram falência, incluindo empresas como a Delta Airlines, US Airways, United e Northwest. A America West entrou com pedido junto a outras duas companhias apenas 10 dias depois dos atentados.

A COO e presidente da JetBlue, Joanna Geraghty, também esteve presente no evento e falou sobre as dificuldades de consolidar a aviação nos EUA devido a esses ocorridos.

“É muito diferente nos Estados Unidos. Já passamos por muita consolidação e, dada a volatilidade das coisas no momento, é realmente difícil ver mais consolidação nos Estados Unidos ”.

Se nos EUA a situação é mais volátil para as companhias americanas, o mercado europeu é oposto mas que também não é algo positivo. Há um excesso de oferta na Europa, ou seja há diversas companhias aéreas entre grandes e médias. Esse ‘excesso’ se caracteriza falências intermitentes, algo que ocorria antes da crise e agora se agravou.

Para Elbers da KLM a Covid acelerou os processos de falências de várias companhias europeias. “Depois de provavelmente 12 a 18 meses de pura gestão de crise … esperançosamente, chegará um estágio em que ocorrerá a consolidação e uma sacudida adicional da indústria e mais colaboração.”

Também participou do encontro Carsten Spohr, CEO da Lufthansa que expressou sua preocupação com o futuro da aviação.

“Sejamos honestos, nem todas as companhias aéreas serão capazes de superar isso. Nem todo mundo sobreviverá a isso, e aqueles que sobreviverem provavelmente acabarão sendo uma empresa mais enxuta e eficiente. Vejo muitos jogadores na Europa e tenho certeza de que alguns deles não sobreviverão a este clima único, ou o que quer que venha depois.”

Com a crise instalada na aviação, no turismo e na indústria é inevitável que mais companhias aéreas possam deixar de operar nos próximos meses. Ainda com alguns países em restrição, a demanda se recupera lentamente e várias companhias pedem ajuda para manter os pagamentos de aeronaves e funcionários em dia.

Um dos temas mais falados no World Aviation Festival é sobre as companhias aéreas se unirem em um efeito global de auxilio. Elbers é um dos executivos de companhias aéreas que mais mostra apoio a essa ideologia como forma de resposta a toda a crise mundial.

“É óbvio que essa aviação, provavelmente mais do que qualquer outra indústria, é uma indústria global e, portanto, precisamos … de uma abordagem global. Precisamos ter soluções globais e maneiras globais de lidar com os desafios da aviação ”. Disse Elbers.

O CEO do Aeroporto Heathrow de Londres, John Holland-Kaye, parece ter aderido ao pensamento de união entre todos para ajudar na crise do setor. 

“Há muito mais colaboração agora do que nunca. Temos colaborado muito com outros aeroportos ao redor do mundo e companhias aéreas, tentando fazer com que algumas das coisas sobre as quais falamos se movam. Acho que estamos descobrindo que precisamos nos unir para resolver alguns desses problemas globais e essa é, eu acho, a natureza da aviação ”. Disse John.

A crise afeta a todas as companhias no mundo inteiro, tem fechado e demitido muitos trabalhadores. Entretanto essa união entre todos jamais foi vista em pró do setor que necessita de mudanças para enfrentar a maior crise já vista na história da aviação.