Por qual motivo não há uma versão cargueira do Airbus A380?

por Aeroflap

Airbus A380

Em 2020, uma nova demanda chega para todas as companhias aéreas do mundo todo. Em meio a grande crise causada pelo novo coronavírus, a importância e urgência de se transportar cargas para grandes e pequenas cidades ganhou evidência.

Estamos vivenciando um marco na historia da aviação, aeronaves com assentos levando cargas ao invés de pessoas. Aeronaves que originalmente não possui uma versão cargueira como o A320, o Boeing 737-800, estão sendo muito utilizados para levar cargas que chegam de aviões maiores de outros países.

O A380 é o maior avião de passageiros do mundo, transportando mais de 800 pessoas no seu espaçoso interior, no então muitos estão observando o gigante A380 no caminho contrário. Muitas companhias estão estocando essas aeronaves, e outras até aposentando para da sua frota de aviões A380, como a Lufthansa e a Air France.

Enquanto isso aeronaves como o 777, 767 e 747 dominam o mercado de transporte de carga, com um papel de figurante para o A330. Literalmente não há muitos cargueiros da Airbus para a venda imediata.

O Airbus A380, possui todos os pré-requisitos para conversões de carga no papel. No entanto, a aeronave é muito pesada e tem custo alto de operação em comparação com outras conversões de aeronaves de carga, um dos motivos que afastou no passado as companhias de cogitarem operar voos cargueiros com o A380.

O A380 conta com enormes porões de carga na parte inferior, conhecida também como “barriga”.

Se o A380 fosse convertido para cargueiro, o espaço útil no interior, com dois andares e porões na “barriga” da aeronave, permitiriam o transporte de até 105 toneladas. O alto peso da estrutura da aeronave diminui a carga útil, importante ressaltar que a Airbus otimizou o A380 para levar passageiros, e não carga.

Em comparação, o novo Boeing 747-8F consegue transportar quase 150 toneladas, com duas qualidades impossíveis no A380: Utilizar as vezes a mesma categoria de pátio do 777; Ter porta no nariz da aeronave.

O Boeing 747-8 é utilizado por grandes companhias cargueiras como a Cargolux e a AtlasAir.

Boeing 747-8F da CargoLux no Aeroporto de Brasília.

O A380 completamente vazio, é mais pesado do que o Boeing 747-8 em versão puramente de cargas. Isso causaria um consumo maior de combustível, o que tornaria a operação do gigante ainda mais inviável e consequentemente por não poder utilizar todo o espaço para cargas, pois iria atingir o peso máximo antes mesmo de preencher todo o espaço, a aeronave não teria nenhum retorno financeiro bom para a empresa.

O seu design também não favorece para ganhar vida no ramo de cargas, o A380 possui dois andares completos de espaço. Para se realizar o preenchimento com cargas, demandaria uma grande logística, tempo e paciência. Como nunca foi projetado um A380F, a aeronave não possui facilidades de embarque e desembarque de cargas.

Devido à localização da cabine no convés inferior do A380, a carga deve ser carregada lentamente nas laterais da aeronave. Isso é muito mais lento que o 747, que se abre na frente. Sem mencionar, novos métodos precisariam ser projetados para carregar o nível superior e instalados em cada aeroporto.

Para as companhias é mais barato, e em conta, comprar uma aeronave já convertida ou cargueira pura de segunda mão no mercado.

A Airbus ofereceu originalmente o Airbus A380 como aeronave de carga para empresas como UPS e Fed Ex Express. Até recebeu alguns pedidos, quando surgiram problemas durante a construção e descobriu-se que a aeronave apresentava falhas bastante significativas como aeronave de carga, os compradores desistiram e compraram aeronaves da Boeing.

Certamente não veremos o A380 como uma aeronave cargueira.

 

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