Advertisement

Pilotos de F-15 de Israel entram em greve contra reforma judicial

Caça-bombardeiro F-15I Ra'aam da Força Aérea de Israel. Foto: Amit Agronov.

Um grupo de pilotos reservistas da Força Aérea Israelense (IAF) anunciaram um dia de greve em resposta à proposta de reforma judicial que poderia acabar com a democracia de Israel. Os 37 de um total de 40 aviadores do 69º Esquadrão, um dos principais da IAF, se negaram a participar de um exercício militar marcado para quarta-feira (08), em protesto contra o que chamam de golpe. 

Formado em 1948, o Esquadrão Hammers tem como sede a base aérea de Hatzerim, e é a única unidade da IAF que opera os caças-bombardeiros F-15I Ra’am (trovão), versão israelense do F-15E Strike Eagle com modificações locais. O modelo está entre as aeronaves mais potentes do país, capaz de transportar cerca de 10,4 toneladas de bombas e mísseis e ultrapassar os 2000 km/h. 

A greve dos pilotos de caça é mais uma resposta dos militares à polêmica proposta encabeçada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que segundo especialistas eliminaria o equilíbrio entre os poderes e tornaria o país uma autocracia. 

F-15i Ra'am Israel
Caça F-15I Ra’am da Força Aérea Israelense disparando flares, contramedidas usadas para enganar mísseis guiados por calor. Foto: IAF.

Dessa forma, os pilotos de caça disseram que não participariam do treinamento, mas sim iriam “dedicar nosso tempo ao diálogo e à reflexão em prol da democracia e da unidade nacional”.

Na última sexta-feira (03) o comandante da IAF, Brigadeiro Tomer Bar, se reuniu com os reservistas. Segundo o Times of Israel, os militares disseram ao comandante que “sentiram a necessidade de enfatizar algo que não deveria ser enfatizado – que eles se recusarão a cumprir ordens ilegais.” 

Ao contrário da maioria dos países, os reservistas de Israel são fundamentais para o país, e ainda possuem um papel na força ativa, atuando na linha de frente. No caso da IAF, é comum que estejam regularmente envolvidos em operações de combate.

JDAM Bomba Israel
Tripulante de um F-15I Ra’am checa uma bomba GBU-31(V)3/B (kit JDAM montada na bomba anti-bunker BLU-109). Foto: IAF.

A reunião também ocorre depois que o ministro das Finanças Bezalel Smotrich afirmou que Israel deveria “eliminar” a cidade palestina de Huwara, como resposta à morte de dois cidadãos israelenses. Os reservistas teriam dito que correriam o risco de serem processados ​​pelo Tribunal Penal Internacional, em caso de cumprimento da conduta do governo.  

Além do protesto dos aviadores da reserva, uma carta assinada por 10 ex-comandantes da Força Aérea também dá suporte aos pilotos e à população que protesta contra a reforma. “De uma profunda familiaridade com o peso central e especial da Força Aérea na segurança nacional, que você bem conhece, temos medo das consequências desses processos e do perigo grave e tangível que representa para a segurança nacional do Estado de Israel”, diz a carta endereçada ao primeiro-ministro e ao ministro da Defesa, Yoav Gallant. 

“O núcleo da força da Força [Aérea] é a coesão especial de seus militares, permanentes e reservas. Os membros do corpo são todos motivados por um profundo senso de missão e crença na retidão de nosso caminho”, disseram os ex-chefes. “Apelamos para que parem e encontrem uma solução para a situação emergente o mais rápido possível.”

Conforme explicado por especialistas ouvidos pela BBC, a reforma do governo altera as Leis Básicas, que são a constituição de Israel. O projeto, como um tendo, altera a estrutura do governo de uma maneira que acabaria com o equilíbrio de poder do país, que já é visto como frágil. 

 

Quer receber nossas notícias em primeira mão? Clique Aqui e faça parte do nosso Grupo no Whatsapp ou Telegram.

 

Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Greve, Israel, Piloto de Caça, usaexport